Planos de Saúde propõem acabar com o SUS

Federação dos Planos de Saúde propõe outro sistema de saúde para pôr fim ao SUS

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Agora, eles falaram claramente. Depois de aprovada a Emenda Constitucional 95, que estrangula o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) por duas décadas, veio a grande cartada. A Federação Brasileira dos Planos de Saúde (Febraplan) está propondo trocar o SUS criado pela Constituição de 1988 por um outro sistema. Está fazendo isso à risca com o que o ex-ministro Ricardo Barros deu início. Lembram-se quando ele disse que o SUS tinha que ser reduzido e ainda propôs os planos de saúde baratos? A proposta chega sorrateiramente, como se a criação de um sistema nacional de saúde, como está chamando a Febraplan, não tivesse a ver com o destino de 75% da população SUS-dependente e 100% dos brasileiros que dependem indiretamente do SUS.

A proposta é suspeita desde o começo porque vem dos planos de saúde privados, que travam uma guerra de morte na disputa para tirar recursos públicos da saúde pública brasileira. É mais suspeita ainda porque a divulgação do Fórum de Saúde, convocado pela Febraplan, para ser realizado amanhã (terça, 10 de abril), está sendo feita à boca pequena.

Quisessem os planos de saúde a participação do Controle Social do SUS, por exemplo, teriam feito o anúncio formal do evento e da proposta do tal sistema nacional de saúde em Brasília, nos dias 04 e 05/04, semana passada, quando representantes de Conselhos de Saúde do Brasil inteiro estavam reunidos na 21ª Plenária do Controle Social, mas nada. Não se ouviu nem um pio da Febraplan sobre o assunto.

A proposta dos planos de saúde para desmontar de vez o SUS está sendo feita a toque de caixa, como foi feita a proposta de alteração na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) no meio do ano passado. Em menos de dois meses estava instituída uma proposta de intervenção na Atenção Básica que vai atacar profundamente o Programa de Saúde da Família (PSF). Foi praticamente imposta aos brasileiros, uma vez que não houve tempo para que houvesse a organização de uma resistência à nova PNAB, já em vigor.

Os tempos são duros e de alerta. Ou os movimentos sociais, sindicatos e usuários se juntam na defesa do SUS, de forma decisiva, ou o Brasil vai perder o maior sistema de saúde pública gratuito do mundo. O que foi feito em 30 anos pode ser desmontado em poucos meses.

“O SUS é nosso. Ninguém tira da gente. Direito conquistado não se compra e não se vende”.