Profissionais da enfermagem merecem valorização
De 12 a 20 de maio é celebrada a Semana da Enfermagem e em todo Brasil serão realizadas audiências públicas, palestras, atividades e, acima de tudo, reivindicações. Aumento do salário, regulamentação do piso nacional dos auxiliares, técnicos e enfermeiros, melhoria nas condições de trabalho, fim do assédio moral e respeito aos direitos é o mínimo que tem de ser feito para que os profissionais da categoria se sintam valorizados. Apesar dessas dificuldades, os trabalhadores cuidam com muito carinho e dedicação da saúde da população e, por isso, merecem todas as homenagens possíveis.
O Sind-Saúde esteve em unidades hospitalares de Vespasiano para conversar com profissionais da área e perguntar se se sentem valorizados nesta semana. Confira três histórias que refletem a situação de milhares de trabalhadores em Minas Gerais.
“Tem semana da enfermagem?”, ironiza Marli de Jesus, técnica de enfermagem que atua no Posto de Saúde de Vespasiano. O questionamento procede: ela é cedida pelo governo estadual para o município, mas, além de não receber um salário digno, não tem os direitos que têm os servidores municipais e nem os que têm os servidores estaduais. Esta realidade é enfrentada por centenas de trabalhadores “municipalizados”: o Estado não paga os direitos pois diz ser obrigação da Prefeitura para a qual o trabalhador está cedido; já a Prefeitura não paga pois diz que a responsabilidade é do Estado.
“Ainda bem que gosto do que faço”, conclui Marli, que enquanto trabalhadora do Estado tem que fazer de tudo, desde vacinar e aferir pressão arterial até dar orientações. Quando Marli entrou para a área, em 1985, recebia mais de três salários mínimos. Hoje, ela diz ter vergonha de olhar o contra-cheque, que indica cerca de dois salários – somando todos os biênios e qüinqüênios acumulados.
Geraldo Pacheco, 48 anos e há mais de 15 como técnico de enfermagem também em Vespasiano, diz que é dos pacientes que recebe homenagens todos os dias e não só na Semana da Enfermagem. “Um simples agradecimento, um simples ‘Fica com Deus’ já é o que me faz sentir recompensado”, diz Geraldo. O envolvimento dele é tão grande, que toda a família seguiu seus passos de cuidar da população: a mulher e um filho são técnicos de enfermagem e uma filha é enfermeira.
Geraldo decidiu ir para a área da saúde quando tinha sete anos e viu, sem poder fazer nada, o pai morrendo. “Morávamos na roça, não tinha hospital, não tinha nada. Cresci com aquilo na cabeça e decidi que queria aprender a poder cuidar das pessoas, já que infelizmente não pude cuidar do meu pai”, concluiu o educado técnico de enfermagem. Em virtude dos baixos salários praticados, Geraldo faz dupla jornada: trabalha na Fundação Vespasianense de Saúde e no Pronto Atendimento da cidade. O duplo vínculo é de fato muito recorrente entre os trabalhadores da categoria.
Geralda Pereira, técnica de enfermagem e de segurança do trabalho, passou por todos os setores da Prefeitura de Vespasiano durante longos 30 anos e, neste mês, se aposentou. O último serviço de Geralda foi na Farmácia Central, onde trabalhava entregando medicamentos, o que também é uma função desgastante porque exige que a servidora entenda a letra dos médicos, convença o paciente a aderir ao tratamento e o explique qual a dosagem a ser tomada.
Por gostar do que fazia, Geralda ressalta que tinha vontade de continuar trabalhando, mas sem perspectivas de evolução na carreira ou no salário, preferiu aposentar. “Se o município oferecesse mais atrativos, certamente eu continuaria trabalhando”, ressalta a técnica que receberá aposentadoria de míseros R$ 645,00.
Estas histórias, que certamente são parecidas com as histórias de auxiliares e técnicos de enfermagem e enfermeiros em todas as cidades de Minas Gerais, demonstram a necessidade de se valorizar e respeitar estes profissionais pelo árduo e fundamental serviço que prestam à sociedade. Sem a dedicação e o carinho deles, a saúde pública brasileira não existiria.
Parabéns profissionais de enfermagem e vamos lutar pelos seus direitos!
