Agenda CUT/MG para 1º de maio
Central lança agenda de lutas e debates com destaque para os três massacres que a classe trabalhadora sofreu em Minas Gerais
Foto e texto: Rogério Hilário (CUT/MG)
Com a presença de centenas de dirigentes sindicais, representantes e militantes dos movimentos sociais, a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) lançou nesta segunda-feira (15) a sua programação para o Dia do Trabalhador, no Plenarinho IV da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Com o tema “Nosso 1º de Maio é de Luta”, a Central, como contraponto às comemorações oficiais, neste ano, lembra três das maiores atrocidades cometidas contra a classe trabalhadora em Minas Gerais: o Massacre de Ipatinga, a Chacina de Unaí e o Massacre de Felisburgo. A mesa foi composta pela presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira; Carlos Magno de Freitas, vice-presidente da Central; Shakespeare Martins de Jesus, da CUT Nacional; Sílvio Netto, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); e Carlos Calazans.
“A CUT não aceitou convites para participar e patrocinar festividades. Nosso 1º de Maio não tem distribuição de prêmios ou shows de cantores famosos. Preferimos manter nossa tradição de luta, com uma agenda de atos, mobilizações e debates e lembrar os três massacres 1 de maio festivo, com prêmios, preferimos lembrar neste ano três massacres que a classe trabalhadora sofreu em Minas Gerais. Crimes ainda impunes. Cada ano elegeremos um tema que represente a luta da classe trabalhadora”, disse a presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira.
Beatriz Cerqueira aproveitou para pedir solidariedade à greve dos técnico-administrativos da UFMG e aos eletricitários, que fazem paralisação nesta terça-feira (16) e nesta quarta-feira (17) pelo acordo coletivo de 2012. Ela também convocou todos para a greve nacional da educação, nos dias 23, 24 e 25. “Vivemos momentos de lutas e debates. Agradeço a todos os sindicatos de base, as federações, as confederações que estão aqui. Desejo a todos um mês de maio de lutas e conquistas para a classe trabalhadora”, finalizou.
Sílvio Netto, do MST, revelou que o julgamento do fazendeiro Adriano Chafik, mandante e réu confesso do Massacre de Felisburgo, foi marcado para o dia 15 de maio, em Belo Horizonte. “Esperamos que seja feita Justiça, depois de várias tentativas de adiamento do júri. Se depender de nós, como classe organizada, esse fazendeiro vai ser condenado, que isso sirva de exemplo. A expectativa é uma grande mobilização, com companheiros de outros estados. Vai ser uma grande luta, como as muitas que travamos e vamos travar, pela reforma agrária, contra a tarifa de energia elétrica, pelo ICMS justo e contra esse governo do Estado, corresponsável pela violência no campo. Caso esse assassino não for condenado, vamos fazer uma condenação pública, com várias ações, que construiremos coletivamente”, afirmou Sílvio Netto.
Carlos Calazans, que era superintendente da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE-MG) á época da Chacina de Unaí, elogiou a CUT/MG pela escolha do tema do seu 1º de Maio. “Parabenizo a CUT por não ter cedido às chantagens de outras entidades, que descaracterizaram a data. Falar sobre a Chacina de Unaí me entristece muito. Foi o maior crime como o Estado brasileiro. É muito dolorido, principalmente agora que o crime caminha para 10 anos. Os órfãos estão perto dos 20, passaram toda a adolescência sem o pai. O mais absurdo é que um dos mandantes, Antério Mânica, recebeu a medalha de Honra ao Mérito da Assembleia Legislativa. Ao saber disso, eu devolvi a minha medalha. Outra agressão que sofremos foi a juíza que devolveu o processo para Unaí. O Superior Tribunal de Justiça enviou novamente o processo para Belo Horizonte. Fica esse apelo para que sigamos lutando”, disse Calazans.
Carlos Magno de Freitas, vice-presidente da CUT/MG, contextualizou a conjuntura política do Brasil na época do Massacre de Ipatinga. “Em 1963, um presidente, Jânio Quadros, havia renunciado. E o vice enfrentou pressões para que não assumisse. E vivemos uma breve experiência com o parlamentarismo. As condições de trabalho eram muito precárias. A organização sindical era combatida. Os dados oficiais nunca foram revelados. Até hoje há controvérsia sobre o número de mortos e feridos. E tudo que os trabalhadores conquistaram foi tomado depois do golpe militar, no ano seguinte. Na sequência, aconteceram vários ataques às liberdades democráticas, com os atos institucionais. A organização sindical foi duramente golpeada, com sindicalistas cassados, perseguidos e mortos. Por isso, diante das injustiças cometidas contra a classe trabalhadora, apesar de doloroso, é necessário revisitar a história para seguirmos na nossa luta por Justiça social”, analisou Carlos Magno.
Para Shakespeare Martins de Jesus, da Executiva da CUT Nacional, é fundamental manter o caráter de luta do 1º de Maio. “Em nome da CUT Nacional eu parabenizo a CUT/MG pela programação do Dia do Trabalhador. E convido a todos para a mobilização do dia 18 de abril, que dará prosseguimento à Marcha do dia 6 de março, em Brasília.”
A deputada federal Margarida Salomão (PT) e Fabrício de Matos, da OAB e presidente da Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas (Abrat) compareceram ao lançamento do 1º de Maio da CUT/MG e fizeram uma saudação aos presentes.