Prefeitura de Vespasiano quer transferir recursos da saúde para transporte coletivo
A prefeitura de Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte, anunciou que poderá destinar recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) para propor melhorias no transporte público da cidade. A avaliação foi feito pelo representante da prefeitura de Vespasiano pelo secretrário de administração Marcus Vinicius em audiência pública na Câmara Municipal de Vespasiano no dia 06/07/2021. Os vereadores estavam discutindo o destino da concessão das linhas de ônibus e os péssimos serviços prestados ao povo de Vespasiano.
As duas empresas que prestam o serviço na cidade são Buião – que mantém o serviço de transporte municipal há mais de 50 anos – e a Saritur que faz o transporte de passageiros para BH. Apesar de receber subsidio municipal e ter uma série de reclamações do serviço, as empresas alegam dificuldades financeiras e falta de “lucro” para cobrar mais recursos da prefeitura.
A proposta da prefeitura e vereadores é subsidiar a dívida com os empresários da empresa Buião com dinheiro público. Durante a audiência, não foi demonstrado interesse em realizar chamamento público para outras empresas se candidatarem a prestar esse serviço para fortalecer a entrada de novos concorrentes.
O Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG) recebeu a notícia com muita estranheza e preocupação. O Sindicato reconhece os problemas enfrentados pelos cidadãos com os precários serviços do sistema de transporte coletivo. Porém, sucumbir os recursos da saúde, já deficitários, é penalizar triplicado a população e os trabalhadores da saúde. Em um momento pandêmico, a proposta apresentada pela prefeitura é o carimbo do descaso com a saúde em Vespasiano.
“Os trabalhadores da saúde estão sem reposição salarial e aumento real desde 2017. Se tem dinheiro para empresários dos transportes é sinal que tem para pagar os reajustes, vale refeição, insalubridade e vale transporte aos trabalhadores da saúde”, critica a diretora do Sind-Saúde Lionete Pires.
“Essa saída inconstitucional e desrespeitosa com a saúde da nossa população é imoral e mostra o descompromisso dessas pessoas com a saúde principalmente nesse período de pandemia que enfrentamos”, alerta Lionete.
O Sindicato reforça sua defesa com a plena consolidação do SUS e a luta para que ele se torne 100% público, estruturado desde a promoção da saúde até às intervenções complexas e de alto custo.
O SUS é uma conquista da população e seus recursos não podem ser desviados a gosto dos governantes.
Veja o trecho que o secretário fala sobre os recursos da saúde: