Fhemig sem diretriz

Série de problemas na Fundação tem foco na descentralização, afirma Sind-Saúde em reunião com governo. Entre os casos, a agressão a trabalhador no CMT é questionada pelo Sindicato

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A falta de diretrizes que direcionem protocolos padronizados em todas as unidades hospitalares da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) têm acumulado problemas que colocam em risco o funcionamento e atendimento nos hospitais. Um exemplo desse caos vivido nas unidades foi relatado na reunião entre o Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) e representantes da Secretaria de Estado da Saúde (SES/MG) e Fhemig na tarde desta quarta-feira (14/08). Para o Sind-Saúde o que ocorre é um número expressivo de desmandos reflexo da gestão descentralizada das unidades, a partir disso, cada diretor hospitalar e recursos humanos local passou a ordenar de forma isolada.

As ocorrências graves de agressão e depredação do patrimônio público ocorridas recentemente no Centro Mineiro de Toxicomania (CMT) foi o primeiro ponto tratado na reunião. No dia 01 de julho, um paciente provocou quebradeira no local e agrediu um trabalhador, veja mais aqui. 

Participaram da reunião trabalhadores do CMT que relataram o temor que se instaurou no dia a dia da unidade. Além da vulnerabilidade que os servidores estão expostos, foi dito que o modelo de atendimento foi alterado nos últimos anos e nenhuma discussão foi realizada para implantar tal mudança. Segundo os trabalhadores, uma das cenas que se vê no entorno do CMT a partir disso é de pacientes dormindo na portaria do hospital, fazendo uso desordenado de entorpecentes e até caso de relação sexual no local. O Sindicato questiona a responsabilização da Fundação diante disso.


Outra questão levantada sobre o CMT é o atendimento que a gestão orienta fazer. Trabalhadores estariam fazendo funções que não são de sua competência. “Enfermeiro não pode fazer papel de psicólogo e nem o contrário. Isso é crime. Cada um tem sua função, isso não é multidisciplinaridade”, alertou a diretora do Sind-Saúde Neuza Freitas.


Trabalhadores que participavam da reunião questionaram também a falta de médico na unidade nos finais de semana. “Como um atendimento de emergência funciona sem o médico?”. Os trabalhadores também afirmaram que há anos trabalham na unidade e nunca vivenciaram tal situação.


O superintende de gestão de pessoas da SES/MG, Bruno Porto, mostrou preocupação da direção enfrentar sob o ponto de vista de recursos humanos o que ele chamou de “espiral da desmotivação”. O representante da Fhemig afirmou que já estão sendo preparadas saídas emergenciais de curto e médio prazo. De acordo com ele, uma delas é a contratação de seguranças para a unidade hospitalar. A solicitação já foi inclusive encaminhada.


Para apresentar soluções sobre o caso específico do CMT, uma reunião será agendada entre a presidência da Fhemig, a subpasta da SES/MG de saúde mental, Sindicato e a diretoria de gestão tanto da Secretaria quanto da Fundação. O objetivo é reunir os grupos que podem tomar decisão.

Outros casos
Diversos outros casos foram listados que tem como base o fato de que cada unidade criou sua própria norma, às vezes, contrária a normatização feita pela administração central da Fhemig. Foram citados como exemplos a Casa de Saúde Santa Izabel, o Hospital Galba Velloso (HGV), Hospital Raul Soares (HRS), João Paulo II (HJPII) e João XIII (HJXXIII).


HJXXIII
Uma denúncia de remanejamento de profissionais da enfermagem, somente a categoria de técnicos, do Hospital João XXIII também foi tratado na reunião. Na manhã desta quarta (13), o Sind-Saúde esteve na unidade para discutir uma solução com a Responsável Técnica (RT) da unidade hospitalar, juntamente com representante da Fhemig, mas mesmo com a reunião agendada ela se recusou a reunir para esclarecimento da denúncia, alegando não estar preparada para a reunião. Os representantes do governo afirmaram que na próxima segunda-feira (19) essa reunião irá acontecer com a presença também da gestão da Fhemig.

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Além da pauta estar presente na Mesa SUS, a intenção é que este assunto continue sendo discutido na direção da Fundação e na SES para que a Fhemig tenha diretrizes claras e possa atuar em rede.