Ato no Dia Internacional das Mulheres leva centenas às ruas de Belo Horizonte

O Ato Unificado do Centenário de Luta das Mulheres, organizado pela Secretaria da Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores-MG e movimentos sociais, levou mais de 700 pessoas às ruas de Belo Horizonte nesta segunda-feira (8). O ato começou às 13 horas, com concentrações na Praça da Assembleia, no bairro Santo Agostinho, e na Praça 7, na Região Central, e só terminou cerca de quatro horas depois. Durante caminhada, as manifestantes fizeram pronunciamentos diante do Ministério Público, Banco Central, Supermercado Carrefour e Prefeitura de Belo Horizonte, antes de chegar à Praça 7, onde foram acolhidas pela CUT-MG.

Durante o ato, cujo roteiro contou com as alas do trabalho e da violência, as mulheres exigiram igualdade salarial e nas condições de trabalho, a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, direito à licença maternidade de seis meses, à reforma agrária, à terra e à moradia. Elas protestaram contra a violência (assassinatos, agressões, assédio moral e assédio sexual).

  Justiça dos ricos

Na primeira escala do ato, que teve carro de som e foi embalado também por vários instrumentistas e palavras de ordem, os manifestos foram feitos diante da Procuradoria Geral de Justiça do Ministério Público. “Não queremos esta Justiça dos ricos, queremos uma Justiça que contribua para a transformação deste país. Há um descaso da Justiça com as mulheres, muitos assassinos ainda estão  impunes. Também protestamos contra a situação precária dos magistrados. Não é possível que para cada juiz existam hoje 28 mil processos”, disse Gessi Palmeira, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-MG.

As mulheres também se pronunciaram contra as revistas vexatórias nas visitas aos maridos nas penitenciárias e contra a criminalização dos movimentos sociais. Elas deram as costas para a Procuradoria e fizeram um enterro simbólico da Justiça. Na parada em frente ao Banco Central, as manifestantes condenaram a política econômica do governo federal e o neoliberalismo imposto em Minas Gerais nos dois mandatos do governador Aécio Neves.

Durante o trajeto até o Carrefour, na Avenida Afonso Pena, as mulheres cantaram palavras de ordem como “mulher largou o fogão, para  fazer a revolução”, “a nossa luta é por respeito, mulher não é só bunda e peito”, “a nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria” e “quando a mulher avança, o homem não retrocede”.

 

Licença maternidade de seis meses

Após os manifestos em frente ao Carrefour, feitos pelas companheiras da Via Campesina, a caminhada parou diante da Prefeitura de Belo Horizonte.  Nos pronunciamentos, as mulheres exigiram equiparação salarial e a aprovação de projeto que prevê a licença maternidade para as servidoras municipais, que está parado na Câmara Municipal. “Ô, ô Lacerda, não abro mão, queremos creche, saúde e educação”, cantaram.

A acolhida na Praça 7 foi feita por Gessi Palmeira, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-MG, o presidente da Central, Marco Antônio de Jesus, e outros dirigentes sindicais. “Parabenizo as mulheres pelo seu dia e pelo ato maravilhoso que fizeram hoje. Muitos de nossos companheiros da CUT não puderam estar aqui hoje porque foram a Brasília participar da ocupação do Congresso Nacional pela aprovação da PEC que reduz a jornada de trabalho. Nós lutamos junto com as mulheres nos sindicatos para que as nossas bandeiras entrem na pauta democrática. Estamos juntos na caminhada por um Brasil melhor. Parabéns também aos homens que compareceram ao ato, por compreenderem a nossa luta e por quererem caminhar junto conosco”, disse Gessi Palmeira.

Mulher na Presidência

O presidente da CUT-MG também parabenizou as mulheres, mas fez uma reflexão sobre a discriminação. “Parabenizo as mulheres pelos 100 anos de lutas e conquistas. No entanto, precisamos refletir sobre uma triste realidade neste país, a discriminação no mercado de trabalho. Ainda hoje mulheres com mais escolaridade recebem salários inferiores aos dos homens. Também temos que condenar a falta de segurança, que faz com que a Lei Maria da Penha tenha pouco efeito. O caso da cabeleireira, morta pelo ex-marido diante das câmeras com vários tiros, depois de denunciar agressões, e do maníaco de Contagem, preso por outros crimes e depois solto, mostram que é preciso mais rigor da Justiça.”

 

Mas, para Marco Antônio de Jesus, a perspectiva da candidata petista Dilma Roussef ser presidente da República, deve servir de incentivo para as mulheres participarem mais da política. “Acredito que as mulheres vão querer participar mais da vida pública e atuar decisivamente na política para alcançar mais conquistas.”

 

Fonte: CUT-MG