CUT-MG e saúde do trabalhador

CUTistas discutem, trocam experiências e deliberam sobre saúde do trabalhador e da trabalhadora

 

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Representantes de servidores públicos municipais, estaduais e federais, dos comerciários, metroviários, metalúrgicos, eletricitários, educadores, ferroviários, dos trabalhadores em telecomunicações, das federações, confederações e de outras categorias compartilharam experiências e lutas, debateram e deliberaram sobre quatro eixos e elegeram delegados para a Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da CUT Nacional, na quarta-feira (19), na 1ª Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG). A atividade foi realizada no auditório da Escola Sindical 7 de Outubro, em Belo Horizonte.

A conferência, organizada e coordenada pelo secretário de Saúde do Trabalhador da CUT/MG, Djalma de Paula Rocha, contou também com as presenças dos deputados estaduais Adelmo Carneiro Leão e Rogério Correia e da promotora de Justiça de Defesa da Saúde do Ministério Público Estadual de Minas Gerais, Josely Ramos Pontes.

Na abertura da 1ª Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, a presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira, destacou a participação dos sindicatos CUTistas na atividade, em especial o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), o mais novo filiado.

“Quero cumprimentar os companheiros de tantos sindicatos e do Sindibel, o mais novo sindicato CUTista, que hoje vêm em grande número a esta atividade. Saúdo o secretário Djalma, que assumiu um trabalho árduo na secretaria. É muito gratificante, também, contar com as presenças dos deputados do Bloco Minas Sem Censura. Aproveito para colocar na agenda de todos a Plenária Estatutária da CUT/MG, que será no período de 16 a 18 de maio, onde vamos debater, entre outros temas, o processo eleitoral de Minas Gerais”, disse Beatriz Cerqueira.

“Agradeço a presença de todos. Nosso intuito é a preparação para a Conferência Nacional da CUT e as conferências estaduais e nacionais. A preparação é muito importante para que possamos construir propostas que acabem com os grandes índices de mortes e acidentes do trabalho no país. Precisamos rearticular o Coletivo de Saúde para construir estratégias e ações conjuntas para que possamos alcançar nossos objetivos, que são a saúde e a segurança no trabalho”, falou  o secretário de Saúde do Trabalhador, Djalma de Paula Rocha.

Mobilizações

A segunda mesa da conferência, coordenada pelo secretário da Juventude e presidente do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Ederson Alves da Silva, a promotora Josely Ramos Pontes falou sobre “O papel da Justiça na Saúde de Minas Gerais”. De acordo com ela, a fiscalização das condições de trabalho no Estado, pelo Ministério Público, tem sido uma “verdadeira queda de braço”.

“Estamos do lado dos que defendem os direitos dos trabalhadores, apesar de nossa ligação com o governo do Estado. Recebemos muitas denúncias  dos trabalhadores da saúde do Estado. Conseguimos a formação de uma comissão mista para fazer uma avaliação. Só pudemos entrar das unidades da Fhemig e do Hemominas. À Funed não tivemos acesso. O resultado é uma coisa impressionante. Uma situação preocupante. É grande a precariedade, as acomodações não são adequadas, causam estresse. Já notificamos o governo do Estado para que tome as providências necessárias. Mas o processo é lento. Temos o material à disposição dos sindicatos, como o Sind-Saúde/MG”, afirmou Josely Ramos Pontes.

A promotora lembrou de ações do Ministério Público Estadual em defesa da saúde de qualidade. “Barramos a transferência do Hospital Risoleta Neves para uma oscip, que receberia milhões para administrar o hospital.  Entramos com uma ação que condenou o secretário de Estado da Saúde, Marcos Pestana. Apresentamos propostas de políticas públicas, com a garantia de tratamento do lúpus, do fogo selvagem, ações contra medicamento contra o câncer de mama. Comprovamos que não existe uma linha de cuidado mínima para algumas doenças.”

Para a promotora, os sindicatos deveriam atuar mais nos conselhos de saúde, que podem propor mudanças fundamentais nas políticas de saúde para trabalhadores e trabalhadoras, e também mobilizar as bases contra o desrespeito à população na prestação de serviços de saúde. “Não percebo os conselhos discutindo a saúde da cidade. A mobilização também não tem acontecido. Os conselhos têm que ser pautados pelos sindicatos. A cidade precisa pensar na saúde, que vem sendo sempre colocada em segundo plano. Pensa-se mais em segurança, em mobilidade urbana, em educação, mas não se pensa em saúde. E, por fim, todos os males respingam no SUS. Mas a triagem feita em um posto de saúde é uma vergonha. A atenção primária está relegada ao abandono. A sociedade protetora dos animais tem mais espaço na mídia do que as mazelas da saúde. Ganhamos a ação do lúpus, a mídia não deu nada. Temos que fazer o caminho da mobilização que a mídia vem atrás”, disse Josely Ramos Pontes.

O secretário-geral da CUT/MG e coordenador-geral do Sindieletro-MG, Jairo Nogueira Filho, concorda com a necessidade de mobilização pela saúde pública de qualidade. “A classe trabalhadora não se enxerga como usuária do SUS. Precisamos levar este discurso para a base. Nossa plenária está cheia, mas a mobilização tem que vir da base para valorizar o SUS.”

Cristina del Papa, coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes), sugeriu que a CUT pautasse a questão da saúde dos servidores públicos federais. “O Hospital Risoleta Neves vai ser transferido para UFMG e deve ser administrar pela Ebserh, que não deixa de ser uma forma de privatização e terceirização. A UFMG assinou o contrato com a Ebserh, apesar da luta interna, das todas as ações e mobilizações contrárias, tanto dos servidores quanto de estudantes. A pauta do servidor federal merece ser mais discutida.”

 A 1ª Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da CUT/MG teve ainda mais duas mesas e trabalho em grupo com os eixos: Saúde do Trabalhador e Seguridade Social; O Papel das OLTs na Saúde do Trabalhador e a Organização dos Ramos e Macrossetores da CUT; Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente; e Saúde do Trabalhador, Desenvolvimento Socioeconômico e Tecnológico.

A terceira mesa, Política de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, foi composta por Andréia Hermógenes, do Sindibel, como mediadora; Paulo Roberto Venâncio de Carvalho, secretário de Política de Saúde do Sind-Saúde/MG; e a engenheira do Trabalho Marta Freitas. Quarta mesa – Algumas experiências CUTistas sobre Saúde dos Trabalhadores e das Trabalhadoras – foi mediada por Marta Freitas e composta por Jefferson Leandro Teixeira Silva, coordenador da Regional Metalúrgica do Sindieletro-MG;  Sebastião da Silva Maria, do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região; e Alexandro Anselmo, técnico em Segurança do Trabalho do Sindicato dos Metalúrgicos de BH e Contragem.


Escrito por: Rogério Hilário/ Fonte: CUT-MG


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