Governo estadual persegue grevista da saúde com cortes consecutivos de salário



Depois que decidiram aceitar a proposta do governo estadual e voltar aos locais de trabalho, os servidores da saúde foram surpreendidos com cortes de salários nos dois contracheques. Muitos trabalhadores perderam metade de seus salários e outros até mesmo com contracheques zerados. Sem critério, os cortes fogem da realidade da própria greve. Os descontos começaram no mês passado, mas mesmo sem receber os salários deste mês, os trabalhadores que tiveram acesso ao demonstrativo assustam com a falta de veracidade das faltas.

Esse é o caso de um trabalhador da Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora. O trabalhador participou da greve por 12 dias, mas teve em seu contracheque o desconto “falta por greve” 23 dias e ainda contabilizou os dias que estava de licença paternidade, publicada inclusive no Diário Oficial. “Esse desconto resultou na perda de quase R$1.900,00 do meu salário justo no momento que mais estou precisando para cuidar do meu filho recém nascido” desabafa.

O delegado sindical e membro do comando de greve, Jaisse Alves de Queiroz, observa a gravidade desta ação com trabalhadores que lidam com a vida.   “É desumano cortar o salário que na maioria das vezes é a única fonte de sobrevivência das pessoas. Como teremos psicológico para cuidar da vida, se tem trabalhadores que não vão conseguir alimentar seus filhos, não tem nem dinheiro para ir trabalhar. Como uma pessoa abalada psicologicamente dessa forma tem condições de prestar atendimento de qualidade à população?” questiona.

Uma outra trabalhadora da Fhemig que teve mais da metade do salário cortado chama a atenção para a falta de critério do governo ao lançar os cortes. Segundo ela, o corte é uma perseguição covarde aos trabalhadores que mostraram disposição para lutar. Enquanto alguns trabalhadores ficarão praticamente sem salários, outros com igual adesão a greve não sofreram nenhum corte. Isso demonstra o total descontrole do governo com relação ao movimento dos trabalhadores.

O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) questiona a punição aos servidores. “É uma medida antissindical e no acordo para o fim da greve foi aprovado a não punição dos trabalhadores, no nosso entendimento retirar os salários é uma forte punição que uma pessoa pode sofrer ao ousar melhorar sua condição de trabalho”, afirma Renato Barros, diretor do Sind-Saúde. 

Nesta quarta-feira (05/09) o secretário de Estado, Danilo de Castro, irá discutir essa situação com o governador Anastasia. Essa informação foi dada por Danilo de Castro em reunião com o Sind-Saúde/MG na terça-feira (04/09), que se comprometeu a dar retorno na quarta-feira sobre isso e sobre o agendamento de reunião para dar início às negociações da pauta de reivindicações da SES.

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