Trabalhadores mostram alto nível de indignação em audiência da ALMG





Mesmo com a blindagem que o governo fez ao enviar representantes do 2º escalão à audiência pública na Assembleia Legislativa (ALMG), o clima de grande insatisfação dos trabalhadores da Fhemig, da Secretaria de Saúde (SES) e da Escola de Saúde Pública (ESP) foi muito bem absorvido. Sem marcar data nem estabelecer prazos, os representantes do governo assumiram compromisso de abrir negociação com a SES, ESP e Unimontes e voltar a discutir os cortes de salários dos trabalhadores em greve. A audiência pública que aconteceu nesta quinta-feira (23/08) na Comissão de Direitos Humanos lotou o auditório e o espaço reservado quase não comportou a quantidade de trabalhadores. Certo é que a demonstração dos trabalhadores que estão dispostos a lutar apesar das covardias cometidas pelos gestores, serviu como um termômetro para o governo.

Foram quase seis horas de audiência que debateu as perseguições e retaliações que os trabalhadores da Fhemig estão sofrendo após a greve e a falta de negociação com os trabalhadores da SES, ESP e parcela da categoria da Unimontes. Para representar o governo, estavam presentes a diretora de Carreiras e Remuneração da Seplag, Luciana Meireles, o superintendente de gestão de pessoas da SES, Renato Raso e o vice-presidente da Fhemig, Wagner Ferreira.   

 Para os trabalhadores, a punição com os cortes de salário foi uma forma covarde de coibir a categoria. Alguns tiveram o contra-cheque zerado. O delegado sindical e membro do comando de greve, Jaisse Alves de Queiroz, falou da gravidade desta ação com trabalhadores que lidam com a vida.   “É desumano cortar o salário que na maioria das vezes é a única fonte de sobrevivência das pessoas. Como teremos psicológico para cuidar da vida, se tem trabalhadores que não vão conseguir alimentar seus filhos, não tem nem dinheiro para ir trabalhar. Como uma pessoa abalada psicologicamente dessa forma tem condições de prestar atendimento de qualidade à população?” questionou.

A presidenta da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, falou que o corte dos salários é um instrumento perverso. Segundo ela, o governo de Minas é o que pratica mais ações de perseguição antissindicais do país. Beatriz criticou também a maneira como o governo finge negociar com os trabalhadores.

 A diretora do Sind-Saúde/MG, Neuza de Freitas, enumerou uma série de denúncias de assédio moral e retaliações feitas por chefias da Fhemig aos trabalhadores. As denúncias impressionaram os deputados e até mesmo os representantes do governo. Wagner Ferreira considerou graves as denúncias e disse que todas serão apuradas e em um prazo de 72 horas uma resposta será dada.

Neuza leu uma carta assinada pela diretora do Hospital Alberto Cavalcante (HAC) em nome do governo encaminhadas a todas as chefias que mostra claramente a ameaça aos trabalhadores grevistas. Ela ainda relatou um caso de duas trabalhadoras que foram postas em um banco por duas semanas após a greve, expostas aos usuários e proibidas de desempenharem suas funções.

Demissões

Sobre as demissões ocorridas durante a greve, os representantes do governo afirmaram que vão apurar as denúncias feitas e caso tenha ocorrido algum descumprimento da lei do contrato e desrespeito ao aviso prévio de 30 dias as demissões serão revistas.

SES

A exclusão e a falta de negociação com os trabalhadores da SES e da ESP também foi objeto de debate durante a audiência. Representantes das regionais estiveram no plenário para ouvir do governo uma solução para o caso. O diretor do Sind-Saúde/MG, Renato Barros disse que o governo vem sendo alertado sobre a exclusão dos trabalhadores da SES e da ESP desde o inicio das negociações. “Se houver uma greve na SES, o único responsável é o governo. Nós estamos alertando a todo o momento e pedindo negociação” enfatizou.

Após a fala do diretor do Sindicato, os trabalhadores da SES interromperam a audiência com o coro “Justiça, ação, a parte ignorada quer a negociação”.

Denúncias

Os trabalhadores que estiveram presentes aproveitaram o uso da palavra para denunciar casos gravíssimos das péssimas condições de trabalho, assédio moral e de mau uso do dinheiro público como apadrinhamentos e funcionários fantasmas em várias regionais de saúde.

Em relação ao assédio moral, Lucina Meireles informou ao auditório que ainda essa semana será publicado o decreto que regulamenta as ações que punem essa prática no serviço público estadual que são tratadas na Lei Complementar 116, de 2011.

Acordo de greve

Luciana informou também que está em fase final a redação para tornar lei os itens do acordo de greve. Segundo ela, o que precisa de regulametação, seja por lei ou decreto, deverá ser enviado logo para ser votado na ALMG. Ela ainda informou que a mudança da base de cálculo para a insalubridade valerá também para os trabalhadores da SES. O valor é de R660,00.   

Requerimento

O deputado Rogério Correia, autor do requerimento da audiência, solicitou que as notas taquigráficas da reunião fossem enviadas ao governador, à secretaria Renata Vilhena e ao secretario de Saúde. Rogério também solicitou que a Comissão encaminhe oficio solicitando reunião com o secretário de saúde e a secretaria de planejamento para tratar destes assuntos. O deputado Sargento Rodrigues também apresentou dois requerimentos durante a reunião, um deles solicitando a apuração das denúncias por parte da Secretaria de Saúde e outro encaminhando à Seplag o depoimento dos servidores que sofreram assédio moral e se manifestaram durante a audiência. 

A audiência foi transmitida em alguns momentos ao vivo pela TV Assembleia. Ela será reprisada na programação da emissora na integra.

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Auditório ficou pequeno para o tamanho da indignação dos trabalhadores

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Governo blinda primeiro escalão e leva representantes para audiência

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Diretora do Sind-Saúde apresenta várias denúncias de trabalhadores perseguidos

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