Ocupação no Galba continua

 

Trabalhadores e usuários denunciam caos no Hospital João XXIII para esconder pacientes que deveriam ser transferidos para a unidade ortopédica

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No última dia de cirurgias ortopédicas agendadas pela Fhemig no Hospital Ortopédico Galba Veloso (HOGV), o clima dos trabalhadores e usuários era de resistência contra o fechamento da unidade.A ocupação do hospital pelos trabalhadores e usuários se mantêm e a decisão é não recuar. Na última quinta-feira (07/12), quando estavam agendadas as últimas cirurgias para o hospital, uma comissão do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte visitou a ocupação e informou que também se mobiliza em apoio ao funcionamento do Hospital Galba Veloso. O presidente do Conselho, Bruno Pedralva, disse que terá nesta segunda (11) uma reunião com o secretário municipal de saúde, Jackson Machado Pinto, para cobrar um posicionamento do município, que assim como tantas outras cidades mineiras, necessitam do atendimento do Galba Ortopédico.  EDITADA2


Os(as) trabalhadores(as) e usuários se organizam na ocupação para ampliar o movimento de defesa da unidade e da estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS). Durante a reunião com o Conselho Municipal de Saúde, denunciaram que para esvaziar o hospital, a informação que circula do Hospital João XXIII é que não havia vagas no Galba, mesmo com leitos vazios na unidade. Segundo os relatos, só conseguiam transferência quem se revoltava contra a situação e tinha conhecimento das vagas disponíveis no HOGV. Vídeos com essas denúncias também estão sendo compartilhados na internet. Em um dos casos, cinco pessoas foram transferidas para unidade depois de questionarem incisivamente na Fhemig.  

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“A fratura tem um tempo para ser corrigida, se não o osso não consolida. Se a cirurgia não for feita rapidamente seria preciso quebrar o osso novamente para corrigir”, alerta um médico sobre o risco e custo da demora da cirurgia. Para não encaminhar os pacientes  aos leitos – vazios – do HOGV, a Fhemig tem direcionado os atendimentos ao Hospital Amélia Lins. Com isso, a marcação de cirurgias estão sendo feitas com prazo excessivamente longos que gera apreensão de médicos. Ainda segundo as denúncias, a Fhemig não está informando o número de pacientes do HJXXIII que aguardam, nos corredores para serem tranferidos  para unidade ortopédica.

O Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde) critica o desmantelamento do hospital e questiona qual o interesse em fechar a unidade. Caso o hospital feche, os pacientes que são encaminhados ao HOGV entrariam na central de leitos e abasteceria, em grande parte, o serviço privado de Belo Horizonte.

Com a estratégia de esvaziamento do hospital, 7 pacientes continuam sendo atendidos no ambulatório da unidade. Um pai de usuário aproveitou a reunião com o Conselho para manifestar apoio total ao movimento e agradecer o empenho dos profissionais que conseguiram reverter um quadro de amputamento da perna de seu filho que está internado na Unidade. O pai falou do medo de seu filho ser transferido já que ele tem grave risco de pegar uma infecção hospitalar e piorar sua situação de saúde.

A ocupação tem acompanhado momentos delicados de desrespeito aos trabalhadores e sobretudo aos usuários, que pelas condições físicas podem levar para o resto de suas vidas os traumas desta situação. Pacientes  encaminhados para o João XXIII e para o Amélia Lins, têm voltado para o HOGV ou permanecem em trânsito por não encontrarem vagas nas duas unidades. Muitos destes já se deram conta da importância do serviço e hoje a ocupação é composta em grande parte também por usuários. A resistência que hoje soma o oitavo dia, já passou pela data prevista de fechamento (11/12, ontem) e está disposta a permanecer até que o direito à saúde, garantido na constituição, esteja firmado na permanência do Galba Ortopédico. Não vamos recuar!