Frente Brasil Popular
Mais de 2 mil delegados, entre militantes e dirigentes dos movimentos sindical, sociais e populares, participaram neste sábado (5), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte, da Conferência Nacional Popular, que lançou a Frente Brasil Popular. Na Conferência, foi construída a unidade de forças em defesa da democracia e por uma nova política econômica. Na atividade estiveram presentes deputados e lideranças de partidos políticos, como o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, o presidente do PT, Rui Falcão, e o senador Lindbergh Farias. O ato político cultural, com saudações de representantes de todas as forças presentes na Conferência, encerrou a atividade no final da tarde.
Os participantes debateram uma Agenda de Lutas, que começa entre os dias 2 e 5 de outubro, com atos, mobilizações e paralisações em todo o país em apoio à greve dos petroleiros e em defesa da Petrobras. A luta pela Constituinte exclusiva da reforma política, que tem como principal bandeira o fim do financiamento empresarial de campanha, também foi reafirmada como uma geral da Frente Brasil Popular. Uma nova reunião da articulação foi marcada para o dia 26, em São Paulo.
“Nós não podemos desistir nunca. Não é tarefa fácil construir uma Frente com tanta diversidade. A nossa próxima agenda nacional de rua será no dia 3 de outubro, tendo como agenda geral a defesa da democracia e da Petrobras. Defenderemos, também, a riqueza do pré-sal, os investimentos na saúde e na educação, além da luta contra o ajuste fiscal”, afirmou Beatriz Cerqueira, presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG).
Na abertura da Conferência Nacional Popular, Beatriz Cerqueira fez uma saudação a todos e todas e enfatizou a importância da realização da Conferência Nacional Popular em Belo Horizonte. “Hoje, Belo Horizonte sedia o que se parece com o que nós construímos, a partir da greve de 112 de educadores e educadoras em 2011, o movimento Quem Luta, Educa. E, como no movimento, nesta Conferência não nos preocuparemos com uma estrutura vertical, com quem comanda. Vamos construir pautas de convergência, com a unidade”, afirmou Beatriz Cerqueira.
Para a presidenta da CUT/MG, a Assembleia Legislativa é um local que tem um simbolismo muito grande nas lutas dos movimentos sindical, sociais e populares em Minas Gerais. “Neste espaço, educadores e educadoras realizaram assembleias históricas nos 112 dias de greve. Outras categorias estiveram aqui para lutar por direitos e por mais conquistas. Há duas semanas, neste lugar, o MST realizou sua Jornada de Lutas. E das mobilizações feitas aqui, surgiu a unidade de forças que derrotou o neoliberalismo três vezes nas eleições do ano passado.”
Na mesa de abertura, coordenada por Beatriz Cerqueira e Bernadete Monteiro, da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), João Pedro Stédile, do MST, e Carina Vitral, presidenta da UNE, após uma saudação, falaram sobre as crises econômica e política do país, que motivaram a criação da Frente Brasil Popular.
“Nós ganhamos o primeiro tempo deste jogo, em outubro de 2014. Agora, as forças de direita tomaram a ofensiva. Vivemos uma crise econômica e política e a burguesia aponta, como saída, o estado mínimo, cortes nas políticas públicas e o realinhamento com os Estados Unidos. Para nós, a saída é construímos uma unidade conjuntural nesta Conferência, mas estamos na defensiva. Saímos às ruas, principalmente em março e agosto, em defesa da democracia e contra o golpismo, conta o ajuste fiscal e defendemos uma nova política econômica. Não queremos uma operação Lava Jato a cada dois anos, por isso defendemos a reforma política, com o que mais favorece a corrupção, o financiamento privado de campanha”, afirmou João Pedro Stédile.
O coordenador do MST propôs um Calendário de Lutas de massa como estratégia contra as ofensivas da direita. “Com este Congresso atual não dá para combater a pauta negativa. Só nas ruas é que poderemos reverter este quadro. Só nas ruas, com manifestações, ocupações, greves vamos pressionar este Congresso. E vamos ocupar as ruas em apoio à greve dos petroleiros, no dia 3 de outubro. Estamos construindo também um projeto de política econômica, com o auxílio de 150 economistas e vamos apresentá-lo ao povo brasileiro. Que seja construído, aqui, um Coletivo, o pois quem tem que ser protagonista nesta Frente é o povo brasileiro”, acrescentou Stédile.
