Problemas permanecem no HAC

Sindicato leva promotora de Saúde e constata mesmo abandono de visitas anteriores

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Local que aguarda 3 leitos de CTI está sendo usado como amoxarifado por falta de camas, equipamentos e trabalhadores

Um hospital de alta complexidade, referência em oncologia, que atende a chamada “porta-aberta” de urgência e emergência, mas que não tem um tomógrafo que pode detectar tumores, tem um CTI reduzido com apenas 6 leitos, aparelho de revelação ultrapassado – essencial para analisar o câncer de mama, por exemplo –, máquina de radiologia com mais de 100 anos e com altas dosagem de radiação – que podem comprometer tanto a saúde do trabalhador e do usuário, com hemodiálise terceirizado e com obras no laboratório que se arrastam há mais de um ano. É assim que mais uma vez o Sind-Saúde/MG constatou o Hospital Alberto Cavalcanti da rede Fhemig.

A pedido do Sindicato, a promotora de Saúde do Ministério Público, Josely Ramos Pontes visitou nesta quarta-feira (9) o hospital acompanhada pela diretora do Sind-Saúde/MG, Neuza Freitas e do delegado sindical Gilberto Leão Fragoso. O diretor do Hospital, Gustavo Marques Braga e o servidor que se apresentou como integrante da direção, Matheus, também acompanharam a visita.

As obras do CTI que se arrastaram por meses enfim terminou, mas no lugar dos novos leitos estão pilhas de caixas. Segundo Matheus, o que impede a abertura dos novos leitos são equipamentos, como cama e aparelhos, e falta pessoal. Enquanto isto, pacientes na sala de observação aguardam quase 30 dias por uma vaga no CTI e cirurgias são adiadas até que haja vaga disponível em um dos seis leitos. A falta de leitos no CTI foi também uma das queixas dos diretores à promotora. Ainda assim, os três leitos que poderiam já estar funcionando também é uma solução imediata, admite a direção do HAC, que deveria ter uma estrutura maior de CTI pela grande demanda da unidade.

Sem referência em Urologia
Na grade de atendimento hospitalar, o Hospital Alberto Cavalcanti é referência em urologia. Um erro que acarreta inúmeros problemas, segundo os próprios representantes do hospital. A unidade tem especialidade em apenas três casos e nem sequer tem urologista de plantão. O equivoco leva inúmeras ambulâncias do SAMU levar casos que o hospital não consegue atender.

Na lista de especialidades da unidade está também a cardiologia, mas o diretor afirma não ter um médico cardiologista no hospital.

Na estrutura para o usuário também foram identificadas carências. A falta de cadeiras para os acompanhantes que precisam improvisar durante dias e noites para estar ao lado dos pacientes foi a regra em todas os quartos da enfermaria. O diretor do Hospital informou que 36 cadeiras foram adquiridas e devem chegar em breve, mas o número é insuficiente, já que a unidade tem 106 leitos. Outra constatação foi a carência de cobertores para todos os usuários. Na ala de medicação, a promotora conversou com pacientes que passaram a noite no hospital e tiveram que trazer cobertores de casa nos dias de bastante frio em Belo Horizonte.   

Risco ao Trabalhador
O setor de isolamento é outro risco do hospital. Os trabalhadores destinados ao atendimento de pacientes isolados mantem na mesma rotina de trabalho a assistência à pacientes da enfermaria. Neste trânsito de um local para o outro existe risco de contaminação, já que o paciente isolado pode apresentar bactérias multirresistentes e se alastrar para outras alas.

Alertado para o risco, o diretor do Hospital, afirmou que tem autorização da ANVISA para que o mesmo trabalhador faça atendimento simultâneo do isolado e da enfermaria. Gustavo Marques disse ainda que o setor de isolamento abriga diferentes tipos de pacientes, inclusive, o procedimento é isolar preventivamente o paciente que saiu do CTI antes de levá-lo a enfermaria.

Treinamento permanente
O diretor do HAC foi questionado sobre os cursos de educação permanente. Em visita do Sind-Saúde/MG no início do ano na unidade, muitos servidores – inclusive do setor de isolamento e de atendimento a pacientes em estado grave – disseram que não tiveram treinamento para iniciar os trabalhos e se tinham conhecimento da manipulação dos aparelhos. Já o diretor afirmou que o treinamento é modulado e tem metas de capacitação.

Demora na resposta
Muitos problemas identificados no hospital foram os mesmos percebidos em outras visitas do Sindicato que já solicitou inúmeras respostas. Uma delas referente ao trabalhador, o diretor do Hospital prometeu mais uma vez a solução. O local de lanche dos trabalhadores é dividido com o armazenamento de aparelhos hospitalares que deveriam estar em local apropriado já que a maioria são destinados a manutenção. Quanto a este problema, o diretor disse que será realizada uma obra para adaptar o atual local de acolhimento do segundo andar para um espaço de copa dos trabalhadores.

A falta de pessoal, o assédio moral e a sobrecarga de trabalho continuam sem solução.

A promotora Josely Pontes afirmou que irá questionar à Fhemig o absurdo atraso do tomógrafo e de todos os problemas detectados no Hospital. Josely disse ser descabida a demora na liberação do tomógrafo e relatou que muitas vezes a falta de empenho é a origem de situações como esta que tem a verba liberada pelo Ministério da Saúde.

 

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Diretores do Sindicato e promotora de Saúde rodaram todo o Hospital

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Trabalhadores tomam café ao lado de materiais hospitalares guardados.

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