Trabalhadores da enfermagem realizam ato nacional em Belo Horizonte
Trabalhadores e trabalhadoras da enfermagem de vários hospitais de Belo Horizonte e do interior de Minas Gerais protestaram na manhã desta quarta-feira, 21/09, contra a suspensão da lei do piso salarial da categoria, por ordem do Tribunal Superior Eleitoral (STF). A paralisação vai durar 24 horas e foi convocada pelo Fórum Nacional da Enfermagem (FNE) para todo o país na semana passada. O protesto teve início às 9h, na Praça da Estação seguido de passeata pelas ruas do centro, finalizando na Praça Sete, onde os enfermeiros bradavam ‘preste atenção, não se ilude. Sem enfermagem não tem saúde’.
Segundo policial militar que estava presente, o ato contou com mais de 50 mil pessoas. Os manifestantes se concentraram na Praça da Estação e chegaram a interditar totalmente uma pista da avenida dos Andradas no sentido área hospitalar. Com faixas, eles cobraram respeito à profissão.
Além da manifestação em todo o país, de acordo com os grevistas, em Minas Gerais será mantida uma escala mínima de 30% para atender os pacientes nas unidades hospitalares. O ato teve amplo apoio de sindicatos e do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG). Estiveram presentes trabalhadores da enfermagem do SAMU, centros de saúde, unidades hospitalares de todo o Estado.
O Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) esteve presente com seus diretores e filiados, o Sindicato dos Servidores do Ipsemg (Sisipsemg) e o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindeess, do setor privado) e o Sintappi-MG (que representa técnicos e auxiliares da UPA Centro-Sul e do Hospital Risoleta Neves).
“A enfermagem é a maior categoria profissional do país. Somos cerca de 230 mil trabalhadores só em Minas, e 2,5 milhões no Brasil todo. A maioria são mulheres, 85%. Diante da situação em que nós nos encontramos, a importância da categoria precisa ser colocada para a sociedade”, afirma a diretora do Sind-Saúde/MG, Neuza Freitas.
“E nós estamos aqui também para defender o Sistema Único de Saúde do estado, que o governador Zema quer privatizar e nós não vamos aceitar. Essa luta vai crescer, se o governo não pagar, a enfermagem vai parar”, explicou o Ederson Alves, presidente do Conselho Estadual de Saúde.
Para a diretora do Sind-Saúde Leide Fernandes, o dia 21 de setembro ficou marcado como um dia histórico para a categoria e será lembrado como dia de luta e dedicado àqueles que perderam à vida para o Covid-19 enquanto se dedicavam pela enfermagem.
“Eu dedico essa conquista em homenagem ao primeiro técnico de enfermagem da região metropolitana de BH, Gerônimo Batista Pires que tombou vítima da pandemia. A enfermagem merece respeito e valorização e, por isso é tão importante a implementação da lei 144.34/22 nas nossas vidas. Luta histórica e garantida com uma grande adesão dessa categoria” concluiu.
Sobre o piso salarial
A lei do piso salarial da enfermagem estabelece uma remuneração mínima de R$ 4.750 para enfermeiros e enfermeiras, de R$ 3.325 para técnicos e técnicas de enfermagem, e de R$ 2.375 para auxiliares de enfermagem e parteiras. Entrou em vigor em 5 de agosto.
O piso é o menor salário que determinada categoria profissional pode receber pela sua jornada de trabalho e é sempre superior ao salário mínimo nacional (ou estadual, se houver). Caso o piso da categoria seja inferior ao mínimo no Estado, vale o salário mínimo estadual porque ele é mais benéfico ao trabalhador
2,6 milhões de trabalhadores esperam o piso
Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Confen), são mais de 2,6 milhões de trabalhadores ativos no Brasil nos quatro segmentos da enfermagem, sendo 642 mil enfermeiros, 1,5 milhão de técnicos, 440 mil auxiliares e 440 parteiras. A entidade alerta que o profissional pode ter registro em mais de um segmento.
Centrais divulgam nota contra decisão de Barroso
Em nota, as centrais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB pediram sensibilidade social ao STF.
“É importante ressaltar que a lei foi aprovada no Congresso e sancionada parcialmente pela presidência da República e é resultado de amplo debate e fruto de um consenso da sociedade para a valorização de uma categoria profissional essencial, que esteve à frente do combate à pandemia”, diz trecho da nota.
Segundo a CUT, o posicionamento conjunto das centrais reforça os atos que estão sendo convocados por entidades da enfermagem para sexta-feira (9) na porta de hospitais e casas de saúde em defesa do novo piso da categoria.