Atos públicos e passeatas marcam dia de luta pela descriminalização do aborto

Brasília – No Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América Latina e no Caribe, a coordenadora da Rede Feminista de Saúde do Distrito Federal, Karen Lúcia Borges Queiroz, defendeu, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, que a saúde reprodutiva tem de ser encarada como um direito da mulher. 

“A gente defende que nenhuma mulher é obrigada a ser mãe. Assim como todas as mulheres que podem e querem ser mãe, tem o direito de dar à luz. A questão da saúde sexual reprodutiva tem que ser um direito”, explicou.

A coordenadora afirma que o aborto malfeito é a terceira causa de morte materna no país e afirma que esse fato está ligado à questão de injustiça social. “Mulheres negras e de baixa renda sofrem preconceito social e praticam o aborto de forma precária.”

A Articulação de Mulheres Brasileiras, organização não governamental que atua na defesa dos direitos humanos, realizou hoje (28) ações e atos públicos em oito estados, entre eles, Paraíba, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Pernambuco, para marcar o dia de luta pela legalização do aborto na América Latina e no Caribe. 

A integrante do Fórum de Mulheres de Pernambuco, Sílvia Camurça, afirma que a ideia é coletar assinaturas para a instalação de uma frente nacional que visa ampliar o debate em favor da autonomia reprodutiva das mulheres.  

Para a presidente do Movimento Brasil sem Aborto, Denise Garcia, a legalização do aborto é uma forma de mascarar o problema de saúde pública. “É preciso trabalhar com todas as famílias para que tenham condição de ter e de criar seus filhos, a fim de que estejam bem informados. Dar qualidade de vida às pessoas e não usar o argumento da falta de qualidade para fazer um ato que é ilegal.”

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, ocorrem aproximadamente 1 milhão de abortos espontâneos e inseguros, com uma taxa de 3,7 abortos para cada grupo de 100 mulheres de 15 a 49 anos. Esses números não abrangem os abortos por razões médicas e legais, ou seja, aqueles permitidos pelo Artigo 128 do Código Penal Brasileiro, que tratam de risco de morte para a mulher e de gravidez resultante de estupro.

De acordo com informações do Ministério da Saúde, de janeiro a junho deste ano, foram realizadas cerca de 112.834 internações no Sistema Único de Saúde (SUS) para procedimentos de pós-abortos ilegais (curetagens), que geraram um custo aos cofres públicos de R$ 22,8 milhões. Só no estado de São Paulo, nesse período, foram autorizadas mais de 20 mil internações em hospitais públicos para essa finalidade, enquanto no Distrito Federal aconteceram 2.094.

 

 

Fonte: Agência Brasil