HGV:Insegurança na mídia

chamada site materias EM HGVFalta de segurança no Galba Velloso foi destaque no jornal Estado de Minas. Leia.

O jornal “Estado de Minas” trouxe, nas edições deste domingo (25/11) e desta terça (27/11) reportagens sobre a falta de segurança nos setores ortopédico e psiquiátrico do Hospital Galba Velloso, da Rede Fhemig. O Sind-Saúde e os trabalhadores estão cobrando resoluções e a Fhemig prometeu tomar medidas.

Leia as matérias publicadas no jornal ou clique nos títulos para ir direto ao site do Estado de Minas:

25/11:

Hospital psiquiátrico de BH é usado como ponto de tráfico de drogas

Funcionários do Galba Velloso farão paralisação para exigir segurança diante de ameaças e agressões praticadas por viciados. Denúncias revelam que pacientes saem para buscar droga


Se nada mudar, na terça-feira, familiares de pacientes do Hospital Galba Velloso, no Bairro Gameleira, na Região Oeste de Belo Horizonte, não poderão visitar seus internos, remédios controlados deixarão de ser ministrados e internações de caráter urgente serão negadas. A paralisação dos funcionários do hospital não é por aumento de salário nem por redução da jornada de trabalho. A equipe de profissionais da área de saúde exige mais segurança para trabalhar com pacientes dependentes químicos, a maioria viciados em crack. Denúncias anônimas recebidas pelo Estado de Minas, que incluem cópias de prontuários de pacientes, comprovam que o hospital da rede de saúde pública do estado tornou-se ponto de tráfico de drogas.

Em vez de se tratarem no hospital, os viciados em crack encaminhados de forma compulsória pela Justiça distribuem e consomem drogas livremente dentro do Galba. Por se tratar de uma instituição da rede de saúde pública, o hospital psiquiátrico não conta com sistema de segurança adequado para impedir fugas, agressões físicas e ameaças de morte. “A equipe de enfermagem vem se sentindo acuada com os inúmeros registros de uso de drogas e ameaças dos pacientes na ala”, alerta o relatório assinado por uma das profissionais do Galba, com data de 16 de novembro. “No setor, foi encontrada pela equipe uma pedra de crack de posse do paciente. Comunico com a coordenadora o fato, que orienta que a pedra de crack seja entregue à ouvidoria”, revela outro trecho.

Em 17 de outubro, a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas foi informada sobre a situação do Galba Velloso. Na época, levantamento apresentado pelos servidores mostrou que, de janeiro a setembro deste ano, foram registradas 29 agressões contra funcionários do hospital psiquiátrico. Os deputados sugeriram que fosse feita uma intervenção permanente pela Secretaria de Estado de Saúde e pela Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig). Na noite de sexta-feira, o presidente da Fhemig, Antônio Carlos de Barros Martins, informou, por meio da assessoria, que vai até o hospital para saber da veracidade dos fatos e tomar as medidas que forem necessárias.

Internação 

Conforme um dos prontuários, o paciente M. C. foi internado compulsoriamente no Galba depois de tentar agredir a própria mãe a pauladas. Com 23 anos, segundo o relato, ele “apresenta delírios de perseguição, dizendo que querem matá-lo e entrou em luta corporal com o técnico de enfermagem J.”. O fato teria ocorrido dentro da ambulância do Samu. Segundo o documento, “toda a equipe do Galba acudiu para que ele não fugisse”. Foram necessários cinco técnicos para imobilizar o paciente no leito. “Sangrando na boca, com várias escoriações no pescoço e no corpo, nosso colega J. perdeu o controle psicológico… No plantão anterior, J. já havia passado por um incidente de arma de fogo. Ele está muito desmotivado com o serviço e fala o tempo todo em desonerar do trabalho”, informa o trecho, com data do dia 18.

 


Segundo uma fonte, no dia anterior um paciente teria tomado o revólver de um dos vigilantes e ameaçado se suicidar, sendo contido a tempo pelo mesmo técnico de enfermagem J. A reportagem do EM tentou conversar com J., que está afastado por 20 dias, mas ele apenas confirmou a ocorrência do episódio, em poucas palavras, alegando que não se sente em condições de dar entrevista. “Este mesmo paciente continua internado aqui. Durante a noite, ele me contou que a mãe não pode nem sonhar que dentro do hospital ele encontra mais facilidade para usar droga do que na rua”, relatou.

Instituições lotadas

O Estado de Minas do dia 16 de abril deste ano mostrou que viciados em álcool e crack buscam cada vez mais hospitais psiquiátricos para se livrar das drogas. Em Belo Horizonte, eles lotam principalmente as unidades do Complexo de Saúde Mental da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). No Instituto Raul Soares, dos 108 leitos psiquiátricos voltados para internação de casos agudos, 88 estão ocupados por dependentes da droga (81%). No Hospital Galba Velloso, a situação é bem semelhante: 70 dos 115 leitos estão destinados a viciados, o equivalente a 61% do total.

RELATOS

“A equipe de enfermagem vem se sentindo acuada com os inúmeros registros de uso de drogas e ameaças dos pacientes na ala”

“Foi encontrada pela equipe uma pedra de crack de posse do paciente. Comunico com a coordenadora o fato, que orienta que a pedra de crack seja entregue à ouvidoria”


__________________________________


 

27/11

Hospital Galba Velloso terá mais segurança

 


A paralisação dos funcionários do Hospital Galba Velloso, no Bairro Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte, contra a falta de segurança, programada para ocorrer hoje, foi cancelada. A decisão foi tomada em função de garantias de proteção oferecidas aos servidores pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), entre elas contratação imediata de vigilantes, a colocação de vigilância eletrônica nos corredores de acesso de pacientes e até a possível instalação de posto avançado da Polícia Militar na porta do hospital. Essa iniciativa, que depende de negociação com a corporação, já é usada em outras unidades da Fhemig, como o Hospital Júlia Kubitschek.

Outras medidas também serão tomadas, como a colocação de escaninhos na portaria, impedindo que os visitantes dos pacientes dependentes de crack portem drogas; a separação de pacientes psiquiátricos dos dependentes de álcool e drogas e o uso de sinalização luminosa ou sonora que possa ser acionada em caso de emergência. Na manhã de ontem, foi convocada reunião de urgência para discutir o problema da violência interna, com a participação dos funcionários, representantes da Fhemig e do Sindicato Único em Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde).

Segundo Renato Barros, coordenador geral do Sind-Saúde, denúncias em relação ao grave problema já haviam sido feitas, mas a iniciativa de convocar o sindicato para conversar surgiu somente depois da publicação de denúncia no Estado de Minas, domingo. Na reportagem, servidores revelaram a existência de tráfico de drogas, como o crack, dentro do Galba, além de ameaças de morte a enfermeiros e técnicos, e atos de agressão entre pacientes e servidores. “A matéria espelhou uma realidade que vem ocorrendo nesta unidade de saúde. Os funcionários estavam engasgados com a situação, que beira o insuportável”, afirmou Barros.

Segundo Antônio Carlos de Barros Martins, presidente da Fhemig, que participou ontem da solenidade de comemoração de 35 anos da instituição, as medidas estão em estudo há 60 dias. “Não é de hoje que toda a sociedade está exposta ao problema do crack”, afirmou. Ele considerou produtiva a reunião com os funcionários e prometeu novo encontro em dezembro para avaliar o resultado das medidas. Nos próximos dias, os pacientes dependentes químicos começam a ter acesso ao tratamento de terapeutas e psicólogos.