Homenagem ao Sind-Saúde
Com 36 anos de luta em defesa dos trabalhadores e do SUS, o Sind-Saúde/MG será homenageado na ALMG
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) irá homenagear o Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde) pelos 36 anos de luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e de contribuição para construção do Sistema Único de Saúde (SUS). A homenagem, requerida pelo deputado André Quintão, vai acontecer no dia 11 de novembro às 10 horas no Plenário Juscelino Kubitschek. A diretoria do Sind-Saúde e funcionários tem a honra de convidar os trabalhadores da saúde para essa homenagem que é não apenas para a entidade sindical, mas para cada servidor que construiu e constrói a saúde pública em Minas Gerais.
Quando o Sindicato Único dos Servidores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde) foi formalizado como entidade representativa dos trabalhadores era, ele mesmo, o resultado e o símbolo de uma aglutinação de forças. Várias categorias e segmentos de servidores públicos da Saúde foram amadurecendo ao longo dos anos para reconhecer que juntos eram únicos e seriam mais fortes reunidos em um único Sindicato.
O país fervia em meados da década de 1980 com o fim da ditadura militar que se anunciava depois de duas décadas de obscurantismo e opressão sobre o povo e a classe trabalhadora. Foi nesse espírito de retomada da esperança e de forças, lenta, dura e corajosamente acumuladas, que os trabalhadores da Saúde fundaram o Sind-Saúde.
Até o fim da década de 1980, esse clima de alegria e de busca de construção de um país mais igualitário e democrático se refletiria no movimento pelas Diretas Já e na primeira eleição presidencial frustrada pelo voto indireto em Tancredo Neves, na formulação e instituição da Constituição Cidadã de 1988 e na criação do Sistema Único de Saúde, o SUS. E como dizem os defensores da Saúde Pública daquela e desta época, o SUS foi um dos modos mais formidáveis que o País encontrou de distribuir riqueza por meio da assistência integral e universal à Saúde. É um dos poucos países do mundo com esse alcance na assistência na Saúde Pública.
Isso tudo é para dizer que o Sind-Saúde tem história para contar em 36 anos na defesa dos trabalhadores e da saúde pública. Em quase quatro décadas de existência, o SUS se expandiu sob o reconhecimento incontestável de sua importância para a população. Partindo da representação de servidores das regiões mais centrais do Estado, o Sindicato hoje alcança, por exemplo uma região composta por 58 municípios como a Macronorte, fortalecendo sua representatividade entre os trabalhadores dos serviços de urgência e emergência dos SAMUs.
Constituído o SUS, o Sistema Único de Saúde nunca deixou de sofrer ataques daqueles que não se conformam com a redução das desigualdades sociais e fazem de tudo para se apropriar dos recursos públicos. Em quase uma década e meia de governos de esquerda, houve propostas ousadas para fortalecer o SUS como a destinação ao Sistema de 10% das receitas brutas da União. Foi também nesse período e especialmente antes, na década de 1990, que os planos privados de saúde se consolidaram aperfeiçoando-se na disputa pelos recursos públicos com o SUS e apostando no bolso e nas mentes da classe média.
Três anos ou quatro anos depois da proposta de reservar 10% das receitas ao SUS, estamos vendo a drástica redução dos investimentos no SUS idealizada e colocada em prática por um governo que golpeou a democracia por meio do mais conservador Congresso da história brasileira. De acordo com a Emenda à Constituição de número 95, serviços essenciais à sobrevivência da população, entre eles o SUS, não receberão um centavo a mais do que a inflação registrada no ano anterior durante 20 anos. Sabe-se que insumos e procedimentos da Saúde costumam ter reajustes até 50% superiores à inflação, então dá para imaginar o sucateamento previsto para a Saúde Pública a se confirmar a manutenção do castigo da EC95.
Em 36 anos de conhecimento, por dentro, dos desafios e vitórias do SUS e dos trabalhadores da Saúde, o Sind-Saúde tem força e autoridade para se posicionar nesse momento em que o retrocesso político e econômico desabam sobre as cabeças dos brasileiros. Na luta de cada sindicalista e de cada trabalhador da Saúde está gravada, dia a dia, meses e anos a fio, a memória de cada gesto na defesa do SUS e da categoria. A riqueza da força gerada pela luta dos trabalhadores está na memória coletiva e de cada um. É com esse recurso tão precioso à sobrevivência do SUS quanto as verbas que o governo golpista se comprometeu a sonegar ao povo, que vamos reagir.
Tudo feito no calor das lutas que não param, uma publicação lançada pelo Sindicato com os temas mais urgentes para os trabalhadores da Saúde de Minas Gerais e para o SUS pode ajudar a refletir e a encontrar outras trilhas de enfrentamento. De novo, quem tem 36 anos de luta diária na defesa do SUS e dos trabalhadores, tem autoridade representativa e moral para puxar o debate. Propomos então, a edição de uma revista que abra as comemorações dos 36 anos de Fundação do Sind-Saúde e ao mesmo tempo lance o debate de temas presentes nesse longo período de lutas como aqueles que se apresentam como fruto da atual conjuntura política e econômica.