Minas perdeu 2.132 leitos

Minas Gerais perdeu 2.132 leitos nos últimos cinco anos, só perdendo para Rio de Janeiro

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Enquanto isso macas empilhadas e inutilizadas no Hospital Julia Kubitschek por falta de espaço segundo administração. (Foto: Arquivo Sind-Saúde/MG)

Minas Gerais é o segundo Estado brasileiro que mais perdeu leitos de internação do Sistema Único de Saúde (SUS) entre julho de 2010 e julho de 2014, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro. Segundo o levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), 2.132 leitos da rede pública foram desativados no Estado – o que corresponde a 14,5% dos 14.671 leitos que deixaram de existir em todo o país. Isso representa uma perda de oito leitos por dia nos últimos cinco anos.


A especialidade mais atingida foi a pediatria. Ao todo, 6.980 leitos pediátricos deixaram de existir nesse período em todo o país e 889 no Estado. Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG), Itagiba de Castro Filho, um dos fatores para a diminuição dos espaços é a remuneração insatisfatória para cobertura das despesas hospitalares.

“No caso da pediatria, trata-se de uma especialidade com altos custos operacionais e baixíssima remuneração pela tabela do SUS. Em algumas situações, como na obstetrícia, a receita cobre somente 40% das despesas quando o hospital atende gestantes de alto risco”, aponta.

O conselheiro do CFM, Hermann Tiesenhausen, critica o desvio da atenção do governo na saúde pública para a saúde privada. “Em Minas Gerais, nos últimos dez anos, foram fechadas mais de cem instituições de saúde ligadas ao SUS. Hoje, as pessoas não escolhem, são compulsoriamente jogadas no colo dos planos de saúde, haja vista que a saúde pública está em situação precária”, afirma.

Posição. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) disse que existe uma dificuldade em se “avaliar o impacto na variação do número de leitos disponíveis devido à ausência de parâmetros ajustados às várias realidades encontradas no país e também em nosso Estado” e comentou ainda que “a redução do número de leitos é uma tendência mundial”.

Na mesma nota a pasta reconheceu que “o fechamento de leitos ocorreu em hospitais pequenos, que mantinham a maioria ociosa, o que não trouxe impacto no acesso para o cidadão”. De acordo com a Secretaria, apesar da redução, Minas Gerais manteve constante a relação de internações por cem habitantes por ano, entre 2010 e 2014, o que significa a manutenção do mesmo grau de acesso geral na atenção hospitalar.

A assessoria da Secretaria Municipal de Saúde também por meio de nota, contestou os números divulgados pelo CFM e disse que a variação dos dados do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES) e os da Secretaria ocorre pois na lista no CNES constam leitos que estão em processo de habilitação. “Nos últimos sete anos houve um crescimento de 441 leitos – saindo de 5.701 em 2009, para os atuais 6.142 disponíveis na capital. A Prefeitura de Belo Horizonte tem trabalhado para ampliar o número de leitos. De 2009 até agora foram abertos 970 leitos hospitalares”, informou a secretaria.

Ampliação

MelhoriaO Rio Grande do Sul foi o Estado que mais aumentou o número de leitos (894) entre 2010 e 2014. Entre as capitais, Recife aparece como a cidade com maior aumento de leitos (425).


Escrito por: LITZA MATTOS

Fonte: O Tempo