Ipsemg na mira da tesoura do governo
Estratégia de cortes nos serviços preocupam sindicatos
Com muitas planilhas, índices e números, o governo estadual tenta vender a ideia de que os serviços médicos do Ipsemg precisam se adequar às demandas do mercado. Um dos alvos do governo é o tempo de internação para reduzir custos. Se valendo da comparação com planos de saúde, a proposta do governo é incorporar a atenção primária ao modelo assistencial. A apresentação dos dados foi feita aos sindicatos do funcionalismo em reunião da Mesa Estadual de Negociação Permanente na última terça-feira (31/05) na Cidade Administrativa (CAMG). As entidades sindicais questionaram a imposição do governo que não abre espaço para negociação e faz da reunião uma simples exposição.
O governo quer transferir a avaliação fria dos números para as necessidades médicas dos servidores. Segundo o governo, se o tempo médio de internação diminuir, o “custo evitável” seria de mais de R$66 milhões ao ano. Ainda de acordo com os dados apresentados sobre acesso de beneficiários, o Ipsemg fica atrás no acumulado do SUS e da Agência Nacional de Saúde (ANS) que contabiliza os planos de saúde privados no múmero de consultas e internações.
E de acordo com o que foi apresentado durante a reunião, o funcionalismo vai adoecer mais neste ano, já que pela projeção feita serão mais de 16 mil serviços assistenciais realizados pelo Ipsemg, 131.475 a mais do que em 2015.
A gestão estadual também se queixa do número de exames laboratoriais. Os exames estão no topo do ranking de procedimentos pedidos no Ipsemg. Em uma abordagem diferente da defendida pelo governo, pode-se constatar que os exames laboratoriais tiveram alta justamente pela dificuldade de acesso nos demais procedimentos. Se o(a) trabalhador(a) consegue com mais facilidade atendimento no SUS ou nos planos de saúde, ao menos os exames são realizados no Ipsemg. Para o Sind-Saúde, ao invés de buscar a lógica do lucro e precarizar ainda mais os serviços do Ipsemg, o governo deveria recorrer a valorização do Instituto como garantia de saúde aos(as) servidores(as).
Outros problemas
Durante a reunião não foi aberto espaço para tratar de outros problemas e demandas dos servidores em relação ao Ipsemg. Uma alternativa para recuperar recursos, por exemplo, seria o resgate dos R$3,6 bilhões que foram retirados em 2013 do Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais (Funpemg). O golpe nos servidores não recebeu atenção do atual governo.
Reunião fechada
Essa é a terceira reunião da Mesa de Negociação Permanente e, assim como nas outras, o governo proibiu a presença dos jornalistas das entidades sindicais de acompanhar o debate. A participação das equipes de comunicação dos sindicatos sempre foi uma praxe nas reuniões e estranhamente tem sido censurada no atual governo.