Epidemia de dengue traz sobrecarga para sistema de saúde nos municípios em MG
Os municípios do estado de Minas Gerais enfrentam uma sobrecarga do sistema de saúde pública e esse cenário tende a piorar com a confirmação da epidemia de dengue e chikungunya. Essa é a avaliação de especialistas, que destacam o impacto para todo o atendimento à população, mesmo em casos que não sejam ligados a essas doenças. Minas passa por uma disparada de casos de doenças relacionadas ao Aedes aegypti e é, disparado, o Estado com mais casos de dengue e chikungunya no país.
No último sábado (27/01), o governador Romeu Zema, decretou situação de emergência em saúde pública no estado por causa do aumento no número de casos de dengue e chikungunya. A determinação consta na edição deste sábado (27) do Diário Oficial do Estado.
Três dias após Minas Gerais decretar situação de emergência devido ao aumento de casos de dengue e chikungunya nos municípios, subiu para 35 o número de mortes em investigação por dengue em Minas Gerais.
Em apenas uma semana, os casos confirmados da doença em todo o estado mais que dobraram. De acordo com o Boletim Epidemiológico de Monitoramento, os casos confirmados saltaram de 11.490 para 23.389. Os números foram divulgados nessa segunda-feira (29).
Sobrecarga no sistema de saúde
Para José Geraldo Leite Ribeiro, epidemiologista e professor emérito da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, há inclusive a possibilidade de colapso do sistema com a epidemia. “O risco sempre ocorre quando há epidemia de dengue e a chikungunya também contribui para o aumento do movimento”, avalia. Em Minas Gerais, são 34.421 casos prováveis de chikungunya, mais de 63% dos praticamente 54 mil diagnósticos suspeitos em todo o país.
Para o especialista, a chikungunya é uma doença que impacta nessa sobrecarga do sistema de saúde, mas o risco maior está no aumento de casos de dengue. “A dengue tem um risco muito maior de morte”, aponta. José Geraldo ainda destaca outro aspecto que irá pesar no atendimento à população que é o aumento de casos de influenza, que geralmente acontece neste período do ano.
No epicentro da guerra contra a dengue estão os trabalhadores da saúde, em meio a um cenário de casos que se proliferam rapidamente pelos municípios. A realidade enfrentada por esses trabalhadores é demasiadamente crítica, com a sobrecarga de trabalho atingindo níveis alarmantes.
O dimensionamento inadequado e falta de pessoal apenas agrava a situação, gerando exaustão física e mental naqueles que se dedicam incansavelmente a proporcionar cuidados à população. Nem bem se recuperaram do caos que foi o enfrentamento à pandemia do Covid-19, quando muitos perderam familiares e colegas de profissão, tiveram adoecimento mental e contaminação ao vírus, e já estão novamente em mais uma situação calamitosa dando tudo de si e esperando que o poder público faça algo para mudar esse cenário de sobrecarga.
Relatos contundentes chegam dos municípios ao Sind-Saúde/MG, evidenciando a precariedade e o descaso que permeiam o ambiente de trabalho. Quando há uma sobrecarga de qualquer doença, impacta na assistência como um todo, assim a situação não apenas compromete a qualidade do serviço prestado, mas também coloca em risco a saúde daqueles que buscam ajuda e dos profissionais que ajudam.
Enquanto os profissionais da saúde lutam para dar conta da demanda, o estado e os municípios permanecem aparentemente indiferentes e inertes à realidade cruel que se desenrola nos corredores das unidades de saúde.
O Sind-Saúde/MG, reafirma a importância de reconhecer a essencialidade da saúde dos trabalhadores e a urgência de medidas que revertam a precariedade e proporcionem condições dignas de trabalho.