Servidores do Hrad manifestam contra transferência do hospital para setor privado

O anúncio do governo Zema de abrir o processo de entrega da gestão do Hospital Regional Antonio Dias (HRAD) não repercutiu bem na unidade hospitalar. Servidores e usuários da saúde fizeram um ato de protesto em frente ao Hrad na manhã desta quinta-feira (25/02), cumprindo todas as medidas de segurança da pandemia. Além de surpresos com a decisão inesperada, os servidores revoltam com o projeto de desmonte da saúde pública exatamente no momento que o país vive de grande necessidade dos serviços do SUS. Dezenas de trabalhadores participaram do protesto, todos vacinados e de máscaras.

A publicação do governo estadual que revoltou os servidores foi feita nessa terça (24) e abre processo de entrega da administração do Hrad por vinte anos. O ato do governo descumpre a determinação do Conselho Estadual de Saúde (CES-MG) que em 2019 negou a possibilidade de implementação de Organizações sociais na saúde em Minas Gerais. O Conselho é, pela legislação, o órgão deliberativo das políticas públicas nas diferentes esferas do SUS.

Uma reunião surpresa foi convocada pela gestão no hospital um dia antes da publicação. Em um relato de quem participou da apresentação, um representante da Fhemig justificou a escolha do HRAD por tratar-se de uma das unidades da Fundação com maior amadurecimento de gestão e que apresenta os melhores resultados. “Argumento bastante questionável uma vez que se a proposta é tão vantajosa, deveria ser implantada em unidades com pior desempenho e/ou que tenham problemas de gestão,” do um trecho do relato.

Na contramão do que diz o governo, as experiências com esse modelo de terceirização apontou para diminuição dos serviços prestados, precarização do trabalho, falta de materiais e aumento de denúncias de corrupção. A entrega da administração hospitalar ao setor privado é tão perversa que os gastos continuam sob responsabilidade do governo, mas a transparência da aplicação dos recursos perde o “guarda-chuva” do Estado.

No edital do governo mineiro, a possível empresa contratada nem mesmo precisa apresentar certificado de qualificação em Organizações Sociais. A agilidade do processo também se destaca, diferente da lentidão do que é prioridade para a população mineira que é o plano de vacinação e produção de imunizantes. De acordo com os prazos do governo, empresa escolhida para gerir o hospital será homologada no dia 01/05.

Durante a manifestação dos servidores, organizada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG), a polícia foi chamada pela gestão. Estiveram no ato os diretores do Sind-Saúde Neuza Freitas e Gilberto Fragoso e os delegados sindicais Aguida Helena. Sandra Gomes e Vinícius Ortelan que contribuíram para a mobilização. O Conselho Municipal de Saúde também apoiou na presença da presidente Fátima Gomes. Outras lideranças da cidade estiveram no ato manifestando solidariedade com a pauta: vereador Daniel PDT, Hermano da coordenação PSB de Patos.

O Hrad é patrimônio histórico de Patos, foi construído pela população da cidade e região. Atende cerca de 750 mil pessoas de 33 microrregiões.