Nota de repúdio

Bolsonaro demonstra não entender sobre a profissão de enfermagem com declaração preconceituosa

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O Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) exige do presidente da república respeito a categoria de enfermagem brasileira. Em recente entrevista à Leda Nagle, Jair Bolsonaro afirma que se um médico não passe no exame Revalida, “vai arranjar outra profissão ou então ficar como enfermeiros, ganhando menos, é uma proposta pra eles”. A declaração expressa profundo desconhecimento do atendimento em saúde e total desrespeito aos profissionais de enfermagem.


Médicos e enfermagem têm funções e carreiras distintas no exercício do cuidado. Além disso, a categoria da enfermagem sofre com a desvalorização e estereótipos, uma fala como essa apenas serve como desinformação que reforça o desrespeito com os trabalhadores da saúde. Colocar mais de duas millhões pessoas que fazem parte da equipe da enfermagem hoje no Brasil como subcategoria é um desserviço do político que está no maior cargo público brasileiro. A inferiorização da categoria expressa na fala de Bolsonaro causou indignação dos trabalhadores da saúde.



Agenciamento empresarial do “Médicos pelo Brasil”
Além do repúdio a fala desrespeitosa de Bolsonaro, críticas também são endereçadas ao programa anunciado pelo governo chamado de Médicos pelo Brasil, do qual o presidente se referia no contexto da entrevista.


O médico e professor da UFRGS Alcides Miranda escreveu na Carta Maior sobre o programa. Segundo ele, o MP 890 é “uma iniciativa de reciclagem da estratégia programática anterior (Mais Médicos) sob nova “marca” e pela via de seu agenciamento em uma institucionalidade mais centralizada e vertical, sob a égide do Direito Privado”, afirma.


“A dinâmica mercantil para o provimento e fixação de trabalho médico não observa e nem diminui iniquidades sociais e de acessibilidade aos serviços de saúde, pelo contrário, tende a exacerbá-las. Vincular organicamente uma política pública de provimento e fixação de trabalho médico a uma racionalidade empresarial ou a demandas corporativas de mercado, mesmo em se tratando de serviços de Atenção Primária à Saúde, não parece ser uma ideia responsável”.


O Sind-Saúde repudia veementemente o comportamento do presidente Jair Bolsonaro, tanto em seu discurso quanto pela sua ação política, neste contexto, o objetivo privatista da atuação na saúde pública brasileira.