Luta por valorização do SAMU marca audiência pública na ALMG

A precarização das condições de trabalho dos profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em Minas Gerais foi tema central de uma audiência pública realizada nesta terça-feira (21) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), convocada pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT). O encontro escancarou a defasagem salarial, os atrasos nos repasses do piso da enfermagem e a falta de reconhecimento da categoria — especialmente dos condutores socorristas.

A audiência foi marcada pela forte presença do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde), que tem se colocado à frente da luta pela valorização dos profissionais e a regularização dos repasses para os consórcios que gerenciam o SAMU em várias regiões do estado.

“Estamos falando de vidas”
Durante a audiência, a diretora do Sind-Saúde, Núbia Dias, foi enfática ao denunciar a situação crítica enfrentada pelos trabalhadores do serviço. Segundo ela, há um passivo de mais de R$ 2,5 milhões referente ao ano de 2023 que ainda não foi pago à enfermagem que atua no SAMU.

“Temos uma defasagem de quase cinco anos. Minas Gerais hoje tem uma das piores remunerações do país tanto para condutores quanto para profissionais da regulação. Estamos falando de vidas, tanto dos trabalhadores que adoecem com essa sobrecarga quanto da população que depende do serviço”, alertou Núbia.

O condutor socorrista Edmar Abreu também deu voz à indignação da categoria. Em sua fala, ele ressaltou que a profissão de condutor socorrista sequer é oficialmente reconhecida como parte da área da saúde — o que contribui para a desvalorização salarial e institucional do trabalho.

“Hoje, um condutor socorrista, que participa ativamente da cena e do salvamento, recebe entre R$ 1.500 e R$ 2.000. É um salário pífio. E o piso da enfermagem, quando chega, já vem atrasado. Isso gera ansiedade, estresse e sentimento de abandono”, relatou.

Governo aponta avanços, mas trabalhadores cobram efetividade
Representantes do governo estadual e federal estiveram presentes e destacaram os avanços na ampliação do serviço. O subsecretário estadual de Saúde, Renan Guimarães, afirmou que o SAMU já cobre 795 dos 853 municípios mineiros e que todos deverão estar atendidos até 2026. Ele destacou que o Estado tem mantido um aporte financeiro de cerca de 40% do custo total do serviço.

Já o representante do Ministério da Saúde, Fernando Figueira, anunciou que está prestes a ser sancionado um projeto de lei federal que reconhece o condutor socorrista como profissional da saúde — uma reivindicação histórica da categoria. No entanto, Figueira reconheceu as limitações orçamentárias enfrentadas atualmente pelo governo federal, o que pode dificultar novas expansões de investimentos a curto prazo.