Sindicato volta no HAC

Diretor do Hospital é questionado sobre problemas

reunião diretor HAC

Diretores do Sind-Saúde/MG estiveram reunidos nesta terça-feira (8/5/13) com o diretor do Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), Gustavo Marques Braga, para discutir as questões pendentes que foram constatadas na última visita do Sindicato – que foi acompanhada do deputado estadual Adelmo Carneiro Leão – a unidade da rede Fhemig. Foram discutidos os problemas de infraestrutura, que, segundo o diretor, são ocasionados pela demora nas licitações, a ausência de capacitação dos trabalhadores e a sobrecarga de trabalho que gera o risco constante nos atendimentos aos usuários. Estiveram presentes na reunião, servidores da Unidade.

Segundo afirmação do diretor, os leitos de CTI que estão provisoriamente nas enfermarias aguardam o fim das obras que aumentará o número de leitos. Enquanto a reforma, que ficou 4 meses parada, não fica pronta o diretor admitiu que a equipe de enfermagem assiste mais pacientes do que deveria, mas que a orientação da direção da Unidade é para que o trabalhador que estiver atendendo paciente em ventilação mecânica, não acumule atendimento com outro paciente em iguais condições.

Os diretores do Sind-Saúde ainda questionaram sobre as recorrentes denúncias de trabalhadores que exercem procedimentos que não foram treinados, como o manuseio de respiração mecânica. O diretor confirmou que o processo está inadequado e informou sobre a parceria com a Maternidade Odete Valadares (MOV) de encaminhar os pacientes para o CTI de lá. Neuza Freitas cita a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 26 da Anvisa que em seu artigo 14, normatiza que 2 pacientes de CTI para cada técnico e 10 para cada enfermeiro.   

Hoje o HAC tem apenas 6 leitos de CTI, com o fim da reforma serão 9 e com o plano diretor do hospital a projeção é ter 20 leitos de CTI.

O diretor falou que o hospital precisa dar cobertura às UPAS e também é uma UPA da região noroeste e por isso tem muita demanda que é obrigatório o atendimento dos usuários, mesmo não tendo capacidade. Ele também afirmou que já encaminhou por escrito à direção da Fhemig a demanda atípica do hospital que atende casos de emergência na enfermaria.

Em relação a capacitação, o diretor disse que foi feito no fim do ano passado o curso básico para quem está entrando (aprovados do concurso) para manipulação da farmácia e de medicamentos, para aferir os sinais vitais, dentre outros. Porém, houve critica por parte dos trabalhadores que exigem a capacitação permanente na assistência a pacientes graves e o treinamento para manuseio de equipamentos de assistência exclusiva a estes pacientes Os trabalhadores afirmaram que não existe nenhum tipo de treinamento neste sentido e alertaram que estes pacientes sob o os cuidados de profissionais sem treinamento adequado potencializa o risco de morte do usuário e a responsabilização do profissional.

Segundo o diretor, depois da visita do Sindicato há mais de 1 mês, foi feito um planejamento de cursos para implementar durante o ano.

Um servidor do hospital que acompanhou a reunião ressaltou sua preocupação com a falta de treinamento dos servidores. Segundo ele, existem casos de paciente que voltam para o CTI por falta de técnica de aspiração de secreções do paciente em estado grave. O servidor citou outros casos e disse se sentir angustiado com o fato de imaginar todos os dias o técnico de enfermagem sendo culpado por uma morte anunciada que no fim das contas não é sua culpa.

A diretora do Sind-Saúde/MG, Lúcia Barcellos, criticou a forma de abordagem ao trabalhador e a sobrecarga de trabalho. Segundo ela a gestão local tem que fazer um ambiente favorável para que a capacitação aconteça.

Os servidores queixam também a produtividade baixa do hospital que é, segundo os trabalhadores, a pior unidade da rede em relação a gratificação por produtividade. 

Outro relato grave que os servidores apresentaram foi sobre o transporte de pacientes na única ambulância que o hospital tem a disposição. Segundo eles, o transporte por várias vezes é feito inadequadamente, colocando dois pacientes com características diferentes e com risco de contaminação para serem transportados juntos.

Para ilustrar foi apresentado um caso de um paciente com bactéria multirresistente, inclusive com presença de moscas na ambulância, e após o transporte, sem condição de desinfecção do veiculo foi colocado um paciente com baixa resistência para retorno ao hospital. Com a chegada da equipe no Hospital ainda teve cobrança da chefia em relação a demora do procedimento.

As diretoras do Sind-Saúde/MG relataram também  a situação das fisioterapeutas no hospital. Segundo as trabalhadoras, elas fizeram concurso para o cargo de fisioterapeuta motora, mas que são obrigadas a fazer procedimentos com ventilação mecânica que deveriam ser exercidos pelo outro cargo do concurso que pede especialização na área e tem vencimento superior. O diretor do HAC disse que irá apurar a denuncia – que segundo ele até então não tinha conhecimento – de desvio de função na unidade.

Em relação a falta de equipamentos e infraestrutura do hospital, o diretor alegou embargos burocráticos com a licitação para ter efetivado as compras. Segundo ele, todos os pedidos estão na Fhemig há um prazo longo. A tomografia, por exemplo, que é uma grande necessidade do hospital teve alguns problemas com a empresa licitada e há mais de um ano não foi resolvida. Mesmo com a certeza dada pelo presidente da Fhemig em reunião com Sind-Saúde em fevereiro de 2013 que o tomógrafo estaria prestes a ser entregue, até o momento ainda existe pendencias na licitação. Segundo o diretor do hospital, depois de realizar o pregão – modalidade escolhida para a licitação – o prazo de entrega demora 30 dias. Hoje as tomografias do HAC são enviadas em menor escala para o Hospital Julia Kubitscheck e em maior escala para o Hospital João XXIII.

Outra licitação que está emperrada há mais de 6 meses na Fhemig é o raio x. Segundo o diretor, foi solicitado urgência nessa licitação, mas até agora ele não poderia precisar qual a situação do processo. O equipamento de radiologia além de ter mais de 100 anos, necessita de uma carga alta de radiação para o material ficar nítido, colocando em risco constante o usuário.

Armários para funcionários (segundo o diretor já foi solicitado pedido há 2 meses), bebedouros e outros materiais de uso diário também aguardam a licitação no setor de compras da Fhemig. A falta de espaço foi o argumento usado pelo diretor para o improviso de alguns setores. Segundo o diretor já foi pedido a Fhemig uma licitação para a compra de um contêiner onde as sucatas do hospital poderão ser colocadas para liberação de espaços. Essa seria, de acordo com a direção do HAC, a solução para que no local do café dos funcionários não sejam colocados equipamentos hospitalares (utilizados ou em desuso).     

Outras queixas como falta de pia para os trabalhadores lavarem a mão e mesa para trabalho o diretor do Hospital disse que mandará a arquiteta do hospital averiguar as instalações.

 Diante dos relatos, o Sind-Saúde pedirá acompanhamento do Ministério Público.