Trabalhadores da Unimontes decidem suspender greve

Reunidos em assembleia da categoria na manhã desta quinta-feira (13/05), os trabalhadores da Unimontes votaram a suspensão da greve que dura 48 dias, quase dois meses. Os trabalhadores decidiram que será formada uma comissão de negociação para retornar o diálogo com governo sobre a pauta de reivindicação. Segundo os dirigentes sindicais, o movimento continuará organizado caso não tenha avanço nas negociações.

Ontem (12/05) estudantes, professores e servidores da Universidade lotaram o Auditório da Assembleia Legislativa (ALMG) para protestar contra a situação da Unimontes durante a audiência pública da comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática. A audiência foi marcada para discutir a autonomia da instituição e a necessidade de garantir recursos no Orçamento do Estado.  

Com o apoio dos universitários, a unidade está parada por conta da greve do corpo docente e de funcionários técnico-administrativos, que pedem mudanças no plano de carreira, reajuste salarial, melhores condições de trabalho, além de uma política de assistência estudantil.

Os trabalhadores pedem, por exemplo, a criação de gratificação de 40% do salário-base, vinculada à avaliação de desempenho individual. Além disso, propõem mudanças nos níveis de ingresso na carreira e o cumprimento do Decreto 36.829, de 1995, que concedeu, na época, reajuste de 10% aos servidores públicos estaduais. “Só que os servidores da Unimontes ficaram de fora. Agora, a Justiça está concedendo o reajuste aos que recorreram aos Judiciário”, explicou o representante da categoria, Ricardo Brandão.

O representante do Sind-Saúde e também servidor Isael Soares Queiroz afirmou ainda que muitos técnicos não ganham sequer um salário mínimo e relatou a situação difícil por que passa o Hospital Universitário Clemente Faria. “No passado, o Hospital já pertenceu à Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), que mantém até hoje servidores lotados na unidade. Só que esses profissionais exercem funções idênticas aos funcionários da Unimontes, mas têm salário diferenciado. A carreira não tem critérios mínimos de organização”, lamentou antes de pedir mais respeito e o fim da demagogia.

Deputados conseguem encontro com secretária de Planejamento

Aproveitando a presença da secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, na ALMG, os deputados interromperam a audiência pública para fazer uma rápida reunião com a representante do Executivo, que informou que discutirá a pauta de reivindicações se a greve for interrompida. Ela acenou ainda com a possibilidade de cumprir pelo menos um item pretendido pelos servidores, que é o pagamento dos 10% de reajuste previstos no Decreto 36.829, de 1995.

Para o deputado Padre João (PT), todavia, não foi suficiente. Ele reclamou do “descaso” da Seplag e de ter sido impedido de participar da reunião com a secretária. “Minha participação foi vetada”, reclamou. O colega dele de partido, Adelmo Carneiro Leão (PT), também criticou a postura da secretaria, que não negociou antes, apesar de já saber que a situação era insustentável. “A greve, de fato, gera prejuízo a todos os envolvidos, mas garante conquistas. Dizer apenas que vai negociar não basta”, afirmou.

Opinião semelhante tem o deputado Carlin Moura (PC do B), para quem é uma falta de respeito exigir o fim da greve para o início das negociações. “A Unimontes é mais uma vítima do choque de gestão. Se existe a greve é porque não há valorização dos profissionais e porque o governo não negociou em momento algum”, disse.

O deputado Carlos Pimenta (PDT), por sua vez, afirmou que a Assembleia vai estar presente em todas as rodadas de negociações entre o comando de greve e o Governo Estadual daqui para a frente. Para ele, já houve avanços. O deputado Arlen Santiago (PTB) concordou e disse que os deputados serão “fiadores” das partes envolvidas, já que todos os parlamentares, independentemente do partido e da orientação política, reconhecem a importância da instituição para a região.

Protestos marcam participação do público

No fim da audiência pública, foi aberta a palavra a plenária, depois de muitos protestos. Uma das que falaram foi a professora Márcia Bicalho, que se declarou indignada com o descaso do Governo Estadual. Ela lamentou o fato de o Executivo ter a Unimontes como vitrine do Norte e alardear que o desenvolvimento da região está ligado a ela, mas sem financiar suas atividades. A professora também cobrou do Legislativo e condenou o fato de questões públicas da educação serem tratadas pelo presidente da Comissão de Educação, deputado Ruy Muniz, empresário do ensino privado.

Em resposta, o deputado Ruy Muniz afirmou que tem orgulho de representar a iniciativa privada, destacando que esse segmento responde por 85% da oferta de educação superior no País. Ele também enfatizou que a audiência pública desta quarta era resultado de um processo de negociação envolvendo vários deputados, entre eles os da oposição.

O deputado Paulo Guedes (PT) também falou aos participantes da audiência, assegurando que a bancada do PT e o PCdoB são a favor da eleição direta nas universidades estaduais. Disse que o bloco de oposição tem defendido o movimento da Unimontes, avaliando que um caminho para solucionar o problema da universidade é uma audiência do governador com o comando de greve.

Requerimentos – Os parlamentares aprovaram também um requerimento para a criação de um grupo de trabalho composto de representantes dos professores, estudantes e servidores para tentar um entendimento com a Seplag.

Com informações da ALMG