FGV contratada por R$ 3,69 milhões para “reestruturar” a FUNED: e quem paga somos nós!
A direção da Fundação Ezequiel Dias (FUNED) assinou, sem licitação, um contrato de R$ 3,69 milhões com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para promover um chamado “fortalecimento institucional” que inclui redesenho organizacional, ajustes econômico-financeiros e mudanças na governança. A decisão, respaldada por pareceres internos e por uma interpretação da Lei 14.133/2021 que alega inviabilidade de competição, foi tomada sem consulta aos trabalhadores e sem abrir espaço para instituições públicas locais que poderiam realizar estudos semelhantes com maior alinhamento à missão social da FUNED.
O contrato com a FGV representa uma aposta em consultoria de alto custo para propor mudanças estruturais profundas na FUNED, sem licitação e sem garantias claras de participação dos trabalhadores no processo. A depender das recomendações, pode abrir caminho para ajustes que priorizem lógica de eficiência empresarial em detrimento da valorização dos servidores e do caráter público da instituição.
Do ponto de vista trabalhista, esse projeto traz riscos concretos. Mudanças estruturais desenhadas por consultorias externas, com histórico de adotar métodos de gestão privados, tendem a priorizar corte de custos, enxugamento de quadros e terceirização, ignorando a realidade e as necessidades de quem mantém a FUNED funcionando. A revisão de normas internas pode atingir carreiras, progressões, adicionais e outros direitos conquistados com décadas de luta. A introdução de indicadores de desempenho sem diálogo democrático ameaça transformar o ambiente de trabalho em espaço de pressão constante, com metas descoladas das condições reais e impactos diretos sobre a saúde e a dignidade dos servidores.
Mais uma tentativa de entregar o patrimônio público para o privado
Interesses de mercado sempre de olho na Funed:
Sob uma perspectiva do SUS, como conquista histórica do povo brasileiro, o contrato com a FGV acende um alerta vermelho. Quando se terceiriza o pensamento estratégico de uma instituição pública para uma consultoria privada, o risco é substituir o compromisso com o direito universal à saúde por lógicas de mercado, eficiência a qualquer custo e privatização disfarçada. Não se trata apenas de uma mudança administrativa: é um ataque potencial ao caráter público da FUNED, que é parte essencial da engrenagem que garante medicamentos, vacinas e análises laboratoriais para a população.
Defender a FUNED significa defender o SUS, significa lutar por investimentos diretos em estrutura, equipamentos e pessoal efetivo, e não pelo repasse milionário a instituições externas que não respondem ao controle social e não vivem o cotidiano do serviço público. É necessário garantir participação imediata dos trabalhadores nos comitês que conduzirão o projeto, exigir transparência integral dos estudos e relatórios e deixar claro que qualquer proposta que implique perda de direitos ou precarização será enfrentada com mobilização e resistência.
Queremos contribuir para projetos que resultem no fortalecimento real da FUNED. Para isso, precisamos de diálogo, respeito e garantia de que nenhuma mudança será feita sem ouvir e negociar com os trabalhadores. Estamos aqui para somar, mas também para resistir, se necessário.
A saúde pública não pode ser tratada como negócio. A FUNED não é empresa. É patrimônio do povo mineiro e do Brasil, e só continuará cumprindo seu papel se for fortalecida com base na valorização de seus servidores e no compromisso inegociável com um SUS 100% público, estatal, universal e de qualidade.
O impacto que pode gerar na vida do servidor:
- Extinção ou fusão de setores e mudanças forçadas de função;
- Cortes e congelamentos sob o pretexto de “otimizar despesas”;
- Mais terceirizações e menos concursos;
- Metas inalcançáveis e aumento da pressão sobre os trabalhadores;
- Decisões tomadas sem participação da categoria.