Paralisação na ADC da Fhemig

Trabalhadores enfrentam corte da alimentação na Administração da Fhemig e marcam paralisação com “Revolta das Canecas”

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“Se vai faltar comida, batemos caneca!”. Com auditório da Administração da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) mais uma vez lotado, os trabalhadores administrativos decidiram que no dia 02 de janeiro irão paralisar as atividades e farão protesto que ganhou o nome de “Revolta das Canecas”. Isso porque a gestão suspendeu o fornecimento do almoço a partir dessa data e no comunicado que “comemora” a inauguração do refeitório também sugere aos trabalhadores que levem suas canecas. Na assembleia na manhã desta quinta-feira (26/12) os servidores também elegeram uma comissão de trabalhadores que irá acompanhar a reunião da Mesa SUS nessa sexta para exigir a manutenção do direito à alimentação na ADC.


A diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores (Sind-Saúde/MG) voltou a questionar a decisão unilateral do corte da alimentação e afirmou que a gestão não tem amparo legal para essa ação. “O decreto é claro, nele está dizendo que o direito é garantido ao servidor a partir do momento que é verba indenizatória. Não é porque você é da administração que você come menos ou não come. Nós somos regidos pelo Estatuto do Servidor e por uma legislação, não é pela vontade do gestor que acabou de chegar. Não vai ser uma gestão que chegou agora que vai desmontar o que foi conquistado através da luta dos trabalhadores”, disparou Neuza.


Paralisação
O Sindicato orienta aos trabalhadores que não batam ponto no dia 02 de janeiro e se concentrem na portaria da Fhemig para o protesto. O Sind-Saúde terá uma lista para que o servidor assine e comprove que estava em paralisação. A partir da decisão dos servidores, o Sindicato irá enviar o ofício ao governo comunicando o movimento paredista.

02 01 Cartaz REVOLTA CANECAS

Boato
Os trabalhadores informaram que circula nos corredores um boato de que a promotora de saúde do Ministério Público Josely Pontes havia ligado para o presidente afirmando que a ajuda de custo seria ilegal. O Sind-Saúde repudia a forma de amendrotar os trabalhadores e esclareceu que não há nenhum questionamento da promotoria em relação a isso. “Todo posicionamento do MP é público. Não existe nenhum documento com esse teor. O que existe é um questionamento da promotora à Fhemig originado de uma solicitação do Sindicato a partir de uma denúncia anônima, inclusive com acusações à própria gestão da Fhemig”, afirmou Neuza. A resposta da Fhemig em relação a ajuda de custo foi lida para os trabalhadores, veja o trecho:

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Neuza ainda esclareceu sobre a denúncia anônima. “Sempre que chega uma denúncia sem identificação no Sindicato a gente abre e lê em conjunto. Diante do documento, nós encaminhamos para a Promotora de Saúde porque nossa relação é institucional e respeitosa dos dois lados. E quando isso ocorre, a promotora indaga a Fhemig e repassa ao Sindicato a resposta e os encaminhamentos. Nós acompanhamos tudo.”


Além disso, a diretora do Sindicato reafirmou que a ajuda de custo não tem nada a ver com o fornecimento de alimentação no local de trabalho, mesmo porque existe o desconto para a alimentação fornecida. “A ajuda de custo tem caráter indenizatório e não alimentar”, argumenta.


Perseguição

Além do boato, outras tentativas de impedir a mobilização dos trabalhadores foram relatadas. O diretor do Sind-Saúde Gilberto Fragoso encorajou os trabalhadores e orientou a unidade dos servidores para impedir a perseguição. “É impossível para um gestor perseguir todo mundo. Então se todo mundo segurar a bandeira é muito mais fácil de conseguirmos derrotar essa ação desrespeitosa da gestão da Fhemig”.


Neuza Freitas fez um histórico da luta por alimentação na Fhemig e como os refeitórios são direitos adquiridos dos servidores. “A alimentação da rede Fhemig é fruto de uma greve de 2004. Conseguimos 4% de aumento e comida. É com luta que conquistamos nossos direitos e isso sabemos fazer muito bem.”

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Os trabalhadores criticaram também a falta de conhecimento e respeito da gestão que está fazendo mapeamento dos micro-ondas e frigobar que tem em alguns setores para levar ao suposto refeitório. “Esses equipamentos foram comprados pelos próprios servidores. A gestão não conhece isso e querer retirar é uma falta de respeito muito grande. Eles não sabem se o trabalhador tem uma dieta especifica, toma insulina ou alguma outra necessidade médica que levou o servidor a arcar com a compra”, afirmou uma das servidoras presentes na assembleia.


A direção do Sind-Saúde orienta aos trabalhadores se manterem firmes nas suas ações e que o que se for retirado algo que foi adquirido pelos próprios trabalhadores, deverá ser realizado um Boletim de Ocorrência (B.O) para encaminhamentos pelo departamento jurídico do Sindicato.