Linchamento não é Justiça
Atitude da gestão de Vespasiano ao demitir trabalhador da UPA causa espanto ao Sind-Saúde
Episódio envolvendo um homem em situação de rua alcoolizado e um trabalhador da saúde da UPA ocorrido há alguns dias serve para ilustrar o drama que a Saúde de Vespasiano enfrenta. Um vídeo feito no local mostra que o homem recebeu atendimento na UPA e o porteiro foi acusado de usar de violência contra ele. A gestão deveria verificar a gravidade da denúncia, abrir investigação e garantir ao trabalhador seu direito de defesa.
Esse tipo de procedimento foi lembrado em seminário sobre a saúde do trabalhador que foi realizado, com a participação da Prefeitura, na quarta e na quinta-feira (18 e 19) com presença maciça de trabalhadores e da própria gestão. Por isso, foi com espanto e surpresa que o Sind-Saúde recebeu o anúncio do secretário de saúde da demissão sumária do trabalhador da UPA, vídeo disponibilizado na página do Facebook da prefeitura.
Uma resposta sem apuração dos fatos deve ser vista com cautela em tempos de tanta confusão entre justiça e linchamento. A decisão relâmpago da prefeitura não foi capaz de investigar o caso. O Sindicato não endossa comportamento indevido de trabalhadores, mas exige que as medidas devidas, tais como advertência, suspensão e até mesmo a medida extrema da demissão, sejam antecedidas de procedimentos administrativos que preservem o direito de defesa do servidor. Infelizmente não foi o que vimos na atitude do secretário.
Além da denúncia contida no vídeo, será preciso avaliar as condições em que os trabalhadores da UPA estão trabalhando. Não admitimos que seja descartada a consideração do ambiente de stress permanente em que o trabalho de assistência é prestado: porteiros, auxiliares de serviço, recepcionistas, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, são ameaçados constantemente pela violência que ronda o dia a dia da UPA e demais serviços de saúde do município. O Sindicato denunciou essa situação na UPA em jornal impresso há menos de um mês.
A diretora do Sind-Saúde/ Núcleo Vespasiano, Lionete Pires cobra que a gestão seja responsável pela qualidade dos serviços prestados na saúde. “Isto deve ser um fato! Agora, culpar o trabalhador da ponta e punir sem a devida advertência, capacitação e valorização é oportunismo! Esperamos que a gestão/administração de Vespasiano seja, da mesma forma, tão efetiva e ágil com os pleitos de valorização, fixação e respeito pela força de trabalho na saúde municipal. Usar trabalhador como bode expiatório para dar vazão à insatisfação de demandas sociais é fácil”.
A diretora conclui dizendo que, em respeito ao que foi esclarecido e pactuado no II Seminário da Saúde do Trabalhador, entre força de trabalho e gestão municipal, que acabou de acontecer, a administração deve rever o caso com cuidado evitando penalizar duplamente os servidores municipais da saúde.