Segundo Carina Vitral, da UNE, as forças unidas pela Frente Brasil Popular devem apresentar seu próprio projeto de política econômica. “Vamos propor a saída para a crise. Quem criou a crise é que pague por ela. Não a classe trabalhadora, a população brasileira. A crise econômica deve ser combatida com a taxação de fortunas. O ajuste fiscal é um programa deles, não nosso. Precisamos sair daqui com uma plataforma para o país. Vamos dizer que os movimentos sociais também têm uma agenda para o Brasil. Vamos construir de forma unitária e seremos vitoriosos, com muita luta e muita mobilização. As ruas não são da direita, sempre foram do povo brasileiro.”
Greves contra o ajuste fiscal
Em entrevista coletiva à imprensa, João Pedro Stédile, Carina , a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Nacional, Rosana da Silva, e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, falaram sobre a Frente Brasil Popular, a Conferência, a reforma política e as greves, em especial as paralisações dos metalúrgicos e dos servidores públicos federais.
“A greve é um direito de trabalhadores e trabalhadoras, para que possam defender o emprego e o salário. Desta forma, bancários, servidores públicos federais e metalúrgicos paralisaram as atividades. Os petroleiros entrarão em greve em outubro. Com a greve, os metalúrgicos reverteram demissões. Os trabalhadores estão fazendo uma crítica à política econômica. Nós não elegemos a presidenta para fazer o ajuste fiscal em cima da classe trabalhadora”, disse Rosane da Silva.
“Defender a democracia contra o golpe e promover mudanças para que tenhamos um modelo de desenvolvimento que garanta a distribuição de renda, sustentabilidade, geração de empregos, inclusão social, inflação sobre controle e defesa das riquezas nacionais, como a Petrobras”, afirmou o presidente nacional do PT, Rui Falcão, sobre os pontos da Frente Brasil Popular. Segundo ele, o Congresso, de perfil conservador, imperra a realização de reformas estruturais no Brasil. “Então é preciso pressão social, e a Frente Brasil Popular pode fazer essa pressão”, afirmou.
Participam da Frente Brasil Popular
CUT, sindicatos CUTistas e movimentos sociais em Minas Gerais, CTB, MST, Via campesina, MPA, MMC, MAB, MAM, MCP, FUP (Federação Única dos Petroleiros), CONEN, UNE, Levante Popular da Juventude, FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação), Consulta Popular, Marcha Mundial das Mulheres, Rede de Médicas/os Populares, Associação de Juízes pela Democracia, RENAP, SENGE-Rio, Sindicato de Professores, Metalúrgicos do RS, Pastorais Sociais, igrejas, Central de Movimentos Populares-CMP; parlamentares e dirigentes de diversos partidos e correntes partidárias, entre os quais o PT e o PCdoB. Também participam diversos intelectuais e jornalistas que atuam em diferentes espaços da mídia popular e que compartilham desse esforço.
Pontos da plataforma da Frente Brasil Popular
1. Defesa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras: lutar por melhorias das condições de vida do povo, o que envolve emprego, renda, moradia, educação, terra, transporte público etc. Criticar e fazer ações de massa contra todas as medidas de política econômica e “ajuste fiscal” que retirem direitos dos trabalhadores e que impeçam o desenvolvimento com distribuição de renda.
2. Defesa dos direitos sociais do povo brasileiro: lutar contra a redução da maioridade penal, contra o extermínio da juventude pobre das periferias, pela ampliação dos direitos sociais que estão ameaçados pela campanha da mídia burguesa e por iniciativas conservadores no congresso.
3. Defesa da democracia: não aceitar nenhuma tentativa de golpe e retrocesso nas liberdades. Para ampliar a democracia e fazer reformas mais profundas, avançar na luta pela reforma política, pela reforma do poder judiciário, dos meios de comunicação de massa e da cultura.
4. Defesa da soberania nacional: o povo é o verdadeiro dono do petróleo, do pré-sal e das riquezas naturais. Impedir a entrega de nosso petróleo às transnacionais. Lutar contra a transferência de bilhões de dólares ao exterior, de forma legal pelas empresas ou ilegal, por contas secretas (vide caso do HSBC).
5. Lutar por reformas estruturais e populares como a reforma política, urbana, agrária, tributária, educacional etc., entre outras propostas detalhadas no documento unitário construído pelos movimentos populares em agosto de 2014.
6. Defesa dos processos de integração latino-americana em curso, como Unasul, Celac, Mercosul e integração popular, que estão sendo atacados pelas forças do capital internacional.
Fonte: CUT-MG