Desastre anunciado

Não foi por falta de aviso: falta de soros já faz vítima fatal

producao de soros

Infelizmente, o alerta do Sind-Saúde sobre a ameaça de faltar soros por causa das reformas impostas pela direção da Funed – de forma unilateral – se cumpriu. Matéria publicada pelo jornal O Tempo de hoje (16/02) informa que um trabalhador rural do município de Conceição da Aparecida (Sul de Minas) esperou por uma dose de soro antiofídico por 24 horas. O homem está internado há 15 dias por causa das complicações decorrentes da picada de cobra.

A falta de soros provocada pelas reformas dos três laboratórios oficiais – Funed, Butantan (SP) e Oswaldo Cruz (RJ), conforme a matéria, já levou uma mulher de Mato Grosso a óbito e um homem do Rio de Janeiro também enfrenta complicações por causa do atraso em receber a dose de soro antiofídico.

Os trabalhadores da Funed – técnicos especializados e comprometidos com a saúde pública – foram ignorados no alerta que vêm fazendo sobre a gestão temerária na Funed. Em vez de ouvir os servidores que estão na linha de produção, a gestão preferiu agir de modo autoritário. É lamentável que a sociedade esteja sendo penalizada por gestores públicos indiferentes à saúde da população.

Na semana passada, o Sind-Saúde destacou o problema durante assembleia de trabalhadores da Funed quando explicou que o início das obras em janeiro pegou todos de surpresa.

O Sindicato voltou a dizer que, desde o princípio da discussão, solicitou à direção da Fundação, por meio de ofício, que suspendesse a reforma da Unidade de Soros para que se esclarecessem os motivos da re­forma e que se pactuasse a decisão com os trabalhadores.

Guiados pela prática e conhecimento dos servidores da Funed, questionamos os mo­tivos pelos quais a produção da unidade ainda não foi transferida para a Unidade 5, como foi planejado nos últimos cinco anos.

 Diante das evidências do drama que se anuncia com a falta de produção de soros, o Sind-Saúde confirma que o aviso de alerta dos trabalhadores do setor era correto e responsável. Dizíamos na semana passada: – como o Sind-saúde poderia acreditar que dessa vez os prazos seriam cumpridos se todas outras reformas estão atrasadas?

 Sem resposta, a direção do Sindicato solicitou toda a documentação que justifique a reforma da unidade, além do “Controle de Mudanças”, Cronograma e a planta do proje­to.

 Agora, mais do que nunca, o Sind-Saúde volta a insistir na necessidade de democratizar as relações na instituição – começando pela escolha das direções passando pelos caminhos estratégicos que a Fundação pode tomar.

E mais uma vez: ges­tão participativa não é só formar grupos de trabalhos para informar decisões já tomadas, é tomar decisões em grupo, ouvindo e respei­tando todas as partes envolvidas na decisão.