Sind-Saúde reforça pedido do Conselho Municipal de Saúde por medidas mais rigorosas para conter a COVID-19 em Belo Horizonte
Com as unidades de saúde – pública e privada – lotadas, mais de 100% de ocupação dos leitos de UTI, filas de espera para vagas de internação e o número de contaminação pela COVID-19 aumentando na capital mineira, entidades ligadas à saúde e sanitaristas pedem que a prefeitura tome medidas mais rígidas de lockdown em Belo Horizonte. O temido colapso do sistema de saúde chegou em praticamente todos os municípios de Minas Gerais e não há mais garantia de assistência para as pessoas que precisarem de atendimento hospitalar. Em conjunto com o pedido de fechamento mais duro da cidade está a cobrança de um auxílio financeiro à população durante o período que durar as medidas.
Essa é a linha da carta aberta divulgada pelo Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS-BH). “É necessário nesse momento a união dos esforços e a coragem e decisão política de parar a transmissão do vírus paralisando a circulação das pessoas, num lockdown acompanhado de ações do poder público municipal que garantam à população, principalmente as famílias mais vulnerabilizadas, meios de sobrevivência para que todos façam o isolamento social”, diz um trecho do documento que chamou o momento como uma situação de guerra, “um quadro caótico e esperado.”
O Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG) endossa o pedido. Atravessando o pior momento da pandemia, com sobrecarga das unidades hospitalares e o surgimentos de novas cepas em circulação no Estado, os governos municipal e estadual deveriam concentrar em medidas de fechamento total da cidade. O exemplo de Araraquara, interior de São Paulo, comprova a importância de ações restritivas de circulação. Com barreiras sanitárias, fechamento de comércio e suspensão do transporte coletivo a cidade conseguiu frear a transmissão da COVID-19 e reduziu em 14% o número de ocupação de UTI.
O Sindicato manifesta mais uma vez sua indignação pela falta de comando do governo federal na condução das ações de combate à pandemia. A negligência na compra de vacinas, as constantes declarações de negação da gravidade da doença e a irresponsabilidade na condução das políticas de saúde fizeram o país herdar os piores números em todos os índices referentes à pandemia comparado aos outros países. A diretoria do sindicato compreende que o lockdown é a resposta imediata para a tragédia que estamos vivendo e que tende a piorar se ações efetivas de impedir a circulação do vírus não forem tomadas.
Chamamos atenção também para o respeito aos profissionais da saúde que com sobrecarga do trabalho nessa verdadeira batalha pela vida estão trabalhando no limite total.
Leia a íntegra da carta aberta divulgada pelo Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte:
Há duas semanas temos assistido o colapso na rede SUS e na rede privada em Belo Horizonte. Não é muito diferente do que tem ocorrido no Estado de Minas Gerais e no Brasil. Centros de saúde atendendo quantidades enormes de pessoas com sintomas respiratórios, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) atendendo um número excessivo, acima de sua capacidade, de pacientes graves acometidos pela Covid-19 e em sua maioria necessitando de oxigênio e de transferência para um leito de CTI nos Hospitais Públicos. Esses mesmos hospitais que se encontram no limite de sua capacidade de internação desses casos, com os leitos todos ocupados.
Não apontamos culpados, não depende apenas do Secretário de Saúde ou do Prefeito conter o avanço do coronavírus. É uma ação articulada pelos órgãos públicos, entidades e a sociedade em geral. É necessário nesse momento a união dos esforços e a coragem e decisão política de parar a transmissão do vírus paralisando a circulação das pessoas, num lockdown acompanhado de ações do poder público municipal que garantam à população, principalmente as famílias mais vulnerabilizadas, meios de sobrevivência para que todos façam o isolamento social.
Os serviços de saúde não conseguem atender de forma adequada a quantidade enorme de usuários que chega a cada dia e os trabalhadores se encontram esgotados e sem recursos físicos, estruturais e psicológicos diante de tanto sofrimento e mortes. Os gestores do sistema continuam tentando resoluções, abrindo leitos de CTI numa atitude que nos remete ao fato de “enxugar gelo”, pois combate-se apenas o sintoma e não a causa do problema. E o número de pacientes só aumenta.
Diante desse quadro caótico e esperado, precisamos de ações mais restritivas quanto à circulação de pessoas e de ações de transparência por parte da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) com a divulgação diária do número de pacientes que aguardam vagas de CTI. A população precisa ser informada dos fatos para que se proteja e se conscientize que qualquer um de nós pode ocupar esse lugar de espera de uma vaga. A Prefeitura de Belo Horizonte precisa vir a público divulgar as informações e orientar seus cidadãos.
Estamos em uma situação de guerra em que temos que usar todos os recursos disponíveis para evitar mais mortes e a continuidade do esgotamento total dos nossos serviços de saúde.
Queremos diálogo com Kalil, com o secretário de saúde, Jackson Machado, e participar das decisões na nossa cidade para resolvermos juntos nossos problemas no SUS BH;
Queremos transparência, saber a real situação dos serviços de saúde da capital;
Queremos vacina para todos;
Queremos lockdown com renda emergencial, ampliação de distribuição das cestas básicas e diminuição de impostos;
Queremos que os usuários recebam o que de melhor o SUS pode oferecer;
Queremos que os trabalhadores exerçam sua função sem o sofrimento de atuar em condições precárias e não sejam censurados quando apontarem as falhas no sistema;
Queremos que os gerentes de serviços e os gestores técnicos e administrativos não sofram por não terem governabilidade para deter esse avanço da doença;
Queremos uma decisão política e acertada do 1º escalão do poder público municipal de Belo Horizonte!