Ditadura no COREN

Conselho fecha porta para Sindicato em sessão de julgamento

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Em uma atitude autoritária e antidemocrática, a direção do Conselho Regional de Enfermagem (COREN/MG) proibiu que diretores do Sind-Saúde acompanhassem o depoimento de técnicos de enfermagem que denunciaram enfermeiras em um processo ético. A presença do Sind-Saúde foi solicitada pelos próprios trabalhadores que poderiam se sentir intimidados. Mesmo a presença de quase 50 pessoas no auditório, o sigilo da audiência foi apresentado como desculpa para barrar a entrada de diretores do Sind-Saúde.
Com um clima desconfortável, temendo punições e represálias, os técnicos de enfermagem optaram em não participar da plenária. O COREN não conseguiu apresentar nenhum documento que confirmasse a proibição da presença do Sindicato para acompanhar o processo. Ao contrário, em gestões anteriores do COREN, o Sind-Saúde sempre participou das audiências que julgava condutas éticas até para comprovar a transparência e seriedade do processo e do próprio Conselho.
Com denuncias de trabalhadores, o COREN iniciou processo disciplinar para julgar conduta ética de 4 enfermeiras do Hospital Júlia Kubitschek. A segunda audiência convocada para esta terça-feira (15/01), seria acompanhada pelo advogado do Sindicato, dr. Elton Machado, os diretores da entidade, Neuza Freitas e Lúcia Barcelos, e os técnicos que denunciaram os fatos. Mesmo sem a presença dos denunciantes, o COREN manteve a audiência apenas com a participação dos conselheiros, das enfermeiras acusadas e seus respectivos advogados.
A intimação, recebida por todos os envolvidos, deixava claro que a convocação era para a 13ª Reunião Ordinária do Plenário e, em nenhum momento, indicava tratar-se de reunião sigilosa (veja cópia da intimação). O Sind-Saúde/MG irá acionar o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) para anular a audiência e seus resultados, em busca de uma nova reunião mais transparente e resguardado o direito da representatividade sindical dos denunciantes.
O Sind-Saúde/MG lamenta o ocorrido e a falta de sensibilidade da atual gestão do COREN. É dever do Sindicato estar presente em todos os espaços que coloquem em questão a vida no trabalho dos servidores. A coragem dos técnicos em denunciar casos graves ocorridos no HJK deve ser respaldo pelo Sind-Saúde que deve buscar a integridade dos que ousaram denunciar e levar para frente o processo ético/disciplinar.

A MANCHA DE UMA GESTÃO
Proibir o acesso do Sindicato, por parte do COREN-MG, é apenas a ponta do iceberg que tem no fundo a marca de uma gestão autoritária. Durante a audiência, os denunciantes, segundo o Conselho, não poderiam fazer uso da palavra. Apenas o advogado, em período cronometrado de no máximo 10 minutos, tempo escasso para ex­por os fatos sofridos e vivenciados pelos de­nunciantes.
À portas fechadas, a reunião de Con­selho poderia ser similar aos encontros de sociedades secretas ou alguma seita ou mesmo aquelas reuniões com cartas marca­das para reverter um processo de acusação ou até a sentença de uma inquisição medi­eval.
É inacreditável que após anos aprisio­nados por uma nefasta ditadura, agora em pleno Estado democrático de direito, trabal­hadores são meros espectadores e impedi­dos de se manifestar com relação a denuncia que eles próprios encaminharam. Trabalha­dores que contribuem para o Conselho e de­veriam ser vistos como parte da entidade.
O temor dos trabalhadores se deu devido à primeira audiência convocada pelo COREN para discutir o processo. Na oca­sião, os próprios membros do Conselho ten­taram intimidar os trabalhadores, inclusive, houve a tentativa de suborno por parte do advogado de uma das denunciadas, indig­nando os trabalhadores.
A denúncia encaminhada por trabal­hadores, orientados pelo Sind-Saúde/MG, foi recebida na gestão anterior do COREN. Depois de serem denunciadas, algumas en­fermeiras foram premiadas com cargos de chefia.
O Sind-Saúde esclarece que acom­panha trabalhadores da área da saúde, quando solicitado, em vários tipos de pro­cessos, inclusive, de caráter ético. Nesta gestão do COREN, assistimos várias inter­ferências aos direitos sindicais, coagindo trabalhadores. Uma atitude condenável e que mancha a história da entidade.

Intimação sem nomes

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