Socorro ao SUS Betim
Comunidade leva preocupação com desmonte da saúde pública de Betim
O colapso que a prefeitura de Betim está impondo ao atendimento do Sistema Único de Saúde da cidade foi mais uma vez levada ao Secretário Estadual de Saúde (SES/MG), Fausto Pereira Santos. Entidades sindicais, movimento estudantil, vereadores de Betim, deputados estaduais, autoridades de municípios da região, profissionais da saúde e usuários do SUS lotaram a sala de reunião com o governo estadual na tarde desta sexta-feira (08/04) para se unir contra as decisões anunciadas pela prefeitura. Mesmo com o aumento do repasse estadual acordado em parceria firmada, a gestão municipal insiste no fechamento de unidades que poderá levar ao caos da saúde em Betim.
O governo estadual reafirmou que se posiciona contrario ao fechamento de qualquer serviço de saúde na cidade e alegou que intensificou a contrapartida estadual para que a prefeitura de Betim não penalize o atendimento à população. De acordo com o secretário, o governo passará a ser co-financiador em uma gestão compartilhada com a prefeitura na administração do Hospital Regional. Isso significa que as unidades de saúde em Betim receberão mais recursos do Estado para garantir o atendimento, inclusive as demandas vindas de municípios da região. Fausto Pereira Santos disse que este modelo de gestão compartilhada já ocorre no Hospital Risoleta Neves, em BH, em Uberlândia, Coronel Fabriciano, Ibirité, dentre outras cidades. Betim receberá do Estado R$12 milhões para o Hospital Regional dividido em parcelas de R$1 milhão por mês.
Os participantes da reunião relataram que mesmo após o anúncio da parceria, a prefeitura não recuou as decisões e mantém os cortes na saúde. A preocupação uníssona é que com os fechamentos das unidades, a gestão do SUS não dará conta de atender a população. Segundo as poucas informações que a prefeitura presta em relação ao planejamento, a cidade poderá contar com apenas duas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), sendo que tecnicamente, o recomendado para o número de habitantes betinense seriam ao menos três unidades. O fechamento da maternidade de Imbiruçu também é outro problema. Diferente do que alega a prefeitura, para os profissionais da saúde e representantes de entidades ligadas ao SUS, o Hospital Regional de Betim não dará conta de realizar os 240 partos que já ocorrem na unidade e ainda receber os 300 partos mensais que a maternidade Imbiruçu realiza. O médico Levir Cerqueira, presente na reunião, chegou a alertar que o que passarão a ocorrer serão mães que terão seus filhos nas ruas, de forma precária, por responsabilidade da gestão de Betim.
As medidas da prefeitura foram taxadas de inaceitáveis pelos presentes que mostraram indignação com o descaso do governo local. Segundo a diretora do Sind-Saúde, Núcleo Regional Betim, Berenice Freitas, ao diminuir os serviços de saúde a prefeitura coloca em risco a vida da população de Betim. Berenice alertou que além de aumentar os gargalos da saúde pública da cidade, a prefeitura ameaça o trabalho com a saúde, pois irá aumentar ainda mais a sobrecarga do atendimento.
Para os presentes na reunião, as decisões da prefeitura tem caráter político já que não existe diálogo e negociação com a população ao resolver fechar unidades como a maternidade que não representa custo alto nos serviços de saúde.
Na próxima quarta-feira (13/04), será realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) uma audiência pública na Comissão de Saúde para debater o assunto. O debate ocorrerá às 15 horas no Plenarinho IV.
Estiveram presentes na reunião os deputados estaduais Ivair Nogueira, Marília Campos, Geraldo Pimenta, os vereadores Antônio Carlos, Eutair Santos e Tiago Santana, Vinícius Resende, o prefeito de Mário Campos Elson da Silva Santos Júnior, além de representantes do Sind-Saúde Núcleo Regional Betim, Sindicato dos Médicos (Sinmed), União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes-Betim), profissionais da saúde e usuários do SUS.
