Marcha das Margaridas
Realizada em 11 e 12 de agosto, a Marcha reuniu mais de 70 mil manifestantes vindas de todos os Estados e de 20 países convidados
A 5ª edição da Marcha das Margaridas, realizada entre os dias 11 e 12 de agosto, se consagrou como um momento histórico para a luta das mulheres em nosso país. Considerada uma das maiores manifestações desta natureza em todo o mundo, a Marcha deste ano reuniu mais de 70 mil pessoas – tem quem diga que chegou a quase 100 mil -, em sua grande maioria mulheres vindas de todos os Estados brasileiros, além de delegações de vários países, para reivindicar mais direitos e em defesa do desenvolvimento sustentável.
“Margaridas seguem em Marcha por Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade” foi o tema abordado. A Marcha é organizada a cada quatro anos pela CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e conta com a participação de 27 Confederações e 11 entidades parceiras. A CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social mobilizou seus sindicatos filiados para o evento. A Marcha também tem participação de centrais sindicais e outros movimentos sociais.
Na cerimônia de abertura, realizada em 11 de agosto, quando mais de 40 mil pessoas lotaram o Estádio Mané Garrincha, o grande momento da noite foi a participação do ex-presidente da República, Luiz Ignácio Lula da Silva. Lula fez questão de frisar a importância da democracia em nosso país, desqualificando de forma contundente o discurso dos que falam em impeachment da presidenta Dilma. “Não há ninguém que possa sequer tentar ameaçar o processo de construção democrática que está implantado no país. Eles não perceberam que a eleição acabou. Eles não saem do palanque”, afirma o ex-presidente.
Vários sindicatos filiados à CNTSS/CUT enviaram caravanas para a Marcha. A secretária de Relações do Trabalho da Confederação e secretária de Finanças do Sindsaúde GO, Maria de Fátima Veloso, participou de todas as edições anteriores. Nesta nova também representou a Confederação na organização do evento. Para ela, a Seguridade Social é uma ferramenta importante para a luta das mulheres. “Nosso compromisso pela Seguridade Social defende que as mulheres tenham mais direitos e mais participação com autonomia e poder para que tenhamos mais condições de transformação. A Seguridade Social é um tema que unifica,” afirmou Fátima Veloso em entrevista recente para a CNTSS/CUT.
Ela reconhece que a luta da mulher nunca foi fácil e que é importante que seja feito o debate e apresentadas propostas sobre a questão da violência contra a mulher. Em matéria publicada no site de seu sindicato, Veloso destaca que “a discriminação no ambiente de trabalho, racismo, salários inferiores ao dos homens, jornada dupla ou tripla e, muitas vezes, a intolerância dos companheiros são apenas alguns dos obstáculos que elas enfrentam na luta por liberdade, igualdade e autonomia. Por isso, seguiremos unidas e marchando pela manutenção das nossas conquistas e ampliação dos nossos direitos”.
Marcha na Esplanada dos Ministérios
A agenda de 12 de agosto teve início às 8H30, quando milhares de pessoas deixaram o Estádio Mané Garrincha e caminharam pela Esplanada dos Ministérios. O percurso de quase cinco quilômetros ficou pequeno para tanto gente com cartazes e faixas pedindo democracia e identificando as principais bandeiras de luta. Além de questões históricas, como reforma agrária e igualdade de direitos, foi pedida a reforma política e até a saída de Eduardo Cunha da presidência da Câmara. Os manifestantes queriam chamar a atenção para a reforma agrária, soberania alimentar, igualdade de direitos e o fim da violência contra a mulher.
Depois de percurso até o Congresso Nacional, os manifestantes ocuparam o gramado em frente à sede do Legislativo Federal. O Senado fez uma homenagem às mulheres durante sessão solene realizada às 11 horas. Porém, o destaque da agenda deste dia foi a participação da presidenta da República, Dilma Rousseff. Ela esteve no encerramento do evento. As manifestantes a receberam com cantos e palavras de ordem destacando a democracia e as lutas de seu governo.
As participantes também queriam respostas de Dilma Rousseff à pauta de reivindicações que fora entregue a ela pelas organizadoras do evento em encontro mantido no mês passado. A presidenta falou que existe identificação da pauta das mulheres com a agenda proposta pelo governo com referência às políticas públicas de gênero. Dilma anunciou para as Margaridas alguns pontos acatados da pauta e as medidas que serão tomadas.
Serão ampliados os serviços especializados de atenção à mulher rural, como cursos voltados para a capacitação de 10 mil promotoras legais pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego e prometeu ampliar o número de vagas em creches e pré-escolas nas cidades e no campo. A presidenta também reiterou que a parceria com as mulheres dos movimentos sociais é fundamental para que não ocorra retrocesso nas conquistas conseguidas com muita luta nesta última década. “Meu compromisso é combater a violência contra mulheres de maneira implacável”, assegurou a presidenta durante seu discurso de encerramento.
Fonte: Assessoria de Imprensa CNTSS/CUT, com informações Sindsaúde SP e CUT Nacional