Dia do Médico: salvar vidas é o que move e motiva a trilhar esta profissão
Considerando que cada profissão tem sua relevância e contribuição para a sociedade, a profissão ‘médico’ desde sempre foi considerada uma das mais importantes do mundo, por sermos responsáveis por cuidar da saúde dos seres humanos. No entanto, mesmo com um reconhecimento incontestável por parte das outras pessoas, foi na pandemia de Covid-19 que a medicina e os profissionais da área da saúde ganharam notoriedade mais uma vez, ao se colocarem na linha de frente do combate à doença.
Para tentar salvar vidas, médicos e enfermeiros enfrentaram uma batalha diariamente no período pandêmico, especialmente em 2020, quando tudo começou. Neste mesmo ano, o estudo Demografia Médica no Brasil, resultado da colaboração entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Universidade de São Paulo (USP), apontou que existiam mais de 500 mil médicos no Brasil. Trata-se do maior quantitativo e da maior densidade de profissionais já registrados desde o começo do século.
Porém, apesar do número bem significativo, existem alguns problemas que precisam ser resolvidos, como por exemplo, a distribuição dos profissionais para cada região do Brasil. Ainda segundo o estudo, enquanto nas regiões Sudeste e Sul e em cidades mais desenvolvidas, a proporção chega a ser muito maior do que a razão de 3,5 médicos por mil habitantes, a região Nordeste possui taxa de 1,69 e a Norte conta com apenas 1,30 médicos por mil habitantes, cerca de 43% menor que a média nacional.
Além desta problemática, é possível citar inúmeras outras. O fato é que todas as áreas da medicina apresentam dificuldades, seja por burocracias que competem ao governo ou autoridades, como melhorar a infraestrutura de um hospital, seja por parte dos próprios pacientes, que precisam fazer um trabalho conjunto com os profissionais de saúde. Eu, como Presidente do Departamento de Imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, percebo que questões relacionadas à imunidade das crianças têm sido cada vez menos levadas a sério pela população, o que é uma situação preocupante.
No entanto, existem maneiras simples para garantir o bem estar e desenvolvimento de uma criança durante sua vida, mas para isso, os cuidados devem começar desde cedo. O primeiro deles é a realização do teste do pezinho, feito em crianças recém-nascidas, a partir das gotas de sangue coletadas do calcanhar do bebê. O exame identifica doenças graves assintomáticas ao nascimento e que podem causar sérios danos à saúde, caso não sejam diagnosticadas e tratadas precocemente.
O teste do pezinho deve ser realizado entre o 3º e 5º dia após o nascimento do bebê e pode ser feito no próprio hospital em que ocorreu o parto, caso ofereça o exame. Mas, se não existir essa possibilidade, é possível ir até os postos de saúde do município ou em laboratórios privados. O mais importante é não deixar de submeter os bebês ao procedimento. Atualmente, o texto do pezinho passou a envolver até 50 novas doenças raras, incluindo a triagem das imunodeficiências, sendo que antes englobava apenas seis doenças.
Implementada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) durante os próximos quatro anos, a ampliação da triagem neonatal representa um grande avanço para a saúde pública dos brasileiros. Além do teste do pezinho, existem outros exames importantes que devem ser realizados logo no início da vida dos recém-nascidos, incluindo as vacinas e suas doses de reforço. Os responsáveis precisam prestar atenção ao calendário de vacinação e levar seus filhos para se vacinarem, conforme normas do Ministério da Saúde.
É a parceria entre pais e profissionais da saúde que faz com que os cuidados para tornar as crianças protegidas funcionem. Aliado a isso, a união dos esforços de médicos de diferentes áreas é fundamental para a promoção da saúde da sociedade. O que mais quero é conseguir que cada vez menos crianças sejam diagnosticadas tarde demais, aumentando assim as chances de cura com um tratamento adequado. Ser médico requer vontade, responsabilidade, e principalmente resiliência para lidar com adversidades e problemas, mas salvar vidas é o que nos move e nos motiva para trilhar esta profissão.
Fonte: Portal Hospitais Brasil – Por Antonio Condino-Neto, médico e pesquisador, é sócio-fundador da Immunogenic