Porta única na psiquiatria preocupa

Unificação de atendimento de urgência pode ser sinal para fechamento de mais um hospital na rede Fhemig

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A proposta de criar uma rede unificada entre o Instituto Raul Soares (IRS) e Hospital Galba Velloso pegou de surpresa servidores das unidades psiquiátricas da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig). Os objetivos e o real impacto dessa mudança são questionados pelo Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) que foi acionado às pressas pelos trabalhadores para acompanhar a reunião de apresentação da proposta. Na tarde desta segunda-feira (26/08) a Diretoria Assistencial da Administração Central da Fhemig esteve nas duas unidades que compõem o atendimento psiquiátrico da Fundação na capital mineira para fazer a primeira conversa com os servidores.

Sem especificar qual unidade terá o atendimento de urgência fechado, a apresentação da gestão dizia que “uma das unidades será ‘porta de entrada’ e a outra será a retaguarda, com acesso regulamentado”. Com os auditórios lotados, a gestão afirmou a pretensão de redesenhar a forma de atender a saúde mental na Fhemig. O diretor assistencial, Marcelo Lopes Ribeiro, apresentou dados de queda no atendimento que foi questionado por trabalhadores. Marcelo confirmou que os números podem estar abaixo do que realmente é atendido e criticou a perda de dados do sistema de coleta de informações na Fhemig. Mesmo assim, o diretor assistencial acredita que devido as estruturas de Caps e Cersans, o atendimento de urgência diminuiu nos últimos anos. Marcelo Lopes Ribeiro é servidor da Fhemig e conduziu como diretor do Hospital João XXIII o fechamento do Hospital Galba Velloso Ortopédico (HGV-O).

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Diretoria Assistencial da Fhemig esteve no Galba Velloso (foto acima) e no Raul Soares (abaixo)

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O terreno do Hospital Galba Velloso fica no mesmo lugar que a antiga unidade ortopédica funcionava. Em edição recente do jornal interno da Fhemig, uma outra proposta sobre Organização Social (OS) indicava o HGV como um novo complexo para abrigar a primeira unidade a entregar a gestão para esse tipo de associação privada. Esse contexto preocupa os trabalhadores que veem na proposta de unificação o início do desmantelamento da maior fundação hospitalar da América Latina.

A diretora do Sind-Saúde Neuza Freitas foi dura nas críticas à proposta. Apesar da diretoria assistencial afirmar que discute esse assunto há alguns anos, Neuza ressaltou que essa pauta não foi levantada nos espaços de deliberação de políticas públicas para a saúde, como o Conselho Estadual de Saúde (CES-MG) a até mesmo a presidência da Fhemig alegou não saber da discussão sobre a mudança das unidades. A diretora do Sind-Saúde também alertou para que os trabalhadores não abram espaço para uma discussão que leve ao fechamento de leitos e corte de atendimentos. “Quando se fala em junção, a gente sabe que é corte. Seja a entidade que for, que discutir e acatar fechamento, seja de setor, hospital e o que for não merece consideração e respeito de trabalhador”, ressaltou Neuza.

Veja trecho da fala da diretora durante a apresentação da gestão:

 


Mesmo bastante questionado, Marcelo Lopes Ribeiro insistiu que a proposta “não tem possibilidade de fechar leitos, mas de otimizar os recursos.” Ainda, segundo ele, nenhum trabalhador será prejudicado com a mudança”.

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O Sind-Saúde, que contesta a afirmação, acionou o Conselho Estadual de Saúde (CES-MG), órgão deliberativo das políticas públicas da saúde, que até o momento não estava ciente da proposta. Por solicitação do Conselho, o Sindicato solicitou uma reunião com a presidência da Fhemig em caráter de urgência para essa terça-feira.

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