Funcionalismo exige recomposição salarial e falam em greve geral
Agenda legislativa atual foi apontada como melhor momento para reivindicar recomposição
Todas as áreas do serviço público do Estado de Minas Gerais estiveram representadas nesta quinta-feira (21/09) em audiência pública na Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa (ALMG) para cobrar recomposição salarial para os servidores estaduais. O quadro generalizado de desvalorização tem unificado sindicatos que representam todas as categorias em uma pauta única do funcionalismo frente a decomposição dos salários em todas as carreiras do Estado. A deputada Beatriz Cerqueira, que solicitou a reunião, destacou o momento atual do legislativo para colocar na agenda de debates a proposta de recomposição salarial.
Ainda no mês de setembro o governo Zema deverá entregar a peça orçamentária para 2024, momento que para a deputada Beatriz Cerqueira será importante para fazer o debate da recomposição. A parlamentar também criticou a forma fragmentada que o governo faz as negociações e denunciou a tática de realizar inúmeras reuniões que não são propositivas, como forma de maquiar uma negociação.
O deputado Professor Cleiton categorizou a política de Zema como “amigos do Rei” ao apontar medidas como o aumento de salário do próprio governador e do alto escalão em 300%, os benefícios fiscais bilionários à Localiza com a lei que ficou conhecida como “Lei Salim Mattar” em referência ao nome do dono da locadora de carros beneficiada e a tentativa de vender para o setor privado as empresas estatais mineiras. Em contrapartida, o deputado Professor Cleiton avaliou a política de arrocho salarial imposta aos servidores.
Todos os sindicatos e associações que representam o funcionalismo foram convidados para expor a situação de suas categorias. As declarações indicavam o mesmo cenário de desvalorização e destruição das carreiras. A diretora do Sind-Saúde Núbia Dias frisou que a recomposição salarial representa um retorno do poder de compra dos servidores, diferente de reajuste. Segundo Nubia, a perda salarial desde 2002 é de 46,8%. “Recomposição é aquilo que você já perdeu para inflação, é o seu poder alimentar que acabou”.
Nubia ainda destacou a desorganização da carreira e denunciou o salário inicial na saúde de R$740,00, abaixo do salário mínimo na saúde. Além disso, apontou para o grande déficit da força de trabalho na saúde e o quadro de 39% de contratações de Pessoas Jurídicas (PJ).
Em todas as falas a construção de um movimento unificado de greve geral foi destacado como proposta de reivindicação.
Resposta do governo
Após a série de críticas, a assessora-chefe de Relações Sindicais do Governo do Estado, Helga Beatriz Gonçalves de Almeida, comprovou as previsões de que nenhuma resposta positiva seria dada pela representante do governo. Helga chamou de “questões operacionais” os pontos que estão abertos a negociação e que “ainda estão estudando” as questões de impacto financeiro.
Encaminhamento
Um dos encaminhamentos da reunião é convocar uma nova audiência pública com o Secretário de Fazenda para discutir os dados e o planejamento do governo para 2024. Além disso, foram encaminhados a realização de um debate específico sobre o piso da enfermagem na ALMG e as contratações no Ipsemg.
Mentiromentro:
Em uma das contextações dos números e argumentos divulgados pelo governo Zema, o diretor do Sinfazfisco/MG Marcelo Delão da Silva informou que o site da entidade sindical faz acompanhamento diário das contas do governo Zema. No mesmo dia da audiência o saldo do Estado é de R$36 bilhões em caixa, veja: