13º Pleária Estatutária da CUT/MG

Veja aqui os principais momentos do encontro que homenageou o ex-diretor do Sind-Saúde/MG, Valdisnei Honório e debateu as questões que envolvem a luta dos trabalhadores no Estado

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Com homenagem a Valdisnei Honório da Silva, ex-diretor do Sindicato dos Farmacêuticos de Minas Gerais e do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG), uma exposição do professor Otávio Dulci e análise de conjuntura de Clemente Ganz Lúcio, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) abriu na sexta-feira (16) a 13ª Plenária Estatutária “Uma Outra Minas é possível” no Sesc Venda Nova, em Belo Horizonte. A plenária prossegue neste sábado (17) e vai ser encerrada no domingo (18).

Na abertura política, realizada após a aprovação do regimento interno, a mesa foi composta pela presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira; juntamente com o secretário-geral da Central e coordenador adjunto da Plenária Nacional da CUT, Jairo Nogueira Filho; o secretário de Formação da CUT Nacional; o deputado estadual Rogério Correia (PT), do bloco Minas Sem Censura; e o presidente da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas da Grande Belo Horizonte (Ames-BH), Lincoln Emanuel.

José Celestino Lourenço, o Tino, elogiou a iniciativa de homenagear Valdisnei Honório da Silva. “Valdisnei sempre foi um companheiro combativo e um grande lutador pela democratização da comunicação. Esta é uma justa homenagem”, afirmou o secretário de Formação da CUT.

“O povo vem sendo muito maltratado em Minas Gerais. Se antes a conjuntura do Estado parecia ser do interesse apenas dos servidores estaduais, o desgaste do projeto liberal nós que fizemos, nós levamos o debate para a população e não tivemos medo. A plenária acontece no momento em que os trabalhadores em educação decidiram entrar em greve no dia 21, a saúde vai parar no dia 27, os trabalhadores da rede municipal de Contagem , de Ibirité, de Betim pararam. Os servidores públicos municipais de Belo Horizonte, representados pelo nosso querido Sindibel , enfrentam Márcio Lacerda e fazem greve desde o dia 6. Os metroviários se mobilização contra a estadualização e privatização do metrô. Somos nós que fazemos a luta neste Estado. A parte do Hino Nacional que eu mais gosto é ‘um filho seu não foge à luta’. Nós não fugimos nunca”, afirmou Beatriz Cerqueira.

Homenagens
Após a mesa de abertura, o vice-presidente da CUT/MG, Carlos Magno de Freitas, coordenou a homenagem a Valdisnei Honório da Silva, ex-diretor do Sinfarmig e do Sind-Saúde/MG falecido no ano passado. “Uma homenagem a quem concluiu sua caminhada entre nós, mas que deixou uma grande contribuição para o movimento sindical e para luta pela democratização da comunicação”, afirmou Carlos Magno de Freitas.

O vice-presidente da CUT/MG encerrou a homenagem com a entrega de uma bandeira da Central ao presidente do Sinfarmig, Rilke Rovato Públio. “Valdisnei era um cara elétrico. Uma homenagem em uma plenária da CUT era o que ele mais gostaria de receber, pois é uma atividade de trabalho. O tema ‘Uma Outra Minas é possível’ tem tudo a ver com a lutar de Valdisnei , que sempre combateu o bloqueio da mídia pelo governo e defendeu a democratização da comunicação. Ele deve estar no céu nos agradecendo”, disse Rilke Públio;

Professor Otávio Dulci aponta soluções para Minas Gerais

O professor Otávio Dulci, que fez a conferência de abertura da 13ª Plenária Estatutária da CUT/MG, considerou extremamente apropriado para o momento o tema “Uma Outra Minas é possível”. “O título está ótimo. Eu assisti a mesa anterior e falaram que os movimentos sociais nem sempre pensam os problemas da região. Debate-se mais a conjuntura nacional e internacional e se esquecem de questões próximas, que são muito importantes. Outro Brasil é possível. E Minas é um retrato do país. É um Estado muito importante para o Brasil e tão heterogêneo quanto o país. Tem áreas muito desenvolvidas e regiões muito pobres. Imaginamos o país e o Estado mais integrados. Para pensarmos e, outra Minas, temos que pensar em maior integração”, analisou Otávio Dulce, que compôs a mesa ao lado do vice-presidente da CUT/MG, Carlos Magno de Freitas, da secretária de Combate ao Racismo, Elaine Cristina Ribeiro, e do integrante da direção estadual da Central, Abdon Geraldo Guimarães.

