ALMG visita Julia
Finalizar obras paradas e resolver déficit de trabalhadores são principais reivindicações no HJK
O Hospital Julia Kubitschek (HJK), que é referência na regional Barreiro e atende toda região metropolitana, tem capacidade para dobrar o atendimento à população com a ampliação de leitos, não fosse as obras paradas e os problemas que se acumulam por falta de recursos. O repasse do governo estadual e do governo federal tem gerado um grave problema nas unidades da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig). A situação do HJK foi discutida nesta terça-feira (13/08) por deputados estaduais da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), vereadores de Belo Horizonte, lideranças comunitárias e a diretoria do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG).
Para a diretora do Sindicato, Neuza Freitas, os problemas enfrentados no Julia são comuns a toda Fhemig. Durante a reunião da Comissão de Saúde da ALMG realizada no hospital, Neuza apontou a necessidade de fazer uma frente ampla para unir esforços na busca de recursos. O presidente da Comissão, deputado Carlos Pimenta, e o deputado Wendel Mesquita, que solicitou a reunião, se comprometeram a fazer uma agenda no legislativo para discutir a questão.
As obras do HJK estão paradas desde 2010 por falta de verba. Se concluidas, o hospital passaria a ter 40 leitos e 400 leitos gerais. Segundo o presidente da Fhemig, Fábio Baccheretti, a capacidade atual do Julia é de 4.500 atendimentos mensais com 270 leitos funcionando, apenas 19 leitos de CTI e duas alas fechadas. O diretor do Hospital Samar Musse também acompanhou a visita técnica da ALMG e admitiu que a falta de pessoal também é um grande problema para a unidade.
Sem concurso público, a Fhemig tem diminuído significativamente sua força de trabalho. A diretora do Sind-Saúde Neuza Freitas destacou ainda o absenteísmo, que devido ao acúmulo de trabalho também acaba gerando doenças nos trabalhadores. “A Fhemig é a maior rede hospitalar da América Latina. Cerca de 10 a 15% do afastamento do trabalho é ligado à saúde mental ou comportamental. Com isso aumenta muito a sobrecarga de trabalho”, refletiu.
O deputado Carlos Pimenta também criticou o investimento do Estado em hospitais filantrópicos e da rede privada em detrimento da melhoria da estrutura dos hospitais públicos.
Outras questões para a melhoria da unidade hospitalar foram levantadas como a instalação de uma nova caldeira a gás e a mudança do sistema elétrico do hospital. Neuza Freitas relatou o risco de infecção cruzada por transportar pacientes de uma ala para outra para que eles possam tomar banho quente. O presidente da Fhemig chamou atenção para o potencial para energia solar que o hospital possui devido ao tamanho do telhado. Essa mudança poderia ser uma solução para economia com a energia elétrica dos hospitais. Ao todo a Fhemig tem uma dívida de 40 milhões com a Cemig, segundo Fábio Baccheretti.
Outra solução que o presidente da Fhemig apontou é transformar o HJK em um complexo hospitalar, reunindo também o Hospital Eduardo de Menezes, para se reestruturar como unidade de alta complexidade e garantir a autossustentabilidade.
Após a reunião, o grupo seguiu pelas dependências do HJK e pelas estruturas com obras paralisadas. Eles também visitaram o cinema do Hospital que também está desativado por falta de recursos. O presidente da Fhemig defende um projeto que traga aos pacientes que por vezes ficam internados por meses ou anos essa opção de acesso ao cinema. Sem nenhum investimento público, o cinema foi feito com o esforço dos trabalhadores e da comunidade.