Projeto propõe reabertura imediata do Hospital Maria Amélia Lins como centro cirúrgico ortopédico público de referência
Uma equipe de profissionais do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), vinculado à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), elaborou um plano técnico que propõe a reabertura imediata do bloco cirúrgico e a reestruturação completa da unidade como solução eficiente e econômica para ampliar a capacidade de cirurgias ortopédicas do Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais. O projeto foi apresentado esta semana ao Conselho Estadual de Saúde (CES-MG) como alternativa ao modelo de fragmentação dos leitos da unidade em outros hospitais da rede Fhemig. O bloco cirúrgico, com salas equipadas e prontas para o uso, está fechado desde dezembro de 2024 e sua reforma foi finalizada em abril de 2025 permanecendo fechado.
A proposta acontece em meio a disputa judicial pela reabertura do bloco cirúrgico. Na próxima terça-feira (28/10), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais vai discutir a ação movida pelo Ministério Público (MPMG) que pede a reabertura do bloco. Neste mesmo dia, o Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG), servidores, usuários do SUS organizam um protesto em frente ao TJMG. Motociclistas e ciclistas, um dos perfis de maior atendimento da unidade, também se mobilizam para a manifestação.
A proposta faz frente ao plano do governo que prevê a instalação de seis salas cirúrgicas em três hospitais diferentes da Fhemig. Os profissionais da saúde que desenvolveram o plano de reabertura do HMAL contestam a medida do governo e afirmam que ela eleva custos e fragmenta o atendimento. Além disso, a equipe do HMAL é especializada no atendimento ortopédicos, o que não acontece nos outros hospitais.
Plano prevê reativação imediata e aumento da capacidade cirúrgica
O projeto estabelece a reabertura das quatro salas do centro cirúrgico no prazo de até 10 dias e a reativação de 36 leitos distribuídos entre terceiro e quarto andares como retaguarda do HJXXIII atendendo as cirurgias programadas e as suas “complicações” e a reabertura do segundo andar voltado para hospital dia atendendo as cirurgias eletivas. Também está prevista a retomada integral dos atendimentos ambulatoriais de ortopedia, cirurgia plástica, bucomaxilofacial e reabilitação.
Com essas ações, a unidade poderia atingir a meta de 500 cirurgias mensais contribuindo para reduzir filas de espera e desafogar o Hospital João XXIII, referência estadual no atendimento a traumas graves. Antes do fechamento do bloco cirúrgico, em 2024, o HMAL realizava entre 219 e 297 cirurgias por mês, com altos índices de eficiência e satisfação de pacientes.
Eficiência, economia e preservação da gestão pública
O estudo comparativo apresentado mostra que a reativação do HMAL representa menor custo operacional, ativação imediata e integração plena com a rede SUS, ao contrário da proposta de redistribuição de cirurgias em outras unidades, que exigiria novas obras, contratações e aquisição de equipamentos.
O plano reforça ainda a importância de preservar a gestão pública plena do hospital, evitando a cessão do patrimônio à iniciativa privada e garantindo a continuidade da assistência integral e universal conforme os princípios do SUS.
As autoras do projeto — a diretora clínica Andrea Fontenelle, a vice-diretora clínica Denise Teixeira, a nutricionista Maria Gonçalves Soares que vem representando os trabalhadores — defendem que o CES-MG recomende ao Governo de Minas e ao TCE-MG a avaliação comparativa das propostas sob critérios técnicos, assistenciais e econômicos.
“Reabrir o Maria Amélia Lins é uma decisão tecnicamente fundamentada, economicamente sustentável e socialmente responsável. O hospital está pronto e pode voltar a operar com plena capacidade, garantindo atendimento rápido e seguro à população e melhor aproveitamento dos recursos públicos”, afirmam as profissionais no documento.

