Hospital da Fhemig sob novo alerta
Trabalhadores e usuários do SUS repudiam fechamento de bloco cirúrgico e CME do Hospital Cristiano Machado e Sind-Saúde/MG pede reunião de urgência com o governo
O Sind-Saúde/MG solicita hoje (07/03) reunião de emergência com o Secretário de Estado de Saúde Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva para tratar da suspensão dos serviços do bloco cirúrgico e da Central de Material e Esterilização (CME) do Hospital Cristiano Machado, em Sabará. Trabalhadores, trabalhadoras e usuários da unidade da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) foram surpreendidos com a decisão da direção do HCM, na quinta-feira (28/02), de fechar o bloco cirúrgico e CME por 30 dias. No dia 01 de março, última sexta-feira, o próprio diretor do HCM Marcos Aurélio Fonseca confirmou a ação com os diretores do Sind-Saúde.
Diretores do Sind-Saúde buscam esclarecimentos junto ao diretor do hospital na última sexta (01/03)
Alinhado aos trabalhadores da unidade, o Sind-Saúde contesta a decisão da gestão de interromper o atendimento aos usuários do SUS. O Sindicato defende que a opção por fechar um serviço público de saúde, que atende a população mais carente em momento de desemprego e recessão da economia, é uma atitude desastrosa. De acordo com trabalhadores do Hospital, os pacientes atendidos nas cirurgias eletivas são muito carentes.
O Sind-Saúde manifesta repúdio, contesta e não reconhece a decisão de fechar os serviços no HCM tomada pelo diretor da unidade e pelo diretor assistencial da Fhemig Marcelo Lopes Ribeiro de forma unilateral e impositiva. A forma arbitrária da decisão deixou perplexa a própria secretaria municipal de saúde de Sabará.
Conforme a secretária, Nicole Cuqui Alves, que esteve na assembleia de trabalhadores na manhã de hoje, a prefeitura sequer foi notificada pela Fhemig sobre o fechamento do bloco cirúrgico e da CME do Hospital Cristiano Machado.
A secretária municipal de saúde de Sabará participou da Assembleia dos Trabalhadores do HCM
Verba do Hospital
A secretária de saúde de Sabará entregou ao Sindicato documentos que comprovam que o repasse devido pelo município ao HCM está em dia. “Se o Estado é que deixou de fazer o repasse, não sabemos”, disse Nicole. Ela explica que o Hospital realiza entre 40 e 50 cirurgias por mês e que o município ainda não sabe o que fazer com os pacientes com cirurgia marcada para esses dias uma vez que não foi informado oficialmente da decisão da suspensão dos serviços.
Entre os valores repassados ao HCM, um dos recursos diz respeito aos leitos de retaguarda de longa permanência. Em 2013, a unidade qualificou 40 leitos para o hospital que é considerado uma referência na reabilitação e cuidados multidisciplinares. O repasse é feito pelo governo federal através da portaria 2.395/2011. Apenas seis hospitais em Minas Gerais recebem esse incentivo financeiro federal. De acordo com a resolução estadual 3.417/2012, as unidades estão nos municípios de Caeté, Esmeraldas, Mateus Leme, Nova Lima e duas em Sabará. Na cidade de Sabará está, além do HCM, a Santa Casa, entidade filantrópica do setor privado. Das seis unidades, o HCM é o único que disponibiliza leitos e tem, para isso, um repasse de mais de dois milhões de reais anuais (valores publicados na resolução de 2012, veja no quadro abaixo).
Orientação do Sindicato
Diante das evidências da condução indevida e atropelada na suspensão dos serviços no HCM, o Sindicato orienta os trabalhadores a não assinarem nenhum documento encaminhado pela gestão até que o representante do governo do Estado se manifeste de forma oficial sobre a situação.
O Sindicato também cobra a autoclave que foi adquirida para a unidade e, no entanto, segundo informação do diretor da unidade, foi instalada no Hospital Amélia Lins. Enquanto isso, os materiais do HCM continuaram sendo esterilizados em outros hospitais da Fhemig.
Os encaminhamentos da assembleia dos trabalhadores de hoje foram: o agendamento de audiência pública na Câmara de Vereadores de Sabará e na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Além de servidores e servidoras da saúde, estiveram presentes na Assembleia dos Trabalhadores do HCM, nesta quinta-feira, o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores Minas Gerais (CUT-MG) Jairo Nogueira, o representante do mandato da deputada estadual Beatriz Cerqueira José Carlos, o vereador de Sabará Guilherme e vários usuários do SUS. A assembleia também foi acompanhada por representantes do Conselho Municipal de Saúde de Sabará que optaram por não se posicionarem no momento e nem permaneceram até o termino. Uma equipe da TV Record também fez a cobertura da assembleia.
