Anvisa proíbe medidor de pressão e termômetro com coluna de mercúrio, mas banimento deveria ser mais amplo

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, em todo o território brasileiro, a fabricação, importação, comercialização e o uso em serviços de saúde de termômetros e esfigmomanômetros (medidores de pressão arterial) com coluna de mercúrio. A resolução foi publicada no dia 24 de setembro no Diário Oficial da União. A resolução é considera um avanço, porém não se aplica em toda a abrangência que o mercúrio é utilizado e que apresenta riscos à saúde.

A medida do governo federal atende a uma demanda da Convenção de Minamata, ocorrida em 2013 no Japão, e, que orienta a redução do uso do mercúrio em todo mundo até 2020. A engenheira de segurança do trabalho Marta de Freitas comemora a vitória, mas alerta para algumas ressalvas. A primeira é sobre o descarte desses equipamentos usados nos serviços de saúde e domésticos. “Essa resolução é muito importante, mas é tão importante como não usar e não fabricar, também é sobre a retirada desses equipamentos, para que não possam poluir o meio ambiente ou também outras pessoas, dependendo do local que eles forem descartados,” alerta Marta de Freitas que orienta o descarte de acordo com a resolução 222 da própria Anvisa, editada em 2018, que trata das boas práticas do gerenciamento de resíduos da saúde.

A outra questão levantada pela engenheira do trabalho são sobre as demais utilizações do mercúrio, sobretudo na indústria e no garimpo que atualmente é responsável pela contaminação do ambiente, rios e populações locais.

“Quando falamos da importância dessa resolução proibindo o uso de equipamentos com mercúrio, é porque a contaminação do mercúrio se dá muito pela inalação dos seus vapores, é altamente volátil. Os efeitos tóxicos podem ser agudos e podem aumentar a frequência respiratória, fadiga, garganta, dar um sabor metálico na boca, tosse, tremores e os sintomas podem variar, desde sintomas leves, como perda de memória, alteração de personalidade, até graves, como confusões, demência, episódios depressivos, doenças que afetam o funcionamento ou estrutura do cérebro, podendo levar inclusive a morte” finaliza Marta.

O mercúrio é um elemento químico líquido, de cor prateada, que tem várias aplicações industriais, como fabricação de lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias, interruptores elétricos, reagente analítico em sínteses orgânicas, produção de fungicidas, inseticidas, reservante de madeira, tintas para cerâmicas, fogos de artifício, cosméticos, mineração artesanal do ouro (garimpo), produção do monômero cloreto de vinila, catalisadores, instrumentos de aferição e já foi usado também como amálgamas dentárias.

Veja nessa matéria do jornal Brasil de Fato como o comércio do mercúrio no garimpo ilegal contamina comunidade indígenas e é um grave problema de saúde pública no Brasil: https://www.brasildefato.com.br/2024/06/23/como-o-mercurio-chega-ao-garimpo-e-por-que-e-preciso-bani-lo-do-brasil