Visita ao Alberto Cavalcanti

Sind-Saúde leva deputado da Comissão de Saúde ao Hospital; relatos de trabalhadores impressionaram

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Bastou uma tarde caminhando pelos setores do Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), da rede Fhemig, para notar graves problemas que os trabalhadores da saúde enfrentam em seu dia a dia. Uns de ordem administrativa local, como a falta de bebedouros, falta de local para guardar os pertences dos funcionários e a humanização, que poderiam ser resolvidos com um bom olhar da direção do Hospital para sua força de trabalho. Outros relatos mostram problemas que envolvem a direção da Fhemig, como equipamentos completamente ultrapassados como as máquinas de radiologia. Mas o mais impressionante dos problemas apresentados é a improvisação da assistência à saúde que coloca em risco a vida dos usuários e a carreira dos trabalhadores: muitos são obrigados a realizar funções que não foram treinados, trabalham sem suportes básicos e convivem com o enxugamento dos leitos do CTI.

Mesmo com o acompanhamento do representante da direção que buscava mostrar ao deputado estadual Adelmo Leão Carneiro somente as alas adaptadas do Hospital, o Sind-Saúde conseguiu chamar atenção para o outro lado. Na caminhada pelo hospital foi possível perceber que diversos profissionais executam atividades que não foram capacitados para fazer. São procedimentos complexos como o manuseio de ventilação mecânica. Além disso, muitos alegaram que frequentemente estão acompanhando mais de um paciente entubado, além de atender também os pacientes da enfermaria.

No setor de isolamento, além de faltar pia no posto de enfermagem para a higienização das mãos dos trabalhadores, as enfermeiras acumulam o atendimento aos usuários do isolamento com a assistência aos pacientes da enfermaria comum, o que tira todo o sentido do isolamento hospitalar. É também neste setor, que deveria ser isolado, que estão amontoados as bolsas e mochilas dos trabalhadores em cima de maca desocupada.

O improviso segue por outros setores do hospital. Os trabalhadores não têm um espaço como por exemplo uma copa destinada ao café, que atualmente fica na mesma sala onde se armazenam equipamentos hospitalares.
Mesmo buscando ser um hospital referência em oncologia, o mamógrafo – fundamental para detectar possível câncer de mama – é ainda convencional, sendo que em todos os lugares de Belo Horizonte já foram substituído há anos por mamografia digital.

Também nessa peleja está o setor de radiologia. O equipamento com mais de 100 anos assusta pela precariedade e sucateamento. Segundo o técnico de radiologia, muitas vezes é preciso aumentar a dosagem de raioX para obter alguma revelação.

Outro setor fundamental para o tratamento de câncer enfrenta problemas parecidos. Apesar de ter um equipamento um pouco mais moderno, a máquina para tratamento de radioterapia não é mais fabricada e a troca de peças significa suspensão do serviço ao usuário, já que só existe um equipamento no hospital que pretende ser referência em tratamento de câncer. Em episódio recente, esta máquina (acelerador linear) ficou 40 dias sem funcionar. 
Segundo o responsável pelo local, para não interromper o atendimento e aumentar o atendimento, uma segunda máquina já foi solicitada, mas esbarra na burocracia para chegar.

É o que acontece com a máquina de tomografia que não existe no HAC. Muitos questionamentos já foram feitos à Fhemig que sempre alega estar próximo de resolver os problemas com a licitação. 

Os poucos leitos no CTI agravam os problemas no atendimento à saúde do Hospital e também no tratamento de câncer. Alguns pacientes com câncer não conseguem fazer cirurgia no tempo adequado, pois aguardam liberação dos leitos no CTI. Esse tempo de espera muitas vezes é a fronteira entre a cura e a morte.

O CTI, que já tinha poucos leitos, ainda convive com uma reforma interminável para sanar um problema no telhado da Unidade hospitalar e precisou reduzir o número de leitos.

Além dos problemas estruturais, de gestão e de financiamento, foi comum a queixa dos trabalhadores sobre a sobrecarga de trabalho e a falta de humanização nas relações das chefias. Muitos profissionais da carreira de enfermagem criticaram a demora no atendimento à solicitação para redução da jornada de trabalho.

Segundo uma servidora do setor de urgência e emergência, a maioria não aguenta tanta pressão e prefere mesmo trabalhar menos horas, por mais que isso signifique prejuízos financeiros. Com a mesma posição uma servidora de outro setor reflete sobre a duração da jornada diária. “Ficar 12 horas no local de trabalho é muito estressante para qualquer um. Esse tempo teria que ser revisto também.” 

Salários baixíssimos, falta de valorização profissional e condições de trabalho foram temas ouvidos durante as 3 horas de visita do Sind-Saúde/MG e do deputado estadual Adelmo Carneiro Leão, que é membro da comissão de saúde.
Agora, além de uma reunião com a direção do Hospital para resolver as demandas locais, o Sind-Saúde/MG busca uma audiência pública para mostrar o resultado das visitas aos hospitais da Fhemig.

Veja os pontos:
– Não existe espaço para os trabalhadores guardarem seus pertences;
– Não existe humanização com foco no trabalhador;
– Não existe capacitação;
– Existe desvio de função;
– Equipamento da radiologia tem mais de 100 anos;
– Falta de tomógrafo;
– Faltam materiais de trabalho;
– Apenas uma ambulância para atender todo o Hospital;
– Faltam cadeiras para acomodar os acompanhantes dos usuários nas salas de observação e medicação (muitos pacientes chegam a ficar dias no local);
– Falta bebedouro no 2º andar;
– Não tem espaço como uma copa para os trabalhadores;
-Vários pontos de infiltração com risco de alagamento em dias de chuva;
– CTI com pouquíssimos leitos;
– Falta de pessoal;

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Maca desativada é usada improvisadamente como local para os servidores guardarem seus pertences

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Local do café é o mesmo onde se guardam equipamentos hospitalares

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Infiltração