Mulheres negras têm salário menor

O Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha é uma oportunidade para impulsionar o enfrentamento da combinação entre racismo e sexismo

 

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A discriminação racial e de gênero são eixos extremos de exclusão, aprisionando as mulheres negras nos extratos mais baixos da pirâmide social. Ainda que a população negra tenha sido a grande beneficiada pelas políticas inclusivas dos últimos anos, ela permanece como a principal vítima das desigualdades e da violência, fruto da discriminação e do racismo.


O salário médio da mulher negra com emprego formal, por exemplo, é menos da metade do que o salário de um homem branco, geralmente elas se inserem no mercado de trabalho em condições precárias e de informalidade, são maioria no trabalho doméstico, e as poucas que conseguem romper as barreiras do preconceito e da discriminação racial e ascender socialmente necessitam se empenhar mais e abdicar de outros aspectos de suas vidas, como lazer, relacionamento, maternidade.


É preciso, portanto, insistirmos na denúncia tenaz do racismo, operação pela qual se subalterniza e, portanto, se cria cidadãos de segunda classe. Esta realidade, que manifesta resquícios do período de escravidão, tem sido transformada através da luta e da organização das mulheres negras  que apesar estar ainda em desvantagem, cada vez mais estão se inserindo na universidade e no mercado de trabalho, estão conquistando espaços importantes na economia, na sociedade, na política.


No ano de 2015 terá início a década dos afrodescendentes e marcará os 320 anos da morte de Zumbi. Neste contexto as mulheres negras realizarão uma grande marcha, da qual a CUT fará parte, que marcará estas importantes datas. Esta marcha, que traz como enunciado “contra o racismo e pelo bem viver”, será um processo liderado pelas mulheres afro-brasileiras, com foco no debate e no posicionamento político e público sobre o racismo, a violência e o bem viver.


O Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha é mais do que uma data comemorativa; é um marco da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe.


A CUT seguirá trabalhando pela melhoria das condições de vida e de trabalho das mulheres negras para transformar a realidade, superar as desigualdades e construir uma nova cultura na sociedade, de combate à opressão de gênero e ao racismo.


Maria Júlia Reis Nogueira é secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional