Pagamento do Piso da Enfermagem abre abismo de desvalorização em outras categorias da saúde
A justa e necessária criação do piso nacional da enfermagem foi comemorada em todo país como um marco histórico de luta dessa categoria. Mas se por um lado celebra-se uma realidade há anos pleiteada, por outro, expõe que a desvalorização salarial na saúde não é título de apenas de uma carreira e sim a regra no setor responsável por salvar vidas diariamente. Essa foi a percepção que mais uma vez a diretora do Sind-Saúde Lionete Pires chegou ao percorrer unidades de saúde de Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte. A cidade está há anos sem reajustar os salários dos servidores da saúde e hoje muitos recebem menos que o salário mínimo.
“Eu fui abordada hoje por trabalhadores da odontologia, por trabalhadores da administração da prefeitura, por trabalhador que é motorista da prefeitura, todos com a mesma queixa Todos felizes, porque os colegas da enfermagem vão ter, enfim, um reajuste, um salário interessante, mas eles de fora, e nenhum falava com raiva, nenhum falava com mágoa” relata Lionete Pires, todos vinham com pedido de ajuda ao Sind-Saúde na busca de defende-los e assim garantir melhores salários e condições de trabalho. A sindicalista fala da importância da união das carreiras que são multiprofissionais na saúde. “A enfermagem, assim como os agentes de saúde, não trabalha sozinha. A gente é uma equipe, assim como o médico não trabalha sozinho. A gente é uma equipe e é preciso estar sempre resgatar isso”.
Em Vespasiano, profissionais como terapeuta ocupacional, psicólogos, outros profissionais de nível superior, técnico, médio e fundamental recebem atualmente R$1.320,00. “Isso abre um abismo nas categorias. Ao pagar o piso para a enfermagem, resgata-se a dignidade da enfermagem por força de lei, mas não resgata para todos que são desvalorizados”, pontua “Em Vespasiano são aproximadamente 250 técnicos de enfermagem contratados e 40 efetivos, o Plano de Carreira não é cumprido e o que é gravíssimo o munícipio não reajusta os salários da categoria e chegou um momento que todos tiveram o salário achatado se transformando em salário mínimo”, aponta Lionete para o problema da desvalorização do servidor público da saúde na cidade.