Coren fará vistoria em Betim

Servidores denunciam caos na saúda da cidade ao presidente do Conselho
 
reuniao coren e sindsaude betim
As denúncias da precária situação da saúde e as péssimas condições de atendimento que os servidores da saúde de Betim são obrigados a conviver chegaram ao Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (COREN-MG) que prometeu apuração em 30 dias. O presidente do Conselho, Marcos Rubio,  ouviu relatos chocantes de servidores que foram até a sede da autarquia para apresentar as denúncias. Falta de material, sobrecarga de trabalho com constante risco ao paciente, desrespeito as normas da enfermagem e da vigilância sanitária, ausência de equipamento de proteção individual (EPI) risco de contaminação, ameaças aos profissionais com arma de fogo e violência foram algumas realidades expostas ao conselho. A reunião mostrou o clima de ansiedade que os trabalhadores vivem ao presenciar diariamente o caos no SUS de Betim e conviver com o desrespeito do governo municipal.
 
Os servidores da saúde de Betim, em greve desde 12 de maio, chegaram ao limite da prestação de serviços com condições precárias e não aceitam mais a omissão da gestão. Ao denunciar o descaso com a saúde pública em Betim, os servidores mostraram o comprometimento profissional e a insegurança de lidar com a vida com as condições apresentadas pela gestão. A falta de pessoal leva a um técnico de enfermagem ser responsáveis  por mais de 25 pacientes, sendo 10 dependentes total, diz uma das trabalhadores. Outra relata que chega a atender ao mesmo tempo 18 crianças em enfermaria de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. A situação foi demonstrada igual em todas as unidades de saúde e no Hospital Regional.

Superlotação e falta de profissionais são apenas uns dos motivos que levam os servidores a atender precariamente o usuário. O Atendimento em local improprio, como massagem e entubamento no chão viraram rotina, afirma uma das trabalhadoras. “Trabalhar assim é desumano. Não conseguimos beber aguá e se der vontade de ir ao banheiro não tem como, pois não conseguimos sair do posto de trabalho nem por 5 minutos” aponta para o desespero uma das trabalhadoras.

As trabalhadoras também mostraram o número perverso do caos: em menos de 24 horas morreram nove pacientes no Hospital Regional. Segundo as trabalhadoras, nenhum dos casos tinham prognósticos ruins.
 
Para a diretora do Sind-Saúde Núcleo Regional Betim, Berenice de Freitas, a luta dos trabalhadores é pela política de saúde e por um SUS de qualidade. “As unidades de saúde de Betim tem a mesma estrutura de quando foi criada em 1996, poucas foram modificadas. A UAI 7 de Setembro, por exemplo, foi criada para atender 40 mil habitantes e hoje é responsável por atender uma população de mais de 100 mil habitantes com a mesma estrutura e praticamente o mesmo número de profissionais. Isso acontece em toda Betim que hoje tem mais de 400 mil habitantes” aponta  Berenice.

O Sind-Saúde protocolou durante a reunião um documento contendo várias denúncias da falta de condições de materiais, a falta de medicamentos nas unidades de saúde para que o Coren fiscalize.

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Estrutura precária e falta de material

Enfermarias instaladas no corredor, instalações inadequadas e falta de material também são apontados como situações de riscos em Betim. Faltam desde dipirona à seringa, soro, glicemia e equipamentos de trabalho.
Segundo Marcos Rubio, o Coren fará representação dos casos que transcendem a competência do Conselho para a vigilância sanitária estadual e a auditoria do SUS.
 
Coren irá reeditar deliberação que interfere em direito de greve

Durante a reunião, os servidores ainda relataram assédio moral e ameaças de chefias no movimento grevista. Os trabalhadores afirmaram que alguns enfermeiros utilizam a deliberação do Coren sobre escala mínima para desarticular e impedir a adesão à greve. Em relação a isto, o presidente do Coren afirmou que a greve é um direito do profissional e que o Conselho irá alterar a deliberação 176,2007 que diz respeito ao assunto. Marcos Rubio disse que a norma que interfere na lei de greve já está sendo reeditada e que a minuta deverá ser definida no próximo mês.
O Sind-Saúde também irá encaminhar as denúncias das precárias condições das unidades de saúde para a Vigilância Sanitária e outros órgãos competentes, como o Ministério Público.