Denúncias no HCM
Conflito de escalas de trabalho no Hospital Cristiano Machado
Trabalhadores do Hospital Cristiano Machado e diretores do Sind-Saúde se reuniram nesta terça-feira, 03, com a Diretoria de Gestão de Pessoas (Digepe) e representante da Diretoria Assistencial (Dirass) da Fhemig, o diretor da unidade e a responsável técnica para discutir e chegar a uma solução sobre a unidade, com relação ao fluxo de trabalho e vários conflitos de escalas, que tem causado transtorno para os trabalhadores do hospital. A reunião teve início com uma hora e meia de atraso.
Segundo Neuza Freitas, diretora do Sind-Saúde, a situação não aconteceu apenas com dois funcionários como já havia sido informado ao Sindicato, mas com vários outros trabalhadores que participaram da reunião para denunciar a falta de respeito e despreparo por parte da gestão do Hospital com os trabalhadores. A diretora alegou também que foi solicitada a presença da diretora da Dirass, por se tratar de uma pauta que já está sendo debatida na Mesa Sus, no entanto, uma assessora foi enviada para representar a diretoria.
Para Neuza, a situação é de responsabilidade da Digepe porque envolve cargo, turno e gestão de pessoas, com impacto direto na assistência aos pacientes. “Trouxemos trabalhadores para fazer os relatos, que interfere diretamente no atendimento ao usuário. Por isso tem que ser tomado providências urgentes”, pontuou.
Além das denúncias sobre o conflito de remanejamento no hospital, foi também levantada questões como falta de insumos básicos para o funcionamento da unidade. Além disso, falta diálogo para definir quanto aos turnos e escalas de trabalho dos trabalhadores, o que gera desconforto e problemas para a vida dos servidores.
“Falta insumos como papel higiênico, camisinha que se usa para fazer coletor urinário, cobertura de curativo e muitos outros itens imprescindíveis que dificulta o nosso trabalho. Não bastasse isso, há ainda a mudança nas escalas”, ressaltou Luciana Silva, diretora do Sind-Saúde.
“Enfermeiro do noturno passou a ser escalado nos dois turnos. Não tem diálogo com a equipe. Tudo tem que ser dialogado de acordo com a disponibilidade do trabalhador. As escalas não podem ser definidas arbitrariamente. No Cristiano Machado chegou-se ao ponto de colocar paciente em risco, colocando profissionais que não tem experiência em bloco cirúrgico, sem treinamento e muitos sem nenhum perfil para o tipo de atendimento”, completou.
Os trabalhadores que estavam presentes na reunião denunciaram a mesma situação, um deles apresentando um print de conversa onde havia ameaça de mudança de escala através de sorteio, caso os trabalhadores não aceitassem cobrir a falta de pessoal, inclusive ameaçando lançar na avaliação do servidor. “Falta de respeito pelos corredores do hospital é o que mais temos visto. Chegou um nível de adoecimento dos trabalhadores”, disse uma das servidoras do Hospital Cristiano Machado.
“Falta um pouco de respeito e solidariedade e isto reflete no processo de trabalho e tudo virou reduto de fofoca”, debateu outra servidora.
Para Neuza Freitas, existe uma falta de conhecimento da administração pública. “O gestor, assim como qualquer outro servidor, e tem que gerir o público, inclusive a força de trabalho!”
A diretora comunicou ainda que foi solicitada uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da ALMG para tratar sobre casos de assédio moral na Fhemig. “Se a direção assistencial da Fhemig não está sabendo dar orientação, então temos que procurar outras alternativas de resolução”, completou Neuza.
A diretora lembrou do Termo de Ajustamento de Conduta proposto pelo Ministério Público, após denúncia de assédio no Colônia Santa Izabel, que prevê multa no valor de R$10 mil em caso de descumprimento com abrangência em toda as unidades da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig). Em caso de denúncias de assédio contra a Fhemig, a multa será corrigida com índices aplicáveis aos débitos trabalhistas. A Fhemig terá um prazo para responder. A multa poderá ser revertida para instituição de apoio direto ou indireto ao trabalhador indicada pelo MPT.
Segundo a Digepe tem que ser levado para Dirass para atuar em conjunto. A Dirass está com proposta gerencial de representatividade de cada categoria. Com isso, poderão levar para a gerência do hospital todas as questões levantadas e buscar a solução definitiva do conflito.
Após exposição dos problemas levantados, ficou como encaminhamento: mudança na postura na abordagem com os servidores, capacitação com acompanhamento direto pelos trabalhadores; buscar na unidade o dimensionamento, além de reposição de falta de pessoal que será encaminhado pela Digepe e pela direção local da unidade.
O que foi observado, é muita falta de conhecimento de gestão da forma de funcionamento administrativo no âmbito do serviço público. Foi denunciado que existe uma orientação equivocada para que na passagem de plantão sejam abertas “não conformidades”, uma espécie de termo de ocorrência que serve apenas como punição e não como crescimento e orientação profissional.