Mesmo previsto no orçamento anterior, Vespasiano não reajusta salarial dos servidores da saúde

Em audiência pública na Câmara Municipal de Vespasiano nesta terça-feira (22/06), o Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) voltou a protestar contra o congelamento dos salários dos trabalhadores da saúde. A reunião dos vereadores era justamente para discutir a Lei de Diretrizes Orçamentárias deste ano. Sem cumprir com as previsões, a prefeitura espreme o salário dos trabalhadores da saúde com quatro anos sem repor sequer a inflação. 

A presença das lideranças da área da saúde fez com que os vereadores também questionassem a prefeitura sobre a falta de reajuste salarial dessa categoria que virou símbolo de resistência no enfrentamento à COVID-19. Em alguns lugares esse ato de força dos trabalhadores foi reconhecido através de valorização salarial. Esse não foi o caso de Vespasiano que além de não corrigir os salários não avançou com a promessa de criação do plano de carreira, cargos, salário específico para os servidores da saúde. Com a cobrança do Sindicato, os vereadores afirmaram que irão encaminhar à prefeitura uma solicitação para participar da discussão do plano e integrar a comissão composta para esse fim. 

A diretora do Sind-Saúde Lionete Pires fez duras críticas a política de desvalorização dos servidores da saúde no município e a falta de cumprimento das diretrizes já aprovadas. “A última LDO foi prevista a correção salarial dos trabalhadores, o pagamento do adicional de incentivo extra para os Agentes e o município não cumpriu. Nós estamos com uma perda salarial desde 2017 quase de 17%. Nós temos hoje profissionais de nível superior como psicólogos que recebem R$1.100,00, ou seja, estão recebendo menos que o salario mínimo do país. Qual a justificativa que a prefeitura tem de não conceder esse direito? Haja visto que temos recurso”, indagou Lionete    

Lionete também questionou a falta de condições para realmente implantar o que a própria prefeitura vem anunciando do plano de carreiras. “Mas não temos previsão de recurso do município. Não queremos construir um plano de carreira para ‘inglês ver’.” 

Em relação ao reajuste, Lionete cobrou que além da reposição da inflação, os servidores aguardam ganho real dos salários que já estão defasados há anos. “A pandemia está nos mostrando que guerreiro é o trabalhador da saúde. Trabalhador da saúde é gente, tem boleto para pagar, adoece e tem problemas como todos.”  

A precariedade do salário dos servidores da saúde de Vespasiano pode ser comprovada se comparada ao que é pago aos profissionais em cidades vizinhas. O Sindicato apresentou uma planilha aos parlamentares que mostra a diferença salarial. Em Sabará, por exemplo, o servidor da saúde chega a ganhar quase mil porcento a mais. Essa enorme discrepância tem feito muitos trabalhadores desistir do trabalho em Vespasiano, aumentando assim um outro problema, o da falta de pessoal na área da saúde.   

Já a Agente Comunitária de Saúde (ACS), Edlene Fernandes questionou o porquê do não recebimento do adicional de incentivo, outro ponto que foi aprovado na LDO passada.  Os vereadores afirmaram que irão buscar saber a falta de pagamento e darão retorno aos trabalhadores. Edlene perguntou porque esse recurso que define a gratificação para os servidores da saúde, garantido pela lei federal 173, não foi pago aos trabalhadores.

A estudante de políticas públicas Talita  também esteve presente e criticou o jogo político que, muitas vezes, coloca as necessidades da população como peça política.
“Quando a casa legislativa cria projetos que onera os cofres públicos e não estão previstos no PPA acaba criando uma ilusão no público, porque são projetos que não são executados na prática”, desabafa o incômodo.