Apagão em ala de atendimento da COVID-19 expõe descaso do governo Zema

Uma cena assustadora tomou os corredores e a ala destinada a pacientes de COVID-19 do Hospital Julia Kubistchek desde a tarde de domingo (06/12). A falta de luz e tomadas com superaquecimento deixaram pacientes e servidores da saúde totalmente no escuro na unidade hospitalar da Fhemig preparada para receber internação de usuários diagnosticados com o novo coronavirus. Vídeos que circularam na internet mostram a lamentável cena de breu que tomou conta da ala de emergência. Nem os geradores funcionavam, nos leitos pacientes entubados eram assistidos com iluminação precária.

A direção do hospital apresentou como solução a transferência dos pacientes e servidores para o Hospital Eduardo de Menezes (HEM) e muitos dos comunicados têm sido feitos por grupo de whatsapp. Veja a mensagem que informa sobre a transferência de cinco pacientes ao qual a comunicação do Sind-Saúde teve acesso na tarde desta segunda-feira (07h12):

“Prezados servidores do HJK,
Diante dessa situação atípica de fornecimento inadequado de energia elétrica no HJK, viemos informar a necessidade de transferir pacientes críticos, em ventilação mecânica, para o HEM, Unidade da Rede FHEMIG, a qual prontamente se dispôs a colaborar, com o oferecimento de 13 leitos de terapia intensiva. No entanto, o HEM não possui RH suficientes para provimento desses leitos. Dessa forma, solicitamos que os servidores do HJK, escalados na UTI, cumpram normalmente sua jornada de trabalho no HEM. Informamos que não há nenhuma ilegalidade nesse ato, pois os servidores são da Rede FHEMIG, podendo em situações emergenciais, de interesse público e de saúde coletiva, atuar em outras Unidades, promovendo atendimento digno aos pacientes.
Contamos com o apoio e a colaboração de todos, diante dessa situação inesperada.
Ressaltamos que a gestão da FHEMIG está, desde ontem, às 17 hs, buscando soluções para a questão, junto a órgãos e empresas competentes, a fim de retomar todas as atividades assistenciais do HJK com a qualidade que o usuário do SUS merece.
Atenciosamente,
Diretoria HJK”

Os servidores denunciam que a gestão não apareceu na unidade desde o início do grave problema no domingo às 17 horas até ao menos a tarde desta segunda-feira. Segundo o engenheiro da Fhemig que esteve no local, há risco de curto circuito em toda a unidade.

O Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) acionou o Conselho do HJK e a Assembleia Legislativa para acompanhar o que representa um descaso com as verbas destinadas ao combate da COVID-19. Em abril deste ano, o governo Zema anunciou que iria concentrar os recursos, como o acordo com a Vale que ultrapassa R$58 milhões, em obras de revitalização das unidades de saúde, com prioridades para as alas de atendimento à COVID-19. Entre os hospitais que receberam a verba está o HJK.

A diretora do Sind-Saúde/MG Neuza Freitas está acompanhando toda a situação e está assustada com o que têm acontecido. “Sai do Julia ontem de madrugada e o problema é muito grave. Um dos investimentos que a Fhemig alega ter feito é inclusive na parte elétrica da unidade. É gravíssimo isso.” Outro ponto que Neuza chama atenção diz respeito às relações de trabalho com o servidor. “Eles querem transferir servidor efetivo sem nenhum documento para trabalhar em outro lugar. Isso não pode acontecer no serviço público.”