#8M 2019
Mulheres em luta se aproximam da origem do Dia Internacional da Mulher; em BH o protesto será na Praça Raul Soares
As mulheres sempre lutaram pela vida como lutam hoje, diante do grande ataque dos ricos sobre os direitos e sobre os territórios, colocando o lucro acima da vida, como vimos nos crimes de Brumadinho e Mariana, nos ataques ao SUS e aos direitos trabalhistas e previdenciários e do aumento do feminicídio. As mulheres vão às ruas nesse 8 de março de 2019 lutar contra a reforma da Previdência, contra os crimes da Vale, contra a violência, pela valorização do trabalho e por um processo de desenvolvimento em que a vida seja o centro das decisões.
De mãos dadas com a luta das mulheres que marca este 8 de março está a afirmação de uma sociedade mais justa, fraterna e democrática. É este sentimento que levou o movimento feminista em 1910 a lutar por condições de gênero e de trabalho mais igualitárias. A ofensiva reacionária crescente em todo mundo faz a origem do Dia Internacional da Mulher ficar mais latente. O sentido comercial que em outras décadas tentou usurpar o porquê da luta das mulheres perde força e as mulheres retomam seus gritos por direitos e contra o retrocesso.
A onda conservadora que acelera em vários pontos do planeta, e em especial no Brasil, coloca como um dos primeiros alvos a mulher. É ela a primeira a sentir a dificuldade de manter um trabalho e as exigências da vida familiar. Em 2018, a probabilidade de mulheres terem acesso a um emprego era 26% menor do que a dos homens, diz o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado na véspera do 8 de março deste ano. É ela a primeira a recorrer a políticas públicas que estão sendo atacadas para sustentar seus filhos e garantir a permanência no trabalho, como por exemplo, a procura de creches.
A reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro atinge de forma agressiva as mulheres e os mais pobres. A violência contra a mulher também cresce assustadoramente nessa cultura do ódio que proliferou no Brasil. Há pouco mais de um ano da morte de Marielle Franco sabemos que o feminicídio é uma epidemia no Brasil. Dados do Ipea mostram que, somente em 2015, 4.621 mulheres foram assassinadas no Brasil simplesmente por serem mulheres.
A mulher sabe o porquê da luta. O porquê de querer garantir que direitos sejam tidos como iguais e considerar os diversos privilégios historicamente direcionados. É carregada de uma força secular de resistência que as mulheres se levantam em 2019, se reaproximam da origem da criação da data, para dizer que não aceitamos nenhuma mulher a menos e vamos resistir para que nenhum direito duramente conquistado seja tirado do povo.
Em 2019, as mulheres sairão às ruas novamente. A pauta é contra os ataques aos direitos dos brasileiros que, as mulheres sabem, às colocarão nas primeiras miras.
**Na foto um lindo exemplo de luta das mulheres brasileiras: A maior mobilização de mulheres trabalhadoras rurais do campo e da floresta do Brasil tem esse nome como uma forma de homenagear a trabalhadora rural e líder sindical Margarida Maria Alves. Margarida Alves é um grande símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade, justiça e dignidade. A sua trajetória sindical foi marcada pela luta contra a exploração, pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, contra o analfabetismo e pela reforma agrária. Margarida Alves foi brutalmente assassinada pelos usineiros da Paraíba em 12 de agosto de 1983.
*Ato Dia Internacional das Mulheres
8 de março, às 17h – Praça Raul Soares, Belo Horizonte*