Outra falha dos governos mineiros, principalmente nas últimas gestões, foi não estabelecer políticas para que a economia do Estado acompanhasse o aumento do consumo de massa. “Minas não investiu nisto. Outros estados viram a oportunidade com os novos consumidores.. Nós estamos num processo eleitoral, se houver interrupção no processo de distribuição de renda no Brasil, pode haver retrocesso. Em Minas as políticas sociais precisam avançar por causa das desigualdades. Minas tem uma proporção de pobres gigante. Houve expansão enorme nas universidades federais, que são 11 agora em Minas Gerais. Aumentou o número de escolas técnicas. A expansão das universidades tem uma função de formação, representa um grande pólo de regionalização industrial, uma ajuda que o resto do Brasil tem dado a Minas ao provocar o desenvolvimento regional”, disse Otávio Dulci.

Para o professor de Ciência Política da UFMG a solução para Minas Gerais seria diversificar a economia, investir em tecnologia avançada, transporte, infraestrutura e logística. “Minas aposta ainda num sistema velho. É preciso recuperar o papel do Estado, na coordenação do governo nas políticas públicas. O Estado foi se retraindo e chegou a uma posição minimalista, que fomentou a crise, com a gigantesca dívida pública. O governo hoje tem capacidade de investimento muito pequena. Temos que pensar em formas de desenvolvimento e acabar com esta política de Estado mínimo, que é a filosofia do governo. É preciso recuperar o papel dinâmico do Estado, como era antes. Este é o caminho para chegar a outra Minas e um trabalho lento, para várias gerações”, concluiu Otávio Dulci.
Reforma política, formação e investimento em comunicação dominam debates

Juarez Guimarães, professor de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e o secretário de Formação da CUT Nacional, José Celestino Lourenço, o Tino, foram os expositores do debate Conjuntura e Reforma Política que abriu neste sábado (17) o segundo dia da 13ª Plenária Estatutária da CUT/MG, no Sesc Venda Nova, em Belo Horizonte. A mesa foi formada também pela presidenta da CUT Regional Vale do Aço, Feliciana Saldanha, por Oleg Abramov, da CUT Regional Zona da Mata, e Sérgio Leôncio, da direção estadual da CUT/MG e diretor do Sindimetro-MG.

“Um debate sobre a reforma política é muito importante e estratégico pois trata-se da forma da classe trabalhadora liderar a luta democrática. Não estamos numa ditadura militar, mas. A luta democrática continua sendo fundamental. É preciso levar em consideração três pontos. Quando se forma um governo de esquerda num país é fundamental que o Estado seja radicalmente democrático para que o programa de esquerda seja plenamente implementado. Em segundo lugar, o neoliberalismo significou nos últimos nos últimos 40 anos mudanças estruturais, mas a democracia liberal reduziu drasticamente a soberania no Estado. Para superar o neoliberalismo é preciso democratizar o Estado. Em terceiro lugar nós estamos vivendo uma conjuntura nacional após as manifestações de junho de 2013 e o que elas trouxeram foi o grito democrático das ruas, por um novo histórico de transformações no Brasil. Por estas três razões , a CUT deve assumir como representante das classes trabalhadoras, a liderança da luta democrática. Em tem feito isto na luta pela Constituinte exclusiva para a reforma política, com a coordenação da realização do plebiscito popular. A CUT está se colocando como a Central de referência das novas classes trabalhadoras, para consolidar sua posição como a Central mais combativa e representativa”, disse Juarez Guimarães.

Para José Celestino Lourenço, o momento de fazer uma escolha chegou para a classe trabalhadora. “Só tem uma saída: a gente enfrentar o desafio como classe trabalhadora. A categoria, a corporação é um instrumento positivo, mas ela deve estar voltada para a luta de classe. Quando houve mais truculência do projeto neoliberal , nós ficamos em nossas trincheiras e perdemos algumas lutas, como contra a privatização. A gente faz belas análises de conjunturas, fazemos debates. Mas a análise não entra no nosso processo de estratégia e sofremos derrotas. O que nós estamos vendo no conjunto das lutas de classe é o ódio das elites contra as classes trabalhadoras. Haja vista que temos mais de 200 milhões de desempregados no mundo, mais de 50% são jovens. O ataque ao movimento sindical está sendo feito de forma global na América Latina, com aparato fundamental, que é a mídia.

