Sindicatos nos EUA?
Desigualdade e empobrecimento: as consequências da falta de sindicatos nos Estados Unidos
O acadêmico e deputado norte-americano pelo Estado da Califórnia Ro Khana afirmou que o enfraquecimento dos sindicatos e a diminuição dos trabalhadores sindicalizados nos Estados Unidos são os responsáveis pelo aumento da desigualdade e o encolhimento da classe média no país.
“Se você está se perguntando por que os Estados Unidos têm um nível de desigualdade da época da Grande Depressão e a classe média desapareceu, considere que os trabalhadores sindicalizados estão diminuindo há décadas”, escreveu ele no Twitter em julho.
Grande Depressão é o nome dado a maior crise econômica do século 20, que teve início em 1929, com a quebra da bolsa de valores de Nova York, e persistiu durante toda a década de 1930.
Os EUA enfrentam há quase 40 anos a estagnação da renda da metade mais pobre da sua população. Desde 1980, o valor médio dos rendimentos anuais brutos desse segmento aumentou apenas US$ 200 (R$ 760), para US$ 16,6 mil ao ano.
Ao mesmo tempo, a renda média anual bruta dos 10% mais ricos dobrou (para US$ 311 mil); e a do 1% no topo triplicou (US$ 1,3 milhão).
Já a classe média (os 40% no estrato social entre ricos e pobres) apresentou crescimento em sua renda pouco acima de 40%, o que a empobreceu em relação à camada mais rica. Os dados são do Relatório da Desigualdade Global 2018, da equipe do economista francês Thomas Piketty, e os valores são de 2016. Os números foram publicados pela Folha de S. Paulo.
“É importante destacar que nos Estados Unidos, os trabalhadores do ramo financeiro simplesmente não contam com sindicatos que os representem. E no país que é considerado o centro mundial do sistema capitalista, esses trabalhadores ganham menos do que a média nacional daquele país”, afirma Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e bancária do Itaú.
É preciso fortalecer os sindicatos
Em outro tweet, de agosto do ano passado, Ro Khana defendeu o fortalecimento dos sindicatos e a expansão das sindicalizações nos Estados Unidos como forma de aumentar o poder dos trabalhadores frente aos patrões.
“Em 1945, 33% dos trabalhadores eram sindicalizados. Hoje apenas 10% são sindicalizados. Se você está se perguntando por que os salários estão diminuindo cada vez mais e os lucros das corporações ‘voando a alta altitude’, basta olhar para o poder de negociação dos trabalhadores. Nós precisamos expandir o poder dos sindicatos”.
Khana está entre os seis membros da Casa dos Representantes dos EUA (equivalente à Câmara dos Deputados), e entre os dez do Congresso que não aceitam contribuições de campanha de empresas. Suas doações de campanha vêm somente dos eleitores.
“Sindicatos fortes, representativos e combativos estão intimamente ligados à ampliação de direitos e ao aumento da renda dos trabalhadores que representam. Um exemplo que comprova este fato é que os trabalhadores bancários, que contam com sindicatos fortes, tiveram aumento real de 21,84% desde 2004. Se levarmos em conta o aumento de 1% acima da inflação deste ano, esse índice sobe para 23,06%”, afirma Ivone.
“Por essa razão é fundamental associar-se ao sindicato, pois uma entidade forte que consegue conquistar direitos e aumentos reais só pode ser construída com o apoio dos trabalhadores”, finaliza Ivone.
Fonte: CUT