Neves: servidores da saúde param na segunda, 21
Trabalhadores não receberam o salário de outubro e fazem paralisação a partir das 7h de segunda-feira
Os trabalhadores da saúde de Ribeirão das Neves decidiram na quarta-feira, 16/11, em assembleia geral (acima), que vão realizar paralisação das atividades por 72 horas a partir das 7h de segunda, 21. A ação dos servidores tem o objetivo de pressionar a prefeitura a pagar os salários do mês de outubro. Os médicos concursados de Neves resolveram a aderir à paralisação porque também estão com os salários atrasados. Durante a paralisação, só vão funcionar os serviços de urgência e emergência em escala mínima, de 30%, entre eles o Samu, o Núcleo de Atenção Psicossocial (Naps), o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) adulto e infantil e o transporte sanitário.
Na sexta-feira, 11, a secretária de finanças de Neves, Cristiane Goulart da Silva, afirmou, durante reunião da Mesa Permanente de Negociação do SUS, que o município não tem dinheiro para fazer o pagamento dos trabalhadores da saúde nos próximos meses.
A secretária de Finanças, Cristiane Goulart, em reunião com trabalhadores na Mesa SUS
Prefeita dá rasteira nos trabalhadores da saúde e promove festa para desviar a atenção de CPI da Câmara
Um golpe nos trabalhadores da saúde foi o presente de grego de final de ano, e de gestão, da prefeita Daniela Corrêa anunciado neste mês de novembro. A última sexta-feira (11) foi um dia agitado na cidade com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sendo conduzida na Câmara Municipal para investigar as irregularidades na contratação da Instituição de Cooperação Intermunicipal do Médio Paraopeba (Icismep) pela prefeitura.
Num jogo para desviar a atenção do povo, a prefeitura patrocinava uma festa para os servidores (acima), no mesmo momento em que acontecia a CPI na Câmara onde eram ouvidas autoridades como a secretária municipal de saúde de Neves, Kelly Barros Fortini. Ela confirmou aos vereadores da CPU que foi efetuado o pagamento da primeira parcela ao Icismep, no valor de mais de R$1.600.000,00 (Um milhão e seissentos mil reais) no dia 09 de novembro. O pagamento foi feito como condição para que os médicos voltassem ao trabalho nas upas e no Hospital São Judas Tadeu.
Segundo a secretária, o dinheiro para pagar o Icismep saiu diretamente da secretaria de Finanças sem passar pela secretaria de Saúde. Ela usou a justificativa de que, ao fazer o pagamento do Icismep por meio da secretaria de Finanças, a prefeitura ficou automaticamente dispensada de pedir autorização ao Conselho Municipal de Saúde de Ribeirão das Neves (CMS).
Atual secretária de saúde, Kelly Fortini, em depoimento à CPI
Como para a prefeitura o pagamento do Icismep não tirou recursos da saúde e ainda assim os servidores estão sem receber os salários, caberá aos trabalhadores e à Justiça passar a história a limpo. E a verdade é que os trabalhadores da saúde de Neves não vão aceitar o presente de grego da prefeita. Num compromisso com o nosso trabalho e com a população, fomos às ruas exigir que os serviços de saúde voltassem a funcionar e agora estamos sendo penalizados mais uma vez.
Como confirmado pelo ex-secretário de Saúde na CPI, Magdo Helder Marques, o Icismep cobra de Neves a taxa mais alta de administração praticada nos municípios onde atua, que vai de 29% a 33%. Do total de 33% do valor do contrato pago ao Icismep, ele admitiu que apenas 4% representa valo referente à taxa de administração, os outros 29% são ‘devidos’ a tributos diversos que ele, nem a assessora jurídica do Icismep que o acompanhou no depoimento na CPI, souberam detalhar para os vereadores.
Ex-secretário de Saúde de Neves, Magdo Marques, fala à CPI
Também foi esclarecido na CPI da sexta-feira que, depois de ficar à frente da Secretaria Municipal de Saúde de Neves da atual gestão, o secretário Magdo foi lotado na prefeitura de Sete Lagoas. Ele chegou em junho de 2016 e, um mês depois, o Icismep passou a atuar na Saúde do município. E adivinha quem administra o Icismep em Sete Lagoas? Acertou quem disse que é próprio ex-secretário da saúde de Neves.