José Celestino Lourenço considera essencial, neste contexto, um processo de democracia participativa. “Temos que garantir o processo com o plebiscito pela Constituinte exclusiva para a reforma política. Com a reforma, teremos a possibilidade de mudar este Parlamento que trava a pauta a pauta da classe trabalhadora. É um Congresso com o perfil da ditadura militar.”

Após o debate com os delegados e observadores, Juarez Guimarães e José Celestino Lourenço receberam esculturas de artesãos do Vale do Jequitinhonha das mãos de Feliciana Saldanha e do diretor do Sindimetro-MG e da direção estadual da CUT/MG, Sérgio Leôncio.

Fernando Pimentel assina carta de compromisso com os trabalhadores de Minas Gerais

Os delegados da 13ª Plenária Estatutária da CUT/MG Valdisnei Honório da Silva – “Uma Outra Minas é possível” aprovaram, na manhã de domingo (18), último dia da atividade, uma carta compromisso dos trabalhadores que vai ser apresentada aos candidatos ao governo do Estado de Minas Gerais. O texto apresentado pela presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Beatriz Cerqueira, foi assinado pelo pré-candidato do PF, Fernando Pimentel, que compareceu à plenária acompanhado dos deputados Paulo Lamac, Odair Cunha e por Roberto Carvalho.

“A CUT não vai assumir uma posição adesista. Queremos que os candidatos se comprometam com as reivindicações gerais da classe trabalhadora e com a garantia de negociar as pautas específicas durante o mandato”, disse Beatriz Cerqueira.

Pimentel criticou o ciclo de governo do neoliberal, que há 12 anos dirige o Estado e não dialoga com os movimentos sindicais e sociais. “Estamos vivendo talvez o pior, ou um dos piores momentos em Minas Gerais na relação entre poder executivo e movimento sindical. Nunca houve na história um momento em que as entidades representativas dos trabalhadores, especialmente do setor público, fossem tão desprezadas, pisoteadas, e afastadas da verdadeira negociação, legítima e respeitosa, como deve ser entre o governo constituído e os trabalhadores. O governo ainda amordaça a mídia que também não voz aos movimentos sindicais e sociais no Estado.”

O pré-candidato disse, ainda, que não irá privatizar as estatais de energia (Cemig) e água e esgoto (Copasa), e que deverá priorizar a prestação de serviços públicos nessas empresas, ao invés do lucro de acionistas.

CARTA COMPROMISSO COM OS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DE MINAS GERAIS
1) Fim da política de criminalização das lutas sociais;
2) Investimento nas áreas de saúde, educação, mobilidade urbana, habitação, agricultura familiar, segurança pública e saneamento básico, de modo a garantir à população serviços públicos de qualidade, sem modelo de privatização;
3) Reversão do processo de privatização da Cemig e da Copasa;
4) Instituição do piso salarial regional;
5) Defesa das reservas naturais do estado, com o estabelecimento de rigorosa fiscalização na área da mineração;
6) Discussão com os trabalhadores sobre a política de desenvolvimento regional;
7) Reconhecimento do direito de negociação coletiva no setor público estadual, concurso público e fim da política de terceirização;
8) Apoio ao plebiscito da constituinte exclusiva pela reforma do sistema político;
9) Aplicação da Lei 11.738/08 do Piso Salarial Profissional Nacional para os profissionais do magistério da rede estadual;
10) Aplicação do mínimo constitucional nas áreas de saúde e educação e valorização das universidades estaduais;
11) Envolver os trabalhadores metroferroviários na discussão e definição da implantação da gestão do sistema do metrô de Belo Horizonte e região metropolitana, sem modelo de privatização;
12) Realização de reforma agrária, apoio à agricultura familiar, aos assentamentos existentes e pelo fim do trabalho escravo;
13) Discussão das plataformas de governo com os trabalhadores e movimentos sociais.

